sexta-feira, 18 de abril de 2025

JUAN D'ARIENZO

Juan d'Arienzo (Buenos Aires, 14 de dezembro de 1900 — 14 de janeiro de 1976) foi um diretor de orquestra e compositor de tangos argentino, dos mais populares de todos os tempos. Desde muito cedo participava de conjuntos musicais como violinista, e chegou a organizar uma jazzband nos anos 1920. Posteriormente, ingressou nas orquestras de teatro. Em 1934 começou a formar sua orquestra, dotada de uma forma muito peculiar de tocar tangos, que encontrou uma notável aceitação pública. D'Arienzo resgatou o primitivo 2x4 do tango, modernizando-o para o delírio dos amantes do ritmo, que consumiam avidamente os seus discos e lotavam os locais onde a orquestra se apresentava. Deixou muitas gravações, sendo por 40 anos (1935 a 1975) artista exclusivo da RCA Victor, encontrando muito êxito, inclusive fora de seu país. Foi enterrado no cemitério da Chacarita.
O tempo é o melhor autor. Sempre encontra um final perfeito. (Charles Chaplin)

LUGARES

DOLOMITAS - ITÁLIA

Gardena Pass é uma passagem de alta montanha nas Dolomitas do Tirol do Sul, no nordeste da Itália. A uma altitude de 2.136 m acima do nível do mar, a passagem conecta Selva no Val Gardena, no lado oeste, com Corvara no Val Badia. Wikipedia (inglês)

FRASES ILUSTRADAS

quinta-feira, 17 de abril de 2025

LIBERDADE DE NÃO CORRER ATRÁS

Lya Luft

“Liberdade não vem de correr atrás de ‘deveres’ impostos de fora, mas de construir a nossa existência”

Comecei a escrever um novo livro, sobre os mitos e mentiras que nossa cultura expõe em prateleiras enfeitadas, para que a gente enfie esse material na cabeça e, pior, na alma – como se fosse algodão-doce colorido. Com ele chegam os medos que tudo isso nos inspira: medo de não estar bem enquadrados, medo de não ser valorizados pela turma, medo de não ser suficientemente ricos, magros, musculosos, de não participar da melhor balada, do clube mais chique, de não ter feito a viagem certa nem possuir a tecnologia de ponta no celular. Medo de não ser livres.

Na verdade, estamos presos numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade, e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências absurdas, que constituem o que chamo a síndrome do “ter de”. Fala-se em liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela propaganda como gado para o matadouro, e as opções são tantas que não conseguimos escolher com calma. Medicados como somos (a pressão, a gordura, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e a euforia, a solidão e o medo tratados a remédio), cedo recorremos a expedientes, porque nossa libido, quimicamente cerceada, falha, e a alegria, de tanta tensão, nos escapa.

Preenchem-se fendas e falhas, manchas se removem, suspendem-se prazeres como sendo risco e extravagância, e nos ligamos no espelho: alguém por aí é mais eficiente, moderno, valorizado e belo que eu? Alguém mora num condomínio melhor que o meu? Em fileira ao longo das paredes temos de parecer todos iguais nessa dança de enganos. Sobretudo, sempre jovens. Nunca se pôde viver tanto tempo e com tão boa qualidade, mas no atual endeusamento da juventude, como se só jovens merecessem amor, vitórias e sucesso, carregamos mais um ônus pesadíssimo e cruel: temos de enganar o tempo, temos de aparentar 15 anos se temos 30, 40 anos se temos 60, e 50 se temos 80 anos de idade. A deusa juventude traz vantagens, mas eu não a quereria para sempre: talvez nela sejamos mais bonitos, quem sabe mais cheios de planos e possibilidades, mas sabemos discernir as coisas que divisamos, podemos optar com a mínima segurança, conseguimos olhar, analisar e curtir – ou nos falta o que vem depois: maturidade?

Parece que do começo ao fim passamos a vida sendo cobrados: O que você vai ser? O que vai estudar? Como? Fracassou em mais um vestibular? Já transou? Nunca transou? Treze anos e ainda não ficou? E ainda não bebeu? Nem experimentou uma maconhazinha sequer? E um Viagra para melhorar ainda mais? Ainda aguenta os chatos dos pais? Saiba que eles o controlam sob o pretexto de que o amam. Sai dessa! Já precisa trabalhar? Que chatice! E depois: Quarenta anos ganhando tão pouco e trabalhando tanto? E não tem aquele carro? Nunca esteve naquele resort?

Talvez a gente possa escapar dessas cobranças sendo mais natural, cumprindo deveres reais, curtindo a vida sem se atordoar. Nadar contra toda essa louca correnteza. Ter opiniões próprias, amadurecer, ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos, ignorar ofertas no fundo desinteressantes, como roupas ridículas e viagens sem graça, isso ajuda. Descobrir o que queremos e podemos é um bom aprendizado, mas leva algum tempo: não é preciso escalar o Himalaia social nem ser uma linda mulher nem um homem poderoso. É possível estar contente e ter projetos bem depois dos 40 anos, sem um iate, físico perfeito e grande fortuna. Sem cumprir tantas obrigações fúteis e inúteis, como nos ordenam os mitos e mentiras de uma sociedade insegura, desorientada, em crise. Liberdade não vem de correr atrás de “deveres” impostos de fora, mas de construir a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e desgaste, sobra tão pouco tempo. Não temos de correr angustiados atrás de modelos que nada têm a ver conosco, máscaras, ilusões e melancolia para aguentar a vida, sem liberdade para descobrir o que a gente gostaria mesmo de ter feito.
Duvido, portanto penso. (Fernando Pessoa)

LUGARES

ÉTRETAT - FRANÇA

Étretat é uma comuna francesa na região administrativa da Normandia, no departamento de Sena Marítimo. Estende-se por uma área de 4,06 km². Em 2010 a comuna tinha 1 248 habitantes. Wikipédia

FRASES ILUSTRADAS

quarta-feira, 16 de abril de 2025

EXPRESSÕES E SOTAQUES

Geralmente a criança aprende a falar com os pais. É um processo natural de assimilação de palavras e seus significados. Ao longo do tempo as palavras vão formando o vocabulário e com ele a capacidade de se comunicar.

Com o aprendizado natural, a pronúncia de certas letras ou palavras vai assumindo o formato peculiar de cada idioma, processo que também produz o chamado sotaque.

Indisfarçável como a impressão digital, o sotaque é uma espécie sombra que teima em tornar-se audível toda vez que o seu titular se expressa pela fala.

Se existe algo que é difícil esconder é o sotaque. Por exemplo, no idioma alemão a letra "v" soa como "f", enquanto que a letra "w" soa como "v", tudo isto sem contar com a incorrigível troca do "b" pelo "p", o “c” pelo “g” e assim por diante.

O tormento para os ítalo-brasileiros se dá na pronúncia de palavras que começam com a letra jota, a qual tende a soar como "z". Peça para um oriundi dizer José e ele terá que policiar-se para não pronunciar Zozé.

Também denuncia a origem italiana a troca do som do xis pelo esse. Escreve Caxias mas pronuncia cassias. Mas o maior desafio de todos é a supressão de um "erre" quando a palavra contém dois. Não é difícil cair na armadilha quando ao pronunciar correio o coitado, instintivamente será induzido a pronunciar coreio.

Junto com o sotaque que denuncia a origem da pessoa, temos também as expressões típicas de cada idioma. Um descendente de alemães não dirá que está gripado, mas sim, que ganhou uma gripe. Não dirá que seu time perdeu. Desavisadamente dirá que seu time ganhou uma derrota. Daí a piada de que alemão nunca perde.

No idioma italiano temos as famosas bestemas, as quais, sendo levadas ao pé da letra, são blasfêmias dirigidas contra Deus, Jesus Cristo, Nossa Senhora, etc. Na verdade, as bestemas representam apenas uma forma típica de expressão, ofensas contra ninguém. Coisa de italiano, dirão alguns.

Esta pequena digressão se faz necessária para compreender o que sucedeu numa Comarca do oeste catarinense. Uma pequena empresa que se dedicava ao fabrico de esquadrias de ferro, aceitou e executou a encomenda de uma determinada pessoa.

O objeto negociado era um corrimão que foi colocado na casa do comprador. Encomenda entregue, o cliente, alegando que o produto adquirido não estava de acordo com as especificações do pedido não pagou a conta que lhe foi apresentada.

Ao fornecedor não sobrou alternativa senão a de recorrer ao Poder Judiciário. Para tanto, contratou os serviços profissionais de um conhecido advogado da praça, através do qual ingressou com a ação de cobrança.

Na audiência o comprador/devedor insistiu na versão de que o produto adquirido continha graves falhas de acabamento. Pelo sim, pelo não, o juiz determinou a realização de prova pericial.

O perito entregou o laudo dentro do prazo estabelecido e na audiência de prosseguimento, um tanto perplexo com o conteúdo do laudo, o juiz suspendeu os trabalhos e chamou o perito para uma conversa reservada em seu gabinete.

Ninguém entendeu muito bem a atitude do magistrado. É que a resposta a um dos quesitos dizia com bastante ênfase, que o corrimão havia sido fabricado com esmero e "gabricho", pintado nas cores solicitadas pelo comprador, ou seja, em "assul" e "pranco", e mais, que o comprador não havia ganho qualquer prejuízo.

Ao olho do juiz não passou despercebido que dentre todos os que tinham atuado no processo, principalmente o perito, o advogado do devedor da empresa vendedora era o único com sangue germânico correndo nas veias. Notou igualmente a expressão "ganhar prejuízo" ao converter o sentido do alemão para o português.

Dias depois, as partes chegaram a um acordo. O vendedor, além de arcar com as custas do processo, concedeu um substancial desconto ao comprador.

Àquelas alturas, os custos de uma nova perícia, aliada à demora no desfecho da ação, e ainda os riscos de outros desdobramentos, fez com que a empresa vendedora, providencialmente, acabasse com a "priga".
Não me comove o pranto de quem é ruim. (Dona Ivone Lara)

LUGARES

MÂNTUA - ITÁLIA

A Catedral de Mântua é uma catedral católica romana dedicada a São Pedro. Mântua é uma comuna italiana da região da Lombardia, província de Mântua, com cerca de 48.400/100.000 habitantes. Estende-se por uma área de 63 km², tendo uma densidade populacional de 736 hab/km². Faz fronteira com Bagnolo San Vito, Curtatone, Porto Mantovano, Roncoferraro, San Giorgio di Mantova, Virgilio. Wikipédia

FRASES ILUSTRADAS

terça-feira, 15 de abril de 2025

MEU QUERIDO

Martha MedeirosMartha Medeiros

Para meu desespero, de vez em quando escapa a palavra inteira, e só me resta o autoflagelo, pois a pessoa não irá acreditar que eu a considero “querida” mesmo

Quando eu soube que o Lula, durante o célebre interrogatório do início de março, chamou o delegado de querido 30 vezes, recordei uma coluna que escrevi anos atrás sobre o tratamento que damos aos outros e suas sutilezas. O Lula, claro, devia estar querendo arrancar as tripas do querido.

Amigos íntimos tratam uns aos outros de “seu viado” e isso é uma declaração de amor. Tenho uma ex-colega do colégio que costuma entrar no meu WhatsApp perguntando “e aí, veia?” e eu não caio em prantos porque sei que ela só dedica esse afeto a quem considera muito especial. Ou seja: se quisermos respeito, melhor procurar quem nos odeia.

A maioria dos e-mails que recebo começa com “Oi, Martha”, às vezes “Oi, Martinha”, e suspiro aliviada: não há dúvida de que o desconhecido me quer bem. Mas quando a mensagem inicia com um reverente “Dona Martha”, fico lívida e com as pernas bambas. Serei detonada, e não vai ser pouco.

E se a mensagem começa com Ilustríssima, aí nem continuo a leitura. Sou muito carente.

Uma vez estava assistindo a uma palestra de uma senhora distinta e educada. Quando chegou a hora das perguntas da plateia, uma moça levantou na maior inocência e questionou a palestrante sobre um assunto incômodo. Fez-se um silêncio fúnebre durante três segundos, até que a resposta iniciou com uma voz gutural: “Minha filha, você...”

Nem quis escutar o resto. Aquele “minha filha” era uma navalha perfurando a jugular da desavisada que ousou interpelar a estrela do evento. Quem não sabe? Você só usa “minha filha” ou “meu filho” em dois casos: quando está se comunicando com alguém que tem o mesmo DNA que o seu ou quando se sente tão superior que não resiste em humilhar a criatura repugnante que se atreveu a cruzar seu caminho.

Vale o mesmo para “meu bem”.

Eu tenho um problema. Aliás, tenho vários, mas hoje vou revelar apenas este: eu costumava chamar as pessoas de querido e querida. Só que não estava nem um pouco irritada. Não estava querendo esganá-las. Não estava sendo cínica ou pedante – um pouco brega, no máximo. Era a droga de um carinho verdadeiro. Aí resolvi cortar a última sílaba e passei a chamar as pessoas de “queri” (pronuncia-se “quêri”). Um apelido para meus queridos e queridas, assim não restaria dúvida de que eu estava sendo fofa de verdade, e não de mentirinha.

Tem funcionado. Que saudade, queri! Adorei seu post, queri!

Porém, para meu desespero, de vez em quando escapa a palavra inteira, e só me resta o autoflagelo, pois a pessoa não irá acreditar que eu a considero querida mesmo. Com toda a razão.

O melhor é não deixar dúvida nenhuma sobre meu apego. Ultimamente, o que mais tenho dito é: adoro você, monstro.

Fonte: Zero Hora
Cada um tem de mim exatamente o que cativou. (Charles Chaplin)

LUGARES

MOSCOU - RÚSSIA
Campanário de Ivã III da Rússia, foi fundado em 1600 e completa o conjunto da Praça das Catedrais de Moscou. Seus dois andares inferiores são constituídos de sólidas paredes com espessura de 2,5 m a 5 m com altura de 60 m, e mais dois andares foram edificados, perfazendo altura total de 81 m. Wikipédia

FRASES ILUSTRADAS

segunda-feira, 14 de abril de 2025

SE FÔSSEMOS EXPERTOS

Ruy Castro

Comecei a suspeitar de algo errado com a educação no Brasil quando uma de minhas filhas, matriculada num colégio "experimental" do Rio em fins dos anos 70, chegou aos oito anos sem ser alfabetizada. Em troca, subia e descia de árvores com uma destreza de Jane do Tarzan. Seu colégio dava grande importância a essa disciplina e, não por acaso, o pátio parecia uma miniatura da Mata Atlântica.

Desde então, nosso sistema de ensino vem procurando novas fórmulas com as quais preparar os garotos. Uma delas propôs –e conseguiu– extinguir do currículo o latim, talvez por ele não figurar entre as línguas oficiais da Disney World. Outra postulou o desaparecimento da geografia, sob a alegação de que era inútil saber, digamos, os afluentes do rio Amazonas –para que decorar a resposta a uma pergunta que jamais lhes seria feita?

Mas isso foi então. Nos últimos 15 anos, voltamos aos conteúdos, só que para tentar inverter o polo da história –diminuindo a presença do opressor europeu e enfatizando a dos nossos indígenas e africanos. Com isso, menos Estácio de Sá e d. Pedro 1º, por exemplo, e mais Zumbi dos Palmares e o cacique Araribóia. Muito justo –mas o que faremos com o Aleijadinho, Chiquinha Gonzaga, Machado de Assis, Lima Barreto, Di Cavalcanti, Mario de Andrade, Elizeth Cardoso, Ademir da Guia, Taís Araújo e a torcida do Flamengo, todos com algum branco descascado na composição?

Enquanto no Brasil discutimos ideologia, Portugal há anos começou a privilegiar o ensino de português e matemática em suas escolas. Sem ler ou escrever direito, ninguém chegará à história e à filosofia. E sem uma forte base matemática, ninguém dará para a saída no mundo cibernético. Os portugueses começam a colher os frutos dessa política.

Se fôssemos espertos, já os estaríamos copiando.

Fonte: Folha de S. Paulo - 15/05/2017
É melhor ser podado para crescer do que ser cortado para queimar. (John Trapp)

LUGARES

RIQUEWIHR - FRANÇA

Riquewihr é uma comuna francesa de 17,04 km² e com 1212 habitantes situada no departamento do Alto Reno, na região de Grande Leste. Pertence à rede das As mais belas aldeias de França. Wikipédia

FRASES ILUSTRADAS