terça-feira, 1 de julho de 2025

BEBO PARA ESTAR, NÃO PARA SER

Fabrício CarpinejarFabrício Carpinejar

Gosto de beber socialmente. Com amigos ou com a namorada. Mas jamais fico bêbado. Jamais atravesso a fronteira para a inconsciência. Tive raras crises de diva pelo álcool.

Qualquer um que abusa perde a noção do ridículo: canta samba como se fosse ópera, canta funk como se fosse MPB.

Não bebo para melhorar a minha vida, ou me melhorar, bebo para ficar à vontade. Eu relaxo e deixo os pensamentos rirem um pouco da seriedade dos dramas domésticos.

Não bebo para conquistar nenhuma mulher, coragem não se pega emprestada.

E sei parar no momento certo, sem soar careta, sem usar desculpa de que estou tomando antibiótico ou que vim de carro. Paro na hora em que o trago perderá a graça e se aproxima da letra E (Engov, Eno e Estrago).

Eu sei recusar um copo sem alimentar a culpa, não sofro do medo de desagradar.

Não bebo para os outros, para receber elogios de como sou forte e resistente, para ser um viking, um irlandês, um corsário. Não bebo para me exibir, como um teste de masculinidade, concorrendo entre os colegas para descobrir quem bebe mais. Gincana é coisa de criança.

Não bebo para esquecer um amor porque é uma ilusão: quem enche a cara para apagar um relacionamento destruirá todo o resto, menos a pessoa desejada.

Não bebo para fugir dos problemas, ou para não ser cobrado.

Beber é a arte de degustar o tempo vago.

Bebo pela companhia, para olhar nos olhos e ouvir confidências e histórias que só cabem em mesa de bar. A bebida é um pretexto, não o centro das atenções.

Tem gente que carrega facilmente o isopor com cerveja gelada durante quilômetros pela praia e não segura as dores do amigo em cinco minutos de conversa.

Sou do segundo time, capaz de parar de beber e consumir água só por solidariedade a um camarada que está se sentindo mal.

Quem extrapola os limites é egoísta, é uma criança birrenta.

Nada é mais chato do que um bêbado. Pois você saiu para dançar com alguém e este alguém bebe tanto que passa a dançar sozinho, a desaparecer em suas alucinações, a pisar nos seus calos.

E não adianta aconselhá-lo a parar de beber, será linchado pelos fantasmas da criatura, com sermões  tipo "vai me controlar?" ou "quer mandar em mim?".

O bêbado tem certeza que vem agradando e provocando barulho. É um megalomaníaco das pedras do gelo, um cleptomaníaco de garrafas.

Pois você saiu para bater papo com alguém e este alguém começa a falar sozinho, a desencavar palavrões desconexos, a chamar o garçom para sentar junto.

Pois você saiu para dividir a alegria com alguém e este alguém se vê poderoso o suficiente para provocar briga, ofender estranhos e mandar no lugar.

Beber acentua o que você já era sóbrio.

Fonte: Facebook
Para aprender é preciso ser humilde. (James Joyce)

LUGARES

COPENHAGUE - DINAMARCA

A Igreja de St. Alban, localmente muitas vezes referida simplesmente como a Igreja Inglesa, é uma igreja anglicana em Copenhague, Dinamarca. Foi construído de 1885 a 1887 para o benefício da crescente congregação inglesa na cidade. Wikipedia (inglês)

FRASES ILUSTRADAS

segunda-feira, 30 de junho de 2025

O MITO DO BANQUINHO

Ruy Castro

A bossa nova se eternizou pelo banquinho e violão, mas seus músicos detestavam sentar-se nele

Foi no começo da bossa nova, em 1959. Eu não estava lá, claro, mas me contaram. Carlinhos Lyra, quase estreante, ia se apresentar na TV Continental, aqui do Rio. Naquela época, os artistas convidados dos programas se sentavam num sofá ao lado do apresentador. O assento afundava, comprimia o diafragma, era desconfortável para os braços com o violão. Assim, pouco antes de entrar no ar, Carlinhos se virou para o contrarregra e perguntou se não tinha algo melhor. O contrarregra olhou em torno e só viu um banquinho, daqueles de pernas compridas. Carlinhos sentou-se nele, atacou de "Lobo Bobo" e uma lenda se firmou: a bossa nova era a música do banquinho e do violão. O contrarregra era o jovem Luiz Carlos Miele.

Miele e os outros logo viram que o banquinho era a falsa boa ideia. Muito alto, difícil de subir, instável, podia-se cair lá de cima. Mas aí era tarde. Ele já tinha sido institucionalizado —até hoje.

A prova de que o banquinho nunca agradou é que você encontrará poucos registros, se é que algum, de João Gilberto sentado num deles. Preferia uma cadeira, na qual podia sentar-se com os pés no chão e abanar as pernas ao ritmo do violão. E Tom Jobim nunca foi flagrado se equilibrando, mesmo porque seu instrumento era o piano, de banquinho muito mais racional. Veja a capa de seu disco de 1967 com Frank Sinatra, em que teve de tocar violão —sentado numa honesta cadeira ao lado do homem.

Um violonista para quem o banquinho podia ser risco de vida era Baden Powell. Certa vez, no Teatro Opinião, Baden, tocando sozinho e muitas doses à frente da humanidade, cochilou no banquinho ao executar seu "Samba em Prelúdio". A plateia percebeu e se manteve em respeitoso silêncio para não acordá-lo. Por longos segundos, podia-se ouvi-lo ressonar, de pernas magicamente cruzadas sobre as três pernas do banquinho. De repente, Baden acordou e, também magicamente, retomou a canção onde a deixara.

Quase toda a bossa nova foi feita no banquinho. Daí, talvez, sua delicadeza.

Fonte: Folha de S. Paulo - 01/05/2025

Quando falarem mal de você não fique chateado, pois você é muito pior do que eles pensam. (Charles H.Spurgeon)

LUGARES

ROMA - ITÁLIA

O Monumento Nacional a Vítor Emanuel II (em italiano: Monumento Nazionale a Vittorio Emanuele II ou Altare della Patria ou ainda Il Vittoriano) é um monumento em honra a Vítor Emanuel II da Itália, primeiro rei da Itália unificada e considerado o pai da pátria italiana. Situa-se em Roma entre a Piazza Venezia e o monte Capitolino tendo sido projetado por Giuseppe Sacconi em 1885. Foi inaugurado em 1911 e completado em 1935.[1]

FRASES ILUSTRADAS

domingo, 29 de junho de 2025

VINILTECA CÍVICA

Estávamos bem próximos da Biblioteca Cívica de Verona e então resolvemos dar uma olhadinha. No andar térreo havia uma mostra bem interessante. A "Vinilteca Cívica, os raros vinis de DJ Dean.

Em fevereiro de 2016, o fundo DJ Dean - que consistia principalmente de vinis impressos entre os anos 70 e 90, bem como CDs de música e DVDs e materiais impressos, como cartazes e cartões postais - se tornou parte da herança da Biblioteca. 

Dionisi nasceu em 28 de março de 1953 em Povegliano Veronese, na província de Verona. Desde cedo mostrou interesse pela música e foi um grande viajante: ele visitou a Espanha, Berlim e passou muito tempo na Inglaterra, em Londres, onde fez pesquisa musical, em comparação com outros fãs e aumentou sua coleção de discos. 

Os vinis são sua vida: desde que ele usou sua primeira poupança para comprar, secretamente de seus pais, os últimos lançamentos, até a idade adulta, com uma coleção que tem mais de três mil registros. 

O desejo de compartilhar seu grande amor pela música levou-o a se tornar um DJ, cada vez mais estabelecido e requisitado. 

Em meados dos anos noventa, ele abriu uma loja de música em Villafranca (Verona), Dean's Records. Na última parte de sua vida, Dean passou mais e mais tempo em sua cidade natal, onde morreu em 6 de maio de 2015. 

Adelino deixa um grande legado: seus registros. As irmãs e sobrinhos decidiram cumprir seu maior desejo: Música e Arte devem circular entre as pessoas. Suas palavras tornaram-se realidade na Biblioteca Cívica de Verona. (Massimiliano Gobbi)

Dos inúmeros vinis expostos, fiz apenas a foto de um deles, foto esta que fala por si mesma.
Nada na vida deve ser temido, somente compreendido. Agora é hora de compreender mais para temer menos. (Marie Curie)

LUGARES

CUENCA - ESPANHA

As Casas Colgadas é um complexo de casas localizado em Cuenca, Espanha. No passado, as casas deste tipo eram frequentes ao longo da fronteira oriental da antiga cidade, localizada perto da ravina do rio Huécar. Hoje, no entanto, restam apenas alguns deles. Wikipedia (inglês)

FRASES ILUSTRADAS

sábado, 28 de junho de 2025

ROMANCE FORENSE

O RECLAMANTE DUPLAMENTE PELADO

Trabalhador de um município gaúcho é vitorioso em ação trabalhista, mas o reclamado usa de recursos que protelam o desfecho por vários anos, até que na execução, são depositados cerca de R$ 20 mil. O advogado recebe o alvará, manda correspondência para o cliente informando, e marca data para entrega dos valores, já descontados os justos honorários.

- "Gostaria de receber em dinheiro e não em cheque, porque não tenho conta bancária" - pede o reclamante, por telefone, na véspera.

No dia marcado, 11 e meia da manhã, é feita a entrega do dinheiro ao cliente, com a recomendação de que fizesse bom uso.

Com o dinheiro em mãos, o personagem começa realizando um de seus sonhos: vai a um dos bem freqüentados restaurantes da cidade.

Às 3 da tarde, muito assustado, vestindo outra roupa (precária - dava para perceber) o cliente retorna ao escritório e nervosamente desabafa à secretária:

- Fui roubado. Levaram todo meu dinheiro.

O advogado é chamado, manda passar o cliente, a quem pede que se acalme e conte os detalhes.

- Depois que recebi o dinheiro, fui almoçar e, na hora de pagar a conta, tirei todo aquele bolo do bolso e paguei no caixa. Na saída veio uma moça bonita. Disse que achava que me conhecia. Falou que me achava simpático e que ela estava muito carente. E me convidou para ir em um hotel perto, pra gente conversar mais intimamente. 

- E aí? - interessa-se, preocupado, o advogado.

O cliente puxa fôlego:

- Chegamos no quarto, demos uns amassos, eu comecei a ficar suado. A moça pediu que eu tirasse a roupa e de imediato falou para que eu fosse no banheiro tomar uma ducha. Chegou a pedir que eu caprichasse no banho e voltasse bem cheiroso pra ela...

Nesse ponto, o relato é interrompido por choro. O advogado pede que a secretária traga um copo d'água e anima o cliente a prosseguir.

- E daí, o que aconteceu depois? 

- Depois de tomar a ducha, abri a porta do banheiro. Mas no quarto não tinha nem a moça, nem minhas roupas, nem meu dinheiro. Ela levou tudo, até meus sapatos, e me deixou só as meias. Chamei o pessoal do hotel, contei o caso, ficaram com pena de mim e conseguiram estas roupas usadas para que eu voltasse aqui.

O homem pede, então, ao advogado, apenas o dinheiro da passagem para voltar à sua pequena cidade, no entorno da cidade grande. O profissional condoído ainda acompanha o cliente a uma loja de departamentos, onde compra peças de roupa.

O cliente agradece, vai embora, e nunca mais volta. O advogado até hoje tem uma dúvida: o que o homem terá contado para sua esposa?

Fonte: www.espacovital.com.br
Qual a sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa? (Sigmund Freud)

LUGARES

INNSBRUCK - ÁUSTRIA

A Igreja Católica Romana do Espírito Santo está localizada na Maria-Theresien-Straße, no centro da cidade de Innsbruck.

FRASES ILUSTRADAS

sexta-feira, 27 de junho de 2025

FAUSTINO AN LYONS DUET

Faustino and Lyons Duet
(Chico in Love Happy)
O ser humano é cego aos próprios defeitos. Jamais um vilão proclamou-se vilão. Nem o idiota se diz idiota. (Nelson Rodrigues)

LUGARES

URBINO - ITÁLIA

A imagem mostra o Palazzo Ducale em Urbino, Itália. Este palácio renascentista é um dos monumentos mais importantes da Itália, sendo considerado Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1998.

FRASES ILUSTRADAS