terça-feira, 30 de novembro de 2021

ZÉ GOTINHA CONTRA ÔMICRON

ZÉ GOTINHA CONTRA ÔMICRON
Pedro Hallal

Depois de vencer o cabo de guerra contra a variante delta, nosso herói Zé Gotinha se prepara para um novo desafio

Nos primeiros meses de 2021, depois de devastar a cidade de Manaus, a variante gama (antes conhecida como P.1.) avançou pelo território brasileiro e manteve a média móvel de óbitos ao redor de 2.000 mortes por dia, durante várias semanas. O Brasil perdeu centenas de milhares de vidas num espaço curto de tempo.

Naquela época, nosso herói Zé Gotinha praticamente não conseguia nos defender. Boicotado pelo próprio Ministério que o tornou um herói nacional, Zé Gotinha nada pôde fazer para evitar que o país fosse derrotado pela variante gama. A vacinação começou no final de janeiro no país, mas nos primeiros meses, ocorreu em contas gotas, devido à negligência do Governo Federal em adquirir as vacinas durante o ano de 2020.

Lembro como se fosse hoje: o Brasil recém se recuperava da devastação causada pela variante gama e o mundo passou a noticiar a descoberta da variante delta. O número de casos explodiu em alguns lugares, inclusive em países onde a vacinação tinha começado antes do Brasil. Naquela época, alguns pesquisadores brasileiros previram o pior: o Brasil será devastado pela variante delta. Alguns chegaram a imaginar que o Brasil poderia alcançar a marca de 5.000 mortes por dia.

Lembro que fui voz dissonante.

Manifestei minha percepção de que seria travado um cabo de guerra, uma verdadeira batalha, entre a vacina e a variante. De um lado nosso herói Zé Gotinha, que naquela época já vinha honrando sua história, distribuindo vacinas para uma grande parcela da população brasileira. Do outro lado a variante delta, a vilã. Uma variante mais transmissível do que o vírus original.

Passados alguns meses, dá para dizer que nosso herói conseguiu vencer o cabo de guerra contra a variante delta. A média móvel de óbitos seguiu diminuindo e hoje mantém-se abaixo de 300 mortes por dia. Nosso herói Zé Gotinha voltou a ser celebrado por quase toda a população brasileira, num país em que 95% das pessoas querem se vacinar contra Covid-19.

O movimento anti-vacina flopou vergonhosamente no Brasil. Entre notícias falsas, propinas, chifres e vídeos banidos, os vilões foram sendo derrubados, um a um, pelo nosso herói Zé Gotinha.

Agora o nosso herói se prepara para uma nova batalha. Depois de derrubar a variante delta e os negacionistas, nosso herói precisará enfrentar um novo vilão: a variante ômicron.

A ciência ainda dispõe de poucas informações sobre o nosso vilão. Um gráfico amplamente compartilhado mostrou que a nova variante tem um potencial de contaminação enorme, fazendo com que a curva de contágio pareça o lançamento de um foguete. Por outro lado, dados preliminares sugerem que a variante ômicron possa ser menos agressiva do que as versões anteriores do vírus. Ainda não se tem dados precisos sobre o comportamento do ômicron em relação às vacinas contra Covid-19.

Assim como nos ensinou o treinador do Palmeiras, Abel Ferreira, conhecer o adversário é essencial para quem planeja ter sucesso numa batalha. Nós, pesquisadores vamos fazer a nossa parte, tentando produzir informações sobre a nova variante rapidamente. E as entregaremos na mão do Zé Gotinha, nosso herói nacional, para usá-las em sua batalha contra o nosso vilão.

Sigo otimista, embora com um pouco de receio.

Fonte: Folha de S. Paulo
Uma vasta memória não faz um filósofo, assim como um dicionário não pode ser chamado uma gramática. (John Henry Newman, clérigo inglês, 1801-1890)

ROMANCE FORENSE

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Charge de Gerson Kauer

Pensão alimentícia pra cachorro

A mulher ingressa com ação de separação e requer liminarmente pensão para si, até que consiga emprego. Pede também que seja ordenado ao varão que retire da residência dois cães de caça que lá deixara, ou que a juíza autorize a venda ou a doação dos animais.

Segundo a petição, "os bichos estão, junto com a mulher, passando necessidades".

O homem - embora separado e já morando com outra companheira - mantivera os cachorros na casa, para ter uma desculpa de frequentar o lar da ex. Quando esta cansa das “visitas”, surgem as discussões e ele deixa de, espontaneamente, prestar alimentos. Também não fornece mais a ração dos cachorros.

Ele contesta, alegando “não ter para onde levar os cães, ainda mais considerando que um deles está doente". Deixa a decisão sobre o destino dos cachorros "ao prudente arbítrio de Vossa Excelência, tanto mais que os animais têm a proteção da legislação ambiental".

Em audiência, a magistrada expressa que "cachorro é como filho, tem-se que cuidar pelo resto da vida". Mas não há acordo.

Ocorre, então, decisão indeferindo o pedido de pensão alimentícia à ex-mulher e de retirada dos cães. Acolhida a ponderação do varão de que não tem para onde levar os animais - e, diante da situação de penúria da ex-mulher, que alega "não poder alimentar nem a si mesma" - a juíza determina ao varão, a prestação de alimentos ´in natura´ aos animais: "30 quilos mensais de ração canina de boa qualidade".

"Infelizmente a mulher não recebeu o mesmo cuidado, porque há uma tendência das juízas em decidirem contra as mulheres" - é um dos argumentos do agravo de instrumento.

Antes do julgamento do recurso, os advogados obtêm a conciliação das partes. O homem doa os animais a um amigo caçador e aceita pagar dois salários mínimos mensais de pensão à ex-cônjuge.

Perde-se, assim, a possibilidade de saber se - confirmando a decisão - o TJ criaria o primeiro precedente jurisprudencial de pensão canina.

Fonte: www.espacovital.com.br

FRASES ILUSTRADAS

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

ÔMICRON X OMÉGA

ÔMICRON X OMÉGA
José Horta Manzano

Uma das características dos vírus é ter mutações frequentes, até em ritmo diário. O corona, causador da atual epidemia, não escapa a essa realidade. Cientistas do mundo inteiro transmitem à OMS as informações sobre as novas cepas de covid-19. Elas são então catalogadas e recebem um nome. A denominação é geralmente um código complicado, difícil de memorizar, composto de letras e números, não apropriado para difusão entre o grande público.

Toda cepa de periculosidade maior, que representa ameaça importante para o homem, tem direito a receber um nome especial. No caso do vírus que causa a covid-19, ficou decidido dar, a essas cepas perigosas, nome seguindo o alfabeto grego. Isso evitou dar-lhes o nome do país onde haviam surgido, o que podia ser estigmatizante.

A variante B.1.1.7, que foi primeiro identificada na Grã-Bretanha e que estava sendo chamada de “variante britânica” tornou-se Alfa. A cepa B.1.351, que apareceu na África do Sul, virou Beta. A variante P.1, chamada no princípio de “variante de Manaus” ou “variante brasileira”, tornou-se Gama. E assim por diante.

A série de cepas preocupantes, que começou em Alpha, já correu boa parte do alfabeto (Épsilon, Zeta, Eta, Theta, iota, Kappa, Lambda, Mu, Nu, Xi) e acaba de chegar ao Ômicron, que é a 15ª letra.

É curioso notar que o alfabeto grego tem as letras Ômicron e Oméga (que é, aliás, a última da lista). Ambas são de origem antiquíssima: provêm do alfabeto dos fenícios e, procurando mais longe, desconfia-se que derivem de certos hieróglifos egípcios.

Ômicron, “o pequeno” ou “micro o”, é composto de o + micron. Oméga, “o grande” ou “mega o”, é composto de o + mega. Essas partículas gregas são usadas frequentemente em nossa língua com o mesmo sentido de “grande” ou “pequeno”: megaevento, megaestrutura, microempresário, microfibra.

Esperemos que Ômicron faça jus a sua partícula e não nos cause senão “microperigos”. Em matéria de “megaproblemas”, já temos um híper, incrustado lá no Planalto. Já basta.

Fonte: brasildelonge.com
No idioma está a árvore genealógica de uma nação. (Samuel Johnson, poeta inglês, 1709-1784)

LUGARES

(Parque Nacional del Gran Sasso)
O Gran Sasso (italiano para pedra grande) é um maciço localizado na região de Abruzzo, na Itália central. Também é a peça central do parque nacional chamado Parco Nazionale del Gran Sasso e Monti della Laga (estabelecido em 1991). As cidades mais próximas são Téramo e L'Aquila. O pico mais alto de Gran Sasso é Corno Grande, com 2 912 metros de altitude.

Na base dos picos está a extensa planície Campo Imperatore, conectada com as vilas de esqui de Prati di Tivo e Fonte Cerreto via teleféricos e estradas que ficam fechadas no inverno. Um hotel em Campo Imperatore é um famoso local onde o ditador italiano Benito Mussolini foi aprisionado no verão de 1943 até seu resgate por Otto Skorzeny e comandos alemães que aterrissaram de asa delta em 12 de setembro. A planície também é o local da estação do Campo Imperatore do Observatório de Roma, de onde a Busca de Objetos Próximos à Terra de Campo Imperatore e outros estudos astronômicos são conduzidos. (Wikipédia)


SACANAGEM

Martha MedeirosMartha Medeiros

Esta é a semana dos namorados, mas não vou falar sobre ursinhos de pelúcia nem sobre bombons. É o momento ideal pra falar de sacanagem.

Se dei a impressão de que o assunto será ménages à trois, sexo selvagem e práticas perversas, sinto muito desiludi-lo. Pretendo, sim, é falar das sacanagens que fizeram com a gente.

Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é racionado nem chega com hora marcada.

Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais rápido.

Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um", duas pessoas pensando igual, agindo igual, que isso era que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.

Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Ninguém nos disse que chinelos velhos também têm seu valor, já que não nos machucam, e que existem mais cabeças tortas do que pés.

Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que poderíamos tentar outras alternativas menos convencionais.

Sexo não é sacanagem. Sexo é uma coisa natural, simples - só é ruim quando feito sem vontade. Sacanagem é outra coisa. É nos condicionarem a um amor cheio de regras e princípios, sem ter o direito à leveza e ao prazer que nos proporcionam as coisas escolhidas por nós mesmos.

Fonte: Facebook

FRASES ILUSTRADAS

domingo, 28 de novembro de 2021

A GRANDE DERROTA DE BOLSONARO

A GRANDE DERROTA DE BOLSONARO
José Horta Manzano

Desde que a pandemia tomou conta do mundo, Bolsonaro não perdeu ocasião de desdenhar. Chamou-a de gripezinha. Assegurou que, com dois ou três comprimidos de cloroquina, a questão se resolvia. Zombou do povo que o elegeu ao nos tratar de maricas. Mandou que todos se juntassem e se esfregassem, que era pra pegarem a doença, eliminando, ao final, os mais frágeis – todo o mundo tem de morrer mesmo, não é? Antivax desde o primeiro momento, segurou quanto pôde a compra das vacinas. Tentou frear a produção do Butantan porque, politicamente, não lhe convinha.

Mas há uma justiça. O preço da vitória – 600 mil mortos – foi elevado, mas o Brasil acabou vencendo. Bolsonaro perdeu. Ele queria chegar à imunidade coletiva (ou “de rebanho”, expressão que ele prefere) sem aplicação de vacina. Na sua cabecinha tosca, a doença eliminaria os fracos e deixaria os robustos, num arremedo de eugenismo tropical.

Sua estratégia não deu certo. Na sua biografia, estarão para sempre gravados os mortos e o epíteto de genocida. E a vacina foi aplicada. Graças ao trabalho de governadores menos obtusos que o capitão e graças ao empenho de todo o pessoal da área de saúde, o Brasil já vacinou integralmente mais da metade de seus habitantes. Apesar da inépcia de um Pazuello, aquele que, em matéria de saúde pública, entrou sem saber e saiu sabendo menos ainda.

Segundo a contabilidade global de vacinação contra a covid-19, atualizada em 25 de novembro, o Brasil aparece em honrosa posição, com 60,4% da população completamente vacinada. Está até melhor que os EUA, que só vacinaram 59,1% dos habitantes. Estamos muito à frente de grandes países produtores de vacina como Rússia (38,1%) e Índia (30,6%).

À nossa frente, só aparecem uns poucos microestados e alguns países europeus. Portugal, com espantosos 86,6%, é o país europeu que mais vacinou. Bem à frente de potências como a Alemanha (68.2%), França (69,5%) e Reino Unido (68,8%).

Estes dias, foi anunciada a descoberta de uma nova variante, batizada de Ômicron, que surgiu na África do Sul. É cepa perigosíssima, altamente contagiosa, bem mais assustadora do que todas as que tinham aparecido até agora. Bolsas caíram, aeroportos se fecharam, a covid voltou a frequentar as manchetes.

Mas por que razão essas novas cepas surgem sempre em países populosos e pouco desenvolvidos? Tivemos a variante indiana Beta, a brasileira Gama, as sul-africanas Delta e, agora, Ômicron. A razão é simples: o vírus gosta de gente. Quanto mais gente houver, maior a possibilidade de ajuntamentos, de promiscuidade, de extenso contágio. O atraso na vacinação e o descaso na observação das medidas de contenção – álcool em gel, máscara, distanciação social – são fatores agravantes.

Dado que a taxa de vacinação completa ainda está baixa em alguns países populosos, a ameaça não desapareceu. Alguém já disse, com razão, que o planeta só estará protegido quando todos os cidadãos estiverem protegidos. Não adianta um país atingir 100% de plano vacinal, se os demais ainda estiverem gerando cepas resistentes às vacinas disponíveis. Com essas variantes agressivas, o mundo não está livre de voltar ao ponto de partida e ter de esperar por novas vacinas. E a começar a contar de novo os mortos.

Índia (30,6%), África do Sul (23,8%), Rússia (38,1%), Nigéria (1,7% !), Indonésia (34,0%), Paquistão (22,5%), Bangladesh (21,7%) são países populosíssimos, com plano vacinal em atraso. Constituem terreno fértil para a epidemia. Vamos torcer para que nenhuma cepa resistente se desenvolva lá enquanto o vírus ainda circula redondo.

Enquanto seu lobo não vem, alegremo-nos, irmãos! O Brasil venceu Bolsonaro. Apesar do atraso e da má-fé do capitão, a competência nacional em matéria de vacinação forçou a porteira e mostrou que o povo brasileiro é maior que a ignorância do presidente e que o oportunismo irresponsável do grupelho que o cerca.

Fonte: brasildelonge.com
A Medicina faz enfermos; a Matemática, tristes; e a Teologia, pecadores. (Martinho Lutero)

CHRIS BOTTI

 AVE MARIA AND CARUSO

FRASES ILUSTRADAS

sábado, 27 de novembro de 2021

O EMPAZUELLAMENTO DO BRASIL

O EMPAZUELLAMENTO DO BRASIL
Ruy Castro

Há um processo de profunda pazuellização das instituições para garantir a impunidade de Bolsonaro

Eduardo Pazuello, lembra-se? Ex-general do Exército na ativa e ex-ministro porcino da Saúde. Aquele que foi sem nunca ter sido. Já passou à história do Brasil. O futuro falará dele como símbolo da redução do Estado a um rebanho de invertebrados a mando de Jair Bolsonaro. Sua imortal frase "Um manda, outro obedece", dita para 200 milhões de brasileiros, não ficará apenas como expressão de uma pusilanimidade bovina, mas porque pode ter contribuído para a devastação de vidas pela Covid, já que avalizava a quebra de um contrato de compra de vacinas, ordenada por quem o tangia.

Mas é injusto concentrar o empazuellamento em Pazuello. Afinal, ele nunca foi o único pazuello do pedaço, e talvez nem o primeiro. Está em curso um processo de pazuellização em todas as instituições nacionais, com ênfase nas que garantem a imunidade de Bolsonaro e cáfila.

O futuro ministro do Supremo Tribunal Federal André Mendonça, por exemplo, cuja sabatina no Senado está agora por dias, será mais um pazuello no STF. Irá somar-se a Kássio Nunes Marques, que Bolsonaro classificou como "10% dele [Bolsonaro] no Supremo", e a outros que às vezes se juntam a Kássio em pazuellagens pontuais. Uma delas, a que trava o julgamento das rachadinhas de Flávio Bolsonaro e permite ao STJ empazuellar-se de braçada, dando a Flávio sucessivas vitórias. O empazuellamento final será a extinção desse caso.

E a CPI da Covid temia que, depois de meses levantando os crimes contra a vida praticados pelo governo durante a epidemia, tivesse seu relatório posto para dormir pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. Pois não há mais o que temer. O relatório já ronca no berço esplêndido da empazuellada PGR.

Mas o grande empazuellamento, não por acaso, é o do Exército. Não importa quão cheios de vento, seus generais foram reduzidos a pazuellos por Bolsonaro, e isso também entrará para a história.

Fonte: Folha de S.Paulo
Nunca diga às pessoas como fazer as coisas. Diga-lhes o que deve ser feito e elas surpreenderão você com sua engenhosidade. (George Patton, general americano, 1885-1945)

AMAR UM ANIMAL

AMAR UM ANIMAL

O famoso psiquiatra Sigmund Freud disse que as razões que nos levam a amar um animal com tanta intensidade são compreensíveis quando vemos que o amor delas é incondicional.

A relação que temos com nossos animais é libertada dos conflitos insuportáveis ​​da cultura. Freud estava certo quando disse que “os cães não têm a personalidade dividida, nem a crueldade do homem civilizado nem vingança deste último contra as restrições que a sociedade impõe.”

Ele corretamente disse que um cachorro contém a beleza de uma existência completa. E que um sentimento de afinidade íntima, de solidariedade indiscutível, existe muito claramente.

As emoções simples e diretas de um cachorro, quando ele abana o rabo para expressar sua alegria ou latidos para mostrar seu descontentamento, são muito mais agradáveis. Os cães nos lembram dos heróis da história e talvez seja por isso que eles frequentemente recebem seus nomes. (Sigmund Freud)

O cachorro vive em média 12 anos … Por que é tão injusto?

O fato de um cão ou gato viver apenas 12 anos em média é incompreensível e injusto. Por quê? Porque perder a oportunidade de continuar a compartilhar a vida com uma pessoa de quatro patas é extremamente doloroso.

Quando amamos um animal, todo o tempo que passamos com ele não é suficiente. Porque quando estamos com ele, quando olhamos para ele com ternura e amor, percebemos que o tempo passa rápido demais.

Percebemos essa sensação de tempus fugit quando, a cada carícia, sentimos o coração do nosso animal agitar-se no nosso. No entanto, o contraste aparece quando, após cada olá e depois de cada momento compartilhado, entendemos que esse amor é infinito.
Suas superpotências, armas de bondade maciça

Pensamos, com ternura, que nossos queridos animais têm superpoderes. Isso nos faz amá-los muito. Quando fazemos uma lista mental de tudo o que nos surpreende em casa, não podemos deixar de sorrir.

Quando amamos um animal, muitas coisas nos surpreendem e nos amolecem. Sua capacidade de prever o futuro ou “sentir” quando vamos para casa . Sua empatia e capacidade de estar em sintonia com o nosso estado emocional. Sua habilidade em nos confortar e nos motivar …

É difícil deixar nossos animais sozinhos em casa. Seus olhos suplicantes nos enchem de dificuldade. Mas a alegria deles em nos ver nos inunda de felicidade.

Os animais são, sem dúvida, os melhores terapeutas possíveis para muitas pessoas. Sua nobreza e bondade não têm limites. Se não temos um animal para amar, parte da nossa alma está adormecida. Mas esta reservou um espaço para amar os animais. Para desfrutar de seu amor incondicional e suas lições.

A declaração “ninguém jamais amará você mais do que a si mesmo” perde seu significado. Porque os animais são verdadeiros mestres na arte do amor. Cada segundo gasto com eles é um presente. Amar um animal é uma das mais belas experiências. Aqueles que viveram sabem disso.

Crédito da imagem da capa: Souzza

Do site Nos Pensées

Fonte: pensarcontemporaneo.com

FRASES ILUSTRADAS

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

FAKE NEWS HISTÓRICAS NA GRANDE IMPRENSA

FAKE NEWS HISTÓRICAS NA GRANDE IMPRENSA
Leandro Narloch

Termos 'criado-mudo', 'nas coxas' e 'doméstica' não surgiram da escravidão brasileira

Por ocasião do Dia da Consciência Negra, grandes jornais, portais de notícias e até agências de checagem publicaram reportagens com mitos e erros rasteiros sobre a origem histórica de palavras e expressões do português.

A BBC Brasil produziu o texto "Dez expressões do português de origem racista", que foi publicado no domingo por G1, UOL e site da Folha.

A matéria reproduziu sem verificação informações de uma cartilha criada pela Defensoria Pública da Bahia, segundo a qual a expressão "nas coxas" teria origem racista porque remete a telhas "feitas de argila, moldadas nas coxas de pessoas escravizadas".

A imagem é cinematográfica, mas já foi desmentida diversas vezes. Em 2006, o arquiteto José La Pastina Filho, que foi superintendente do Iphan do Paraná, analisou milhares de telhas coloniais.

Concluiu que elas são em média bem maiores que coxas humanas. Escravos precisariam ter 3,85 metros de altura para conseguir moldar as peças no próprio corpo.

Outro motivo para desconfiar da história é que a secagem de telhas de argila leva diversos dias. A produção de apenas 20 telhas exigiria que dez escravos passassem até 15 dias com as pernas imóveis, esperando o par de telhas secar, para então levá-las ao forno.

Seria muito mais eficiente usar moldes de madeira –como, obviamente, olarias artesanais fazem há séculos.

A Agência Lupa (uma agência de checagem de informações!) embarcou nas mesmas fake news. Repetiu a tolice sobre a expressão "nas coxas" e atribuiu à história do Brasil a origem do termo "doméstica", que se referiria a mulheres negras domesticadas na casa de brancas.

Errado: o termo vem do latim "domesticus", que já designava trabalhadores da casa (do "domus"). Existe com o mesmo sentido em italiano e francês ("domestiques").

Tanto a BBC Brasil quanto a Agência Lupa afirmaram que a origem da palavra "criado-mudo" está na escravidão. Remeteria ao escravo que seguraria objetos em "ambientes mais íntimos dos senhores e ali não podia abrir a boca", segundo uma reportagem da CNN Brasil do ano passado.

Sério, como alguém consegue acreditar nisso? A palavra vem de uma tradução do inglês "dumbwaiter", o pequeno elevador de mansões usado para transportar pratos e refeições, que chegou ao Brasil no século 19 por influência da decoração importada da Inglaterra.

Além disso, a primeira ocorrência do termo "criado" com o sentido de "funcionário doméstico" data do século 13, segundo o Dicionário Etimológico de Antônio Geraldo da Cunha.

Talvez a afirmação contrária seja mais razoável (ou menos ensandecida): racismo não é usar o termo "criado-mudo", mas enxergar conotações raciais na palavra "criado", que surgiu três séculos antes do início da escravidão africana pelo Atlântico.

Diversos leitores alertaram todas as publicações sobre esses equívocos. Até esta terça (23), somente a agência Lupa havia respondido às críticas.

Admitiu que "doméstica" não tem origem na escravidão e apontou argumentos similares aos acima sobre os termos "nas coxas" e "criado-mudo", sem admitir integralmente o erro.

Se bastam cinco minutos de pesquisa para perceber que essas lendas não fazem o menor sentido, por que pessoas com diploma as aceitam sem o menor questionamento? Talvez por uma vontade irrefreável de acreditar no que favorece uma posição política –e de continuar acreditando depois da história ser desmentida.

É o mesmo padrão de comportamento de quem transmite fake news pelo WhatsApp.

Fonte: Folha de S. Paulo
Os homens são tão simples que quem quer enganar sempre encontra alguém que se deixa enganar. (Nicolau Maquiavel, pensador italiano, 1469-1527)

LUGARES

VALPARAISO - CHILE
La Sebastiana

O 18 de setembro de 1961 foi a emblemática data escolhida pelo poeta Pablo Neruda para inaugurar sua residência em Valparaíso. Na ponta do morro Bellavista, uma casa de quatro andares construída pelo arquiteto Sebastián Collado, transformou-se no escape do poeta de Santiago.

Para honrar ao ex-proprietário e seu gênio construtor, o lugar foi batizado como “La Sebastiana” e hoje em dia é um dos ícones do porto que vai lhe mostrar grande parte da identidade artística de Neruda. O poeta Premio Nobel de Literatura, transformou cada uma de suas moradas em experiências para os sentidos, decorando-as com centos de objetos colecionados em suas viagens.

Nos primeiros andares há um cavalo de madeira trazido desde Paris, um retrato de Lord Cochrane, coleções de pratos com balões aerostáticos, muitos mapas, antigas marinas, vitrais, um pássaro embalsamado trazido da Venezuela, uma esplêndida sopeira italiana com forma de vaca, uma pintura que também é uma caixa de música e relógio; e paredes pintadas de cor rosada, azul, amarela, verde e solferina.

No quarto andar há uma cama de bronze, que igual que na casa do poeta em Isla Negra, está frente ao mar. Desde aqui você poderá ter uma das melhores panorâmicas de Valparaíso e entender o porquê do amor de Neruda por esta casa. No exterior está o Centro Cultural La Sebastiana, onde se realizam múltiplas atividades como exposições, conferências, ciclos, discipulados e recitais de poesia. (http://chile.travel/pt-br/aonde-ir/la-sebastiana-4/)

MR. MILES


O luxo da sagacidade e a pobreza da empáfia

Mr. Miles: gosto de ler suas crônicas semanais. Acho, porém, que o senhor não viaja no mesmo nível que eu. Parece-me que o senhor gosta mesmo é de luxo. Estou certo?
Cosimo Nandi, por email

Well, mio caro Cosimo: dessa distância, I believe, fica muito difícil que eu avalie qual é o seu nível de viagem para estabelecer uma comparação confiável. Don’t you agree?

However, se você vem acompanhando minhas mais que dispensáveis narrativas, há de ter percebido que sou o que se pode chamar de um viajante eclético. Unfortunately, a fortuna que herdei de uma longínqua contraparente esvaiu-se há muitas décadas.

Como você sabe, o que me permite continuar perambulando mundo afora são os amigos que conquistei durante esse tempo, muitos dos quais são meus compadres e afilhados que, felizmente, me convidam a visitá-los com frequência. Além, é claro, dos inúmeros planos de milhagem dos quais me tornei sócio remido enquanto desfrutava do inesquecível (porém finito) legado.

Nowadays, sinto-me igualmente à vontade em uma pequena hospedaria no interior do Perú, dividindo o quarto com galinhas e cuyes (N.da R.: espécie de porquinhos-da-India, muito apreciados na gastronomia peruana), ou num hotel de sólida reputação e mobiliário refinado em Viena ou Chicago.

Que péssimo hóspede eu seria, by the way, se assim não me comportasse quando confrontado com a generosidade de quem me recebe com um abraço e um sorriso franco.

A meu ver, Cosimo, o nível de uma viagem é resultado direto da qualidade do viajante — muito mais, anyway, do que de seu poder de compra. Aqui mesmo, nesta ilha de Queen Elisabeth II, vivem inúmeros cidadãos de posse que levam sua empáfia para perambular por terras estrangeiras, hospedam-na em suítes imperiais, servem a ela os melhores vinhos e as mais nobres iguarias mas, my God, são incapazes de lançar um único olhar para as cidades em que se encastelam ou para o povo que carrega suas malas.

São de nível muito superior, in my opinion, os que, com qualquer quantidade no bolso, levam a argúcia para viajar. Porque, ao contrário da empáfia, ela lhes revela soberbos detalhes em qualquer situação. Quem conduz a sagacidade em suas jornadas, está sempre pronto a farejar um encanto, vislumbrar uma descoberta adquirir um ensinamento.

Esse é o verdadeiro luxo que me atrai, fellow. O que não significa, of course, que eu seja refratário à hotéis espantosamente requintados, com suítes extraordinariamente amplas, camas vergonhosamente confortáveis, restaurantes gloriosamente apetitosos e outros pequenos prazeres que só muito dinheiro (or great friends) podem proporcionar.

Fonte: Facebook

FRASES ILUSTRADAS

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

O RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS É URGENTE

O RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS É URGENTE
Pedro Hallal

Sempre dissemos que os governantes e a população deveriam ouvir a ciência; agora é hora de as universidades ouvirem a ciência e retomarem as aulas presenciais

Durante a pandemia de Covid-19, as universidades passaram meses sem aulas presenciais, num esforço para auxiliar no combate ao coronavírus. O ensino foi adaptado para um modelo remoto.

Mas as universidades fizeram muito mais do que isso...

Quando faltava álcool gel no país, as universidades se mobilizaram e produziram álcool gel para auxiliar o Sistema Único de Saúde e as populações mais carentes.

Muitos hospitais universitários serviram de referência para o tratamento de pacientes com Covid-19.

As universidades brasileiras produziram quantidades enormes de máscaras e as distribuíram para o Sistema Único de Saúde e para as populações mais carentes.

As universidades brasileiras conduziram pesquisas científicas sobre vacinas, sobre medicamentos, sobre disseminação do vírus, sobre todos os assuntos relevantes para a melhor compreensão do coronavírus.

Durante essa pandemia, muitos de nós, servidores das universidades públicas brasileiras, travamos uma batalha gigantesca contra aqueles que insistem em atacar a ciência e as universidades.

Durante essa pandemia, colocamos nossas vidas em risco para defender que a ciência e a educação são patrimônios do povo brasileiro e, portanto, devem ser valorizadas e financiadas adequadamente.

Durante essa pandemia, dialogamos diariamente com a população por meio da mídia e das redes sociais, rompendo com os muros que separavam a população brasileira das universidades.

Agora é hora de retomar as atividades, colocar o calendário em dia, e olhar para frente. As universidades se aproximaram da população como nunca nessa pandemia. A população brasileira está pronta para defender as universidades na próxima vez que forem anunciados cortes de recursos. A população brasileira está pronta para lutar ao lado dos professores e professoras por salários mais justos. A população está pronta para defender as universidades porque vai sempre lembrar que, quando mais precisou delas, as universidades estiveram ao lado da população para enfrentar o coronavírus.

Exatamente por esses motivos, é equivocada a postura de algumas universidades de não terem retomado as atividades presenciais ainda, e beira o ridículo a postura de algumas delas de planejarem manter o ensino remoto no primeiro semestre de 2022. Não há qualquer razão científica para as universidades manterem o ensino remoto no ano que vem. Houve oferta de vacina para todos os servidores e estudantes das universidades. Houve tempo para as universidades se prepararem para essa retomada. Ao manterem as aulas remotas, os professores e professoras das universidades dão um péssimo exemplo para a população brasileira.

Sempre dissemos que os governantes e a população deveriam ouvir a ciência. Agora é hora de as universidades ouvirem a ciência e retomarem as aulas presenciais.

Fonte: Folha de S. Paulo
A imaginação não é mais que o aproveitamento do que se tem guardado na memória. (Pierre Bonnard, pintor francês, 1867-1947)

LUGARES

ÈTRETAT - NORMANDIA
Étretat é uma comuna francesa na região administrativa da Alta-Normandia, no departamento Seine-Maritime. Estende-se por uma área de 4,06 km². Em 2010 a comuna tinha 1 499 habitantes. (Wikipédia)

NÃO TROPECE NA LÍNGUA


PÓS, PRÉ, PRÓ
--- Gostaria de saber quais as regras para formação de palavras com expressões “pré”, “ante” ou “pós”. Quando se acrescenta hífen ou ocorre aglutinação (como preexistente, em oposição a pós-graduação)? E. B., São Paulo/SP
Vamos acrescentar o prefixo pro/pró, que se encaixa na mesma orientação.

I - Quando tônicos, pós, pré e pró grafam-se separados da palavra seguinte:
  • O sistema de refeição-convênio surgiu na Europa durante o período de fome e reconstrução do pós-guerra.
  • Ficam proibidas novas admissões em período pré-eleitoral.
  • Pré-datar cheques é prática comum em todo o Brasil.
  • O Estado subsidia um programa pró-criança de aleitamento materno e creches.
  • pós-graduação nessa área perdeu o status e o charme que tinha.
  II - Quando átonos (sons ê e ô fechados), pos, pre pro associam-se ao radical:
  • Vive a pospor suas decisões, principalmente as de cunho pessoal.
  • Predizer catástrofes é uma de suas especialidades.
  • No Brasil, a época de procriação das aves silvestres vai de setembro a fevereiro.
Entretanto, a regra não é de todo confiável, pois foram oficialmente registradas palavras sem hífen apesar de o prefixo ser pronunciado como tônico, com som aberto. Fiquemos atentos a cinco vocábulos relativamente comuns: preconceber, preexistir, preestabelecer, predefinir, predeterminar:
  • Toda sua tese foi elaborada com base em ideias preconcebidas.
  • As condições preexistentes não permitiram à diretoria recém-empossada tomar novos rumos.
  • O ajuste foi aceito em vista do acordo preestabelecido.
  • Serão predefinidas as condições em que faremos as negociações.
  • Todos os passos estão sendo minuciosamente predeterminados. 
Em suma, é mais seguro recorrer a um dicionário quando surgirem dúvidas.
Fonte: www.linguabrasil.com.br

FRASES ILUSTRADAS

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

ESPERTEZA CONTRA O ESPERTO

ESPERTEZA CONTRA O ESPERTO
Carlos Brickmann

Bolsonaro prometeu dar aumento a todo o funcionalismo federal: com a tal emenda que dá um chega pra lá nos precatórios, sobra no Orçamento algum dinheiro. Um quarto, talvez um terço, paga a ajuda do Auxílio Brasil; e a maior parte será dividida entre verbas para os parlamentares amigos da casa e o funcionalismo. Jogar para algum dia no futuro dívidas que a Justiça já mandou pagar talvez seja ilegal, mas isso não preocupa o presidente: ele já informou ao funcionalismo que quer dar o aumento. Se não conseguir, tem em quem jogar a culpa: ou nos parlamentares de oposição ou no Supremo. E passará aos servidores a ideia de que os inimigos do presidente são também inimigos da categoria.

Parece brilhante: ou Bolsonaro consegue dar o aumento e ganha adeptos no funcionalismo ou não consegue e faz com que ministros do Supremo e parlamentares percam prestígio. Uma política de longo alcance: se algum adversário do presidente ganhar a eleição, terá muito mais dificuldades para governar, precisando pagar as dívidas passadas.

É um bom jogo para melhorar as chances de Bolsonaro. Ele não pode ficar sem cargo eletivo que lhe garanta foro privilegiado e outras vantagens. Sem cargo, logo verá que os antigos aliados lhe darão o mesmo tratamento que deu a seus seguidores que caíram em desgraça.

Mas, como ensinava Tancredo Neves, quando a esperteza é muita ela engole o esperto. E se Bolsonaro, que criou as dificuldades para seu sucessor, ganhar a eleição?

Fonte: chumbogordo.com.br
Quem é que quer flores depois de morto? (J. D. Salinger)

LUGARES


SESTRI LEVANTE - ITÁLIA

BRASIL, TERRA DE FARAÓS

BRASIL, TERRA DE FARAÓS
Jaime Pinsky*

As sociedades humanas, criadas ao longo da História, foram organizadas com funções de melhorar a qualidade de vida de seus membros. Mesmo os grupos de caçadores-coletores, existentes há vinte mil anos, ou mais, já estabeleciam normas de convivência, com o objetivo de incorporar o maior número de membros do grupo. Isto quer dizer que, longe de coloca-los à margem, a sociedade preocupava-se em dar-lhes tarefas, papeis que pudessem desempenhar, mesmo que ainda muito jovens, ou já bem idosos. Depois, com o surgimento das cidades e da civilização (como a conceituamos atualmente) passou a caber aos líderes, fossem eles designados, eleitos, ou simplesmente usurpadores do poder, a tarefa de organizar, alocar as pessoas dentro de grupos de atuação: aqueles que construíam casas, outros que lidavam com irrigação, os que organizavam o culto, aqueles que cuidavam da defesa e assim por diante. Estudar o Egito, as civilizações mesopotâmicas, ou os hebreus, deixa claro que, sem uma cuidadosa organização, nenhum povo conseguiu construir grandes coisas.

Outro fator essencial nas culturas da Antiguidade era o processo de transmissão cultural de uma geração para outra. Enquanto os pequenos agricultores, de um período anterior, tinham que cumprir todas as tarefas em sua propriedade (como preparar o terreno, revolver a terra, plantar, colher, defender a propriedade de invasores humanos e animais predadores, fazer serviços de manutenção, assim como conhecer as estações, tentar adivinhar a previsão do tempo, e até saber construir moveis e utensílios domésticos), o desenvolvimento das cidades iria propiciar uma divisão de tarefas fazendo com que as pessoas pudessem se especializar em áreas específicas. A agricultura familiar pré-urbana não permitia um estudo formal. O filho do agricultor aprendia, com o pai, as tarefas que este já realizava. Já nas sociedades civilizadas, urbanas, sistemas mais complexos de transmissão de conhecimento tornaram-se viáveis. A divisão de tarefas ocasiona a existência de professores, e com eles, a transmissão do saber.

A complexidade social passa a exigir funções de supervisão, que empoderam uma parte dos membros do grupo. Havia o que produzia e o que vendia os produtos, o que construía residências e o que as mandava construir, o que rezava e o que, supostamente, tinha uma ligação mais estreita com a divindade. Embora todas as tarefas fossem necessárias, todos fizessem alguma coisa, uma camada da sociedade passou a se beneficiar do trabalho alheio, ficando com parcelas maiores da remuneração obtida pelo trabalho de todos.

Isso explica como, mesmo em sociedades ricas como a do Egito faraônico, havia uma camada social de miseráveis, que trabalhava muito, vivia pouco e não usufruía de parcela compatível de tudo o que era produzido. Daí a falácia da frase atribuída a Heródoto, segundo a qual o Egito seria uma dádiva do Nilo. Bastaria perguntar aos camponeses, ou aos servos, que trabalharam até a morte, por exaustão, na lavoura, na busca da água e na construção de obras públicas, quão dadivoso o Nilo tinha sido para eles...

Como e por que o faraó e sua família, assim como a elite dos funcionários públicos civis, militares e eclesiásticos do Egito (respectivamente escribas com altas funções, militares graduados e sacerdotes importantes) conseguiam viver em padrão muito alto, enquanto a maioria da população apenas sobrevivia, tendo que entregar a maior parte de sua produção a título de impostos e tributos? A resposta é simples: porque tinham poder para isso. Porque tinham leis, que eram interpretadas sempre a seu favor. Porque tinham, do seu lado, militares e policiais, que os obedeciam. Em resumo, porque podiam.

Sim, estamos falando de mais de 4 mil anos e seria um enorme anacronismo comparar a sociedade egípcia antiga e sociedades modernas, como a nossa. Contudo, quando se olha para o sistema de justiça , o sistema prisional, a facilidade com que legisladores, julgadores, administradores públicos reproduzem o sistema de poder, defendem seus privilégios, encontram saídas legais para não serem punidos adequadamente, enquanto o oposto ocorre com a “plebe rude”; quando se percebe que o sistema educacional, aquele que foi montado para transmitir saber de uma geração a outra, está se tornando cada vez mais piramidal, com poucos tendo chance de chegar ao topo (não é qualquer família que pode pagar 8 mil reais por mês por um mês de colégio de elite em São Paulo) percebemos que a realidade é outra, mas o processo de poder derivado da divisão de tarefas é o mesmo.

A pergunta paira no ar: é este o país que queremos?

*Historiador, professor titular da Unicamp, autor e coautor de 30 livros, entre os quais Novos combates pela História (Editora Contexto)
jaimepinsky@gmail.com

Fonte: http://www.jaimepinsky.com.br

FRASES ILUSTRADAS

terça-feira, 23 de novembro de 2021

LULA NO PALCO, BOLSONARO EM FUGA


LULA NO PALCO, BOLSONARO EM FUGA
Celso Rocha de Barros

Em viagens ao exterior, ambos pareciam tentar voltar às origens

Em sua viagem pela Europa, Lula parecia preparar sua volta em grande estilo ao cenário internacional. Em sua viagem a Dubai, Bolsonaro parecia preparar sua saída. Ambos pareciam tentar voltar às origens.

Em texto da semana passada na Folha, Mathias Alencastro mostrou o tamanho do triunfo diplomático de Lula na Europa. A imprensa europeia recebeu Lula com uma mistura de simpatia e surpresa pelo Brasil ainda não ter acabado.

Na Europa, Lula reforçou vínculos históricos do PT e da CUT com a esquerda democrática europeia. Segundo a coluna de Alencastro, sua viagem foi paga pela Fundação Friedrich Erbert, ligada ao Partido Social-Democrata alemão. O PT sempre teve dificuldade de se assumir como partido trabalhista ou social-democrata, mas a centro-esquerda do velho mundo reconheceu a semelhança de família já no berço.

Na biografia de Lula recém-lançada, Fernando Morais conta que o banqueiro Herbert Levy, dono do jornal Gazeta Mercantil, acreditava, nos anos 70, que Lula era um "agente do sindicalismo alemão". Não era, mas o apoio alemão aos grevistas do ABC em 1978-1980 era real: o primeiro-ministro alemão da época, o social-democrata Helmut Schmidt, fez questão de se encontrar com Lula quando veio ao Brasil em 1979.

Morais também conta que o Cenimar, órgão de repressão ligado à Marinha, suspeitava que Lula havia recebido uma quantia milionária do IG Metal, o poderosíssimo sindicato dos metalúrgicos da Alemanha. Não era uma fortuna, mas os alemães, de fato, contribuíram para o fundo de greve do ABC.

O livro também conta que os futuros ministros Gilberto Carvalho e Miguel Rossetto voltaram da Europa, onde estudavam a proposta de implantação de comissões de fábrica, com doações da central sindical francesa CFDT escondidas na roupa para serem entregues ao fundo de greve dos metalúrgicos do ABC. Além dos casos citados por Morais, lembro que os metalúrgicos suecos também mandaram um emissário à Igreja Matriz de São Bernardo para contribuir com o fundo de greve.

Nessa mesma época, militares da linhagem política estavam fazendo atentados terroristas para sabotar a abertura democrática. Por não ter coragem física, Bolsonaro só conseguiu planejar a explosão das privadas do próprio quartel. Parte dos torturadores da ditadura já começava a se deslocar para o mundo do crime: para o jogo do bicho e para os esquadrões da morte, antepassados das milícias cariocas.

Em sua viagem a Dubai, Bolsonaro declarou que, entre os assuntos tratados, estava a "troca de presos políticos". É difícil encontrar, na história, um ser humano menos preocupado com presos políticos que Jair Bolsonaro. Nem com seus ex-aliados presos Bolsonaro se importa. Permitam-me, portanto, suspeitar que os "presos políticos" cuja sorte foi discutida em Dubai eram os membros da comitiva brasileira, a começar pelo presidente da República. A turma está com medo de ir em cana.

Em Dubai, Bolsonaro foi atrás de uma ditadura obscurantista e corrupta o suficiente para reconhecê-lo como um igual, como os líderes democráticos europeus reconheceram Lula. Sem as condenações jurídicas, Lula volta ao centro do palco. Com medo de condenações futuras, Bolsonaro foge.

Fonte: Folha de S. Paulo
Uma obra universal não é aquela que se traduz em muitas línguas, mas aquela por meio da qual o mundo aprende algo mais sobre a língua em que está escrita e a sociedade que descreve. (Ludvik Vacuilk, escritor checoslovaco).

LUGARES

VIPITENO - ITÁLIA

Sterzing é uma comuna italiana da região do Trentino-Alto Ádige, província de Bolzano, com cerca de 5.799 habitantes. Estende-se por uma área de 33 km², tendo uma densidade populacional de 176 hab/km². Faz fronteira com Brennero, Campo di Trens, Racines, Val di Vizze. Wikipédia

ROMANCE FORENSE

porco em gaiola.jpg
Charge de Gerson Kauer

Porco em gaiola pode ser considerado ave? 

Por Leo Iolovitch, advogado (OAB-RS nº 6.667) - Leo@Ebia.com.br

A crise na suinocultura em 2012 fez com que lideranças do setor viajassem a Porto Alegre, para fazer pedidos aos deputados. Em dois ônibus vieram produtores, e, para obter espaço na mídia, eles também trouxeram alguns leitões, para chamar a atenção. O truque funcionou e houve ampla cobertura da imprensa.

Em meio aos flashes, um leitão assustou-se e disparou em direção à Catedral Metropolitana.

Arnildo, o rapaz que o trazia, saiu correndo para recuperá-lo. O bichinho desceu a rua Espírito Santo e ganhou velocidade. Só nas proximidades do Centro Administrativo o suíno voltou às mãos de seu dono. Este, já ofegante, resolveu passar uma corda no pescoço do bicho, para que não fugisse mais.

Entrementes, na Praça da Matriz a manifestação terminara e os ônibus voltaram para o interior. Ninguém percebeu a ausência do Arnildo, pois os que estavam num ônibus supunham que ele estivesse no outro. Assim, sem conhecer a cidade, Arnildo e seu leitão, estavam ao final da tarde andando pela Cidade Baixa.

Arnildo estava deslumbrado com a quantidade de bares. As pessoas saiam das mesas e iam olhá-los.

Até que Arnildo encontrou um grupo estranho, com piercings e tatuagens, que o saudou. Esses tipos alternativos acharam genial a ideia de alguém usar um porco como animal de estimação.

E, assim, de uma hora para outra, o ingênuo Arnildo, saído do interior de Teutônia, se transformou na celebridade de um grupo punk.

O diálogo foi um pouco prejudicado, pois ele não entendia nem metade do que falavam. Mas sentiu-se bem, ao ser acolhido pelos exóticos, que achavam normal o que os outros estranhavam.

Uma magrinha pálida, de cabelo roxo, simpatizou com Arnildo. Convidou-o para conhecer a região. O insólito casal, com o mais insólito animal de estimação, fez sucesso pelas ruas e bares da Cidade Baixa. Comeram xis e beberam cerveja. Ao final da noite, como Arnildo e o porquinho não tinham onde ficar, a magrinha decidiu levá-los para sua casa.

O porteiro do edifício proibiu a entrada. Ela insistiu e ameaçou fazer escândalo. Apareceu o síndico - que era delegado de polícia - e disse que a convenção de condomínio só admitia no prédio cães, gatos e passarinhos, que ele, pedantemente, chamava de "aves canoras".

Barrados - ela, ele e o porquinho foram embora. Uma hora mais tarde voltaram e entraram pela garagem. Tinham acomodado o leitão numa dessas caixas plásticas usadas para transporte de animais em carros. Deixaram a tal de gaiola na área de serviço do apartamento e foram deitar. Assim, ao fim de um dia inesquecível, o jovem suinocultor e a garota punk uniram seus sonhos.

Na manhã seguinte, quando Arnildo se preparava para tomar o caminho de volta a Teutônia, deu de cara, de novo, no térreo, com o síndico. Nova discussão - que logo acabou com a perspicaz observação de um advogado, também morador do prédio e juiz conciliador do JEC Cível:

- A convenção do condomínio não diz que, em condições especiais, porco não possa ser considerado ave!...

Fonte: www.espacovital.com.br

FRASES ILUSTRADAS

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

PELA COVID, REPENSAR VIAGENS INTERNACIONAIS DE FIM DE ANO PODE SER NECESSÁRIO

PELA COVID, REPENSAR VIAGENS INTERNACIONAIS DE FIM DE ANO PODE SER NECESSÁRIO
Julio Abramczyk

Situação da Covid no mundo não está controlada e ficar doente no exterior tem complicações pessoais e financeiras

As festas de fim de ano estão chegando e com elas as promoções de viagens para o exterior.

Para as pessoas que estão se preparando para viagens internacionais sem urgência, apenas para passeios, seria conveniente adiar os planos.

Como a pandemia pela Covid e seus perigos não estão definitivamente afastados, é importante considerar as complicações, pessoais e financeiras, de ficar doente em um país estrangeiro, mesmo com seguro-saúde de viagem.

Por outro lado, usufruir do turismo interno todos os dias do ano faria o brasileiro conhecer melhor a sua terra e seus encantos, falando e ouvindo a língua portuguesa e ainda pagando em reais. E tendo o SUS (Serviço Único de Saúde) gratuito na retaguarda.

Segundo o CDC (Centros para o Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), os doentes podem sobreviver a uma infecção pulmonar pelo novo coronavírus e em seguida apresentar novos sintomas em outras áreas ou órgãos do corpo.

A médica Deblina Datta, do CDC, chefiou equipe de 40 médicos durante nove meses. Neste período, observou que a Covid-19 provoca mais doenças e sequelas do que outras afecções.

Entre outras, cita pacientes que nunca apresentaram sintomas respiratórios, mas tiveram fadiga extrema, dificuldade de concentração e alterações cardíacas com duração de semanas ou meses. Outros doentes apresentaram distúrbios neurológicos e renais, relacionados a coágulos sanguíneos.

A pandemia está próxima de acabar.

Algumas batalhas na luta contra a Covid-19 foram vencidas. A mais importante, contra os negacionistas e disseminadores de fake news, está controlada, pelo menos no Brasil.

Fonte: Folha de S. Paulo
As idéias são como as pulgas, saltam de uns para outros, mas não mordem a todos. (George Bernard Shaw, escritor irlandês, 1856-1950).

O QUE O HOMEM SOFRE E A MULHER NÃO PERCEBE

Fabrício CarpinejarFabrício Carpinejar

Usar as roupas do dia anterior para ir ao trabalho e parecer limpo é uma arte da namoração.
Você saiu de noite para beber, conheceu alguém e virou a noite acompanhado.

Como o homem não é prevenido e não conta com um modo natural de carregar os pertences mínimos, dormiu na casa da outra pessoa e não levou nada. Não poderia ostentar uma sacola ou uma malinha com kit dos primeiros-socorros da manhã, tal a mulher com a sua bolsa, porque o sexo deixaria a sua pose casual para incorporar a clara natureza premeditada.

O espanto de início é se deslocar por um quarto, uma sala e um apartamento que não conhece, rezando não encontrar cachorro ciumento e chave-mestra. Age como um penetra adivinhando no escuro a ordem e o posicionamento dos móveis e objetos.

Não tem nenhum material de higiene. Toma um banho e já sorteia um xampu entre as dezenas de frascos do box. Espera não colocar nenhum para coloração de cabelos e que não seja cheiroso demais, a ponto de exalar um pomar afeminado na nuca. É capaz de despejar na cabeça um pote recomendado pelos melhores ginecologistas.

Rouba em seguida um desodorante do sexo oposto- e daí pode acontecer o mais constrangedor: ser de rolo. O rolo não andará na penugem do seu sovaco. Lembrará o estrago de uma colheitadeira.

Também não há escova de dente e emprega os dedos freneticamente como cerdas.

Seja o que Deus quiser. Completará, com sorte, a improvisação bochechando com anti-séptico. Nem sempre as melhores casas oferecem.

O problema agora é estar lavado e pôr uma camisa suada, amassada, que serviu talvez de almofada da celebração. O Tempo em carne e osso sentou em cima das suas peças e sonha remotamente com uma segunda opção. É igual a se esfregar com toalha molhada. A pele rejeita, mas precisa. Não existe etiqueta, experimentará técnicas de acampamento e de macho nas cavernas. O pior é vestir as meias com chulé de passista. Esquecerá o asseio e o bom gosto.

Sem condições de reutilização imediata, guardará a cueca no bolso do terno como um lenço impensável.

Sairá do novo esconderijo do amor para o trabalho. É somente voltará a civilização do seu armário e do armarinho de noite, bem tarde, depois de sofrer o mal-estar de não levantar o braço perto dos colegas, de não permanecer muito tempo em sala fechada, de evitar abraços e aproximações. Será nitidamente anti-social, como se estivesse gripado. Ainda terá que aguentar a desconfiança da equipe que notou a limitação de seu vestuário e a mesma roupa de ontem.

Fonte: Facebook

FRASES ILUSTRADAS


domingo, 21 de novembro de 2021

A MENTIRA DISPARADA NO AR

A MENTIRA DISPARADA NO AR
Ruy Castro

A primeira fake news a decidir uma eleição no Brasil aconteceu 73 anos antes de ter esse nome

Em fins de 1945, derrubada a ditadura de Getúlio Vargas e a dias da primeira eleição presidencial desde 1930, havia um favorito disparado: o brigadeiro Eduardo Gomes. Era o símbolo da honestidade e da oposição a Getúlio, mas de total inaptidão para o poder. Seu adversário, o general Eurico Gaspar Dutra, ex-ministro germanófilo da ditadura, convertido à causa dos Aliados na guerra, era dúbio e oportunista. Mas, então, 73 anos antes de a prática receber um nome, o Brasil conheceu o primeiro caso de fake news. E sua vítima foi o brigadeiro.

Num discurso no Theatro Municipal do Rio, indagado sobre se queria conquistar os partidários de Getúlio, ele respondeu que "dispensava o voto da malta de desocupados que apoiava o ditador". Um empresário paulista, Hugo Borghi, notório por transações milionárias e ilegais com o Banco do Brasil sob Vargas e já julgado culpado de corrupção por um órgão federal, ouviu aquilo e foi ao dicionário. Queria saber o que era "malta".

Entre os vários significados, havia o de "quadrilha, bando, súcia" —que nitidamente era o que o brigadeiro queria dizer. Mas havia também o de "turma de trabalhadores que comem em marmita". Borghi, interessado na eleição de Dutra, que poderia suspender sua condenação, foi ao microfone de uma rádio e disse que o brigadeiro tinha dispensado "o voto dos marmiteiros, dos trabalhadores". Era mentira, claro. Só que a rádio era dele e ele tinha 150 retransmissoras pelo país.

Carlos Lacerda, jovem apoiador do brigadeiro, ouviu aquilo e entrou em pânico. Era urgente desmentir a história antes que ela se consolidasse como verdade. Mas seus correligionários não o ouviram —não imaginavam a força do rádio. O próprio brigadeiro o ignorou. No dia 2 de dezembro, Dutra virou o jogo e venceu com quase o dobro de votos.

O rádio era a internet da época. Uma mentira disparada pelo ar já podia decidir uma eleição. Hoje mais do que nunca.

Fonte: Folha de S. Paulo