segunda-feira, 31 de maio de 2021

GRIPE RUSSA FOI UM CORONAVÍRUS?

GRIPE RUSSA FOI UM CORONAVÍRUS?
Hélio Schwartsman

Em maio de 1889, em Bukhara, uma doença diferente emergiu; e em pouco tempo ganhou o mundo

Não muito tempo atrás, o mundo já enfrentou uma mortífera pandemia de coronavírus. Essa fascinante hipótese é levantada por Nicholas Christakis em “Apollo’s Arrow”, livro que já comentei aqui.

Em maio de 1889, em Bukhara (no atual Uzbequistão), uma doença um pouco diferente emergiu. Ela ficou conhecida como gripe russa e em pouco tempo ganhou o mundo. Em dezembro, já chegara a São Petersburgo, infectando cerca de metade da população. Em seguida, alcançou as metrópoles europeias.

O vírus não teve dificuldade para cruzar o Atlântico. Os americanos, que inicialmente desdenharam da doença, foram duramente atingidos. Na primeira semana de janeiro de 1890, Nova York contou 1.202 mortos. Hospitais ficaram apinhados.

A gripe russa teve sua taxa de ataque estimada em 45% a 70%. A taxa de letalidade (CFR) foi calculada em 0,1% a 0,28%, e o R0, em 2,1.

Tradicionalmente, essa epidemia é atribuída a uma cepa do vírus influenza, o H3N8 ou o H2N2, mas há indícios de que o agente causador possa ser um coronavírus. Parte significativa dos doentes apresentava mais sintomas gastrointestinais ou músculo-esqueléticos do que respiratórios, o que é mais comum com coronavírus do que com influenza.

Mais, a gripe russa causou muitos óbitos entre idosos e poupou as crianças, o que lembra muito o Sars-CoV-2. O padrão da influenza é matar muito idosos e crianças, poupando mais os jovens e os adultos.

Análises genéticas do OC43, uma das espécies de coronavírus que infectam nossa espécie, mostram que ele saltou de um reservatório animal, provavelmente o gado, para humanos no final do século 19, o que o torna um suspeito cronologicamente plausível.

Se a hipótese de Christakis é correta, a boa notícia é que, depois de sucessivas ondas que se estenderam até 1892, o OC43 e seus hospedeiros humanos chegaram a um “modus vivendi”. Hoje o OC43 não causa mais que resfriados comuns.

Fonte: Folha de S. Paulo
Não há como os bons sentimentos para estragarem um cidadão. (Carlos Drummond de Andrade)

LUGARES

POMPÉIA - ITÁLIA

Pompeia foi outrora uma cidade do Império Romano situada a 22 km da cidade de Nápoles, na Itália, no território do atual município de Pompeia. A antiga cidade foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio em 79, que provocou uma intensa chuva de cinzas que sepultou completamente a cidade. Ela se manteve oculta por 1600 anos, até ser reencontrada por acaso em 1748. Cinzas e lama protegeram as construções e objetos dos efeitos do tempo, moldando também os corpos das vítimas, o que fez com que fossem encontradas do modo exato como foram atingidas pela erupção. Desde então, as escavações proporcionaram um sítio arqueológico extraordinário, que possibilita uma visão detalhada na vida de uma cidade dos tempos da Roma Antiga. Considerada patrimônio mundial pela UNESCO, atualmente Pompeia é uma das atrações turísticas mais populares da Itália, com aproximadamente 2 500 000 visitantes por ano.

A BOLA DA VEZ

Fabrício CarpinejarFabrício Carpinejar

A vida requer paciência. A dança das cadeiras modificará o nosso olhar. Aquilo que um dia foi ruim pode ser bom, o que foi desagradável pode ser fundamental. Para ter sucesso, basta não sair do lugar e suportar a mutação das opiniões a seu respeito. Sidney Magal já foi o ó do borogodó, hoje é cult e programação fixa nos karaokês. Odair José já foi brega e hoje é cult, com shows triplicados. O popular e o intelectual se dão a mão com o tempo.

Por exemplo, repare o quanto alteramos o nosso posicionamento sobre o amigo que nunca bebe. Antes era o mais chato. Ninguém aguentava a sua companhia durante muito tempo nas festas. Você gritava, enlouquecia, descia até o chão em coreografias animadas, barbarizava e ele nem se mexia, como uma câmera de segurança. Frustrava às expectativas da dança tribal, de segurar nos ombros e gritar oooooh no estertor da madrugada. Estragava a alegria sempre com uma garrafinha de água e com a pupila absolutamente lúcida e aterrorizante. Parecia mesmo um segundo pai querendo ir embora.

Dispensávamos o amigo sereno, amaldiçoávamos os religiosos, os convertidos, os trabalhadores não-etílicos. Não beber se enquadrava no pecado da caretice, o equilíbrio soava com a natureza reacionária. Cumplicidade correspondia à boemia, e se divertir estava traduzido a empilhar garrafas e preencher engradados.

Com a balada segura e as blitzes de surpresa, o amigo sóbrio não é mais um pária da sociedade, não é mais um excluído, não é mais um filhinho do papai da Coca-Cola, um filho da mamãe do Guaraná. Pelo contrário, as suas ações e passes subiram no mercado. É disputado a tapas. Todo mundo quer sair com ele. Tornou-se uma parceria obrigatória, o motorista da turma. Ele é o euro da amizade, o dólar da amizade, a moeda de valor triplicado.

Quem lhe viu quem lhe vê.  Temos que suportar prazerosamente as testemunhas de nossa bebedeira e de nossos colapsos amorosos.

O companheirismo a seco é o único que salva os nossos pontos na carteira.

Fonte: Facebook

FRASES ILUSTRADAS


domingo, 30 de maio de 2021

A VINGANÇA DE BOLSONARO

A VINGANÇA DE BOLSONARO
Hélio Schwartsman

Ele deve ter ficado magoado com o Exército após quase ter sido expulso em 1986

Jair Bolsonaro deve ter ficado magoado com o Exército depois de quase ter sido expulso da instituição em 1986. Vingança é a melhor explicação para a difícil situação em que o capitão reformado põe o Exército agora.

Com efeito, com pouco mais de dois anos na Presidência, Bolsonaro fez com que os generais jogassem por terra três décadas de intensos esforços de relações públicas pelos quais tentaram convencer o país de que o Exército Brasileiro tinha compromisso com a democracia e se pautava pelo profissionalismo e pela competência.

Apreço pela democracia não é compatível com o apoio ostensivo que militares da ativa dão a um político autoritário que pode ser acusado de várias coisas, mas não de zelar pelas instituições democráticas.
Profissionalismo e competência não são compatíveis com o desastre que é a atual administração, que conta com número recorde de militares. O caso mais notório é o do ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello, que aceitou um cargo para o qual não estava qualificado e entregou um morticínio.

Bolsonaro também foi capaz de produzir uma crise militar como o país não via havia décadas ao demitir, em março passado, o ministro da Defesa e os chefes das três Forças. Ao que tudo indica, a dispensa ocorreu porque o presidente não se sentia suficientemente apoiado pelos oficiais.

Nos últimos dias, o capitão rebelde voltou à carga, arrastando Pazuello para um ato político, o que é vedado a militares da ativa, e criando empecilhos à punição que o comando teria de impor ao general. Mais uma vez, a imagem da instituição vai para a lama. Ou o novo comandante peita o presidente (o que não ocorrerá) ou contemporiza e se sai com uma punição simbólica, o que representaria um incentivo à indisciplina e à politização das Forças Armadas.

Tudo isso talvez tivesse sido evitado se, lá atrás, os oficiais não tivessem contemporizado ao punir Bolsonaro.

Fonte: Folha de S. Paulo

A SALVAÇÃO PELA SIRENE

A SALVAÇÃO PELA SIRENE
Fernando Albrecht

Entre as várias histórias que cercam maridos que pulam a cerca e se veem em maus lençóis pelas circunstâncias adversas repentinamente surgidas, está a do marido que teve problemas de coração. Na verdade, dois corações, considerando o dele e o da travessa e libidinosa amante. Os dois se encontravam em locais públicos, como eventos e vernissages, mostra artística muito popular nos anos 1970. E dali partiam para os finalmentes em algum receptáculo imobiliário amoroso.

Em um desses eventos, os comes e bebes foram longe, principalmente os bebes, porque os comes eram poucos e ridículos em sabor e grandeza. Em resumo, o álcool pegou um elevador muito rápido. Quando finalmente chegaram ao ninho de amor, houve um desfalecimento alcoólico a dois. E aí as coisas ficaram ruins.

Ele acordou de manhã. Da boca com gosto de cabo de guarda-chuva saiu a frase que até ateus usam em emergências.

– Meu Deus!

Se não foi Ele, certamente o Capeta o ajudou. Fiat lux. Ligou para um pronto-socorro cardiológico.

– Pois não?

– Eu queria alugar uma ambulância. E com jaleco de doente.

– Como assim, alugar? Onde está o doente?

– O doente sou eu. Quero uma para me levar em casa.

Depois de muita explicação, o atendente da clínica concordou. Afinal, seria corrida curta e sobrava ambulância. E o dinheiro era bom. O dorminhoco chamou um táxi para a codorminhoca e esperou a viatura. Deitou na maca e se foi para casa. Assim que chegou, saiu do carro com luzes vermelhas piscando, vestido com uniforme de doente e abriu o bocão.

– Mulher, quase ficaste viúva!

E se pôs a louvar a medicina e os médicos que salvaram sua vida. Exames mostraram que não houve nada sério, embora o desmaio e ajuda dos amigos que acionaram o recurso quando o viram desmaiar. Puro estresse.

Foi a única verdade contada.

Fonte: fernandoalbrecht.blog.br
A felicidade de um amigo deleita-nos. Enriquece-nos. Não nos tira nada. Caso a amizade sofra com isso, é porque não existe. (Jean Cocteau)

LUGARES

MARVÃO - PORTUGAL
A Mui Nobre e Sempre Leal Vila de Marvão localiza-se em Portugal, no Distrito de Portalegre, região Alentejo e sub-região do Alto Alentejo, com menos de 500 habitantes, situada no topo da Serra do Sapoio, a uma altitude de 860 metros. A vila e as montanhas escarpadas em que se localiza estão inscritas na lista de candidatos a Património Mundial da UNESCO desde 2000. O título de Mui Nobre e Sempre Leal foi concedido à Vila de Marvão pela Rainha D. Maria II. Desde, pelo menos, o período romano, que os rochedos de Marvão são utilizados como refúgio ou como ponto estratégico militar. No século X foi referida pelo historiador cordovês hispano-muçulmano Isa Ibn Áhmad ar-Rázi como Amaia de Ibn Maruán e Fortaleza de Amaia, fortaleza essa que em 884 serviu de refúgio ao fundador de Marvão, o rebelde muladi Ibn Marwan al-Yil'liqui, "O Galego" (morto em 889), líder de um movimento sufi no Al-Andaluz, que pegou em armas contra os emires de Córdova e criou uma espécie de reino independente sediado em Badajoz até à instauração do califado de Córdova em 931. A localidade foi conquistada aos muçulmanos por D. Afonso Henriques durante as campanhas de 1160/1166, tendo sido novamente tomada pelos mouros na contra-ofensiva de Almansor, em 1190. Em 1226, D. Sancho II dá foral à população e manda ampliar o castelo. Em 1299, D. Dinis disputa e apodera-se do castelo, que foi incluído no plano das suas reedificações militares e passou a ter uma grande importância estratégica nas guerras com os castelhanos. (wikipédia)

MOZART - MARCHA TURCA

LANG LANG

FRASES ILUSTRADAS


sábado, 29 de maio de 2021

QUANDO NÓS, 'PÁRIAS' VIAJAREMOS DE NOVO?

QUANDO NÓS, 'PÁRIAS' VIAJAREMOS DE NOVO?
Josimar Melo

Ante o genocídio bolsonarista, vacina não basta para nos abrir as portas do mundo

"Está contente com a vacina?", pergunta minha filha, ao saber que cheguei enfim à picada. A resposta é "sim". Mas, sinceramente, o alívio que deveria vir junto a esse bote de salvação em meio ao naufrágio traz junto um gosto amargo.

É doce a possibilidade de estar um pouco mais de tempo junto aos filhos e às pessoas queridas, fruir bons momentos da vida em que pese os horrores a que também assistimos, garimpar amores e belezas neste breve hiato de existência que nos cabe.

Aos leitores deste espaço de Turismo, pode parecer que a vacina é a bênção que esperávamos para reganhar o mundo. Mas a sorte ainda não está lançada.

Muitos países —como os que formam o bloco da União Europeia— não estão liberando a entrada de viajantes vacinados com a Coronavac (caso da maioria dos brasileiros), aceitando apenas os imunizados com vacinas lá aprovadas (o que exclui as lançadas pela China). Claro que não faz sentido, já que a própria OMS aprova a Coronavac. E deve mudar em breve, mesmo porque o dinheiro fala alto, e banir uma multidão de chineses do turismo no verão europeu não parece uma escolha muito sábia.

Mas para nós brasileiros o problema não é apenas o pedigree da vacina que majoritariamente estamos tomando. Há também outro obstáculo —nosso próprio pedigree: sermos brasileiros. E, para quem costuma viajar, parece inacreditável que esta condição tenha virado uma mácula assustadora.

Já há países importantes que põem Brasil numa triagem que nos impede de entrar ali. É um contraste assustador diante da imagem que tínhamos no mundo, mas absolutamente coerente com a tragédia que vivemos desde a assunção do governo protofascista que nos assola.

Quem viaja para fora do país lembra que o Brasil e os brasileiros gozavam de uma imagem sempre positiva. Mesmo em crises econômicas, mesmo perdendo Copas, eu sentia uma enorme simpatia dos interlocutores já pelo fato de eu ser brasileiro. Nosso país, tão sofrido e injusto, mesmo assim exalava alegria, otimismo e alegria de viver que nos envolviam em uma bonita aura.

Já comentei aqui, no passado, que senti as primeiras mudanças com o golpe de 2016 contra uma presidente eleita que não cometeu crime. Ninguém entendia nada. "Mas ela foi pega roubando? Com conta na Suíça? Iate em Miami?", perguntavam. Era difícil explicar que não, quem tinha conta na Suíça era o presidente da Câmara que liderou o processo espúrio e seus 300 picaretas.

A coisa piorou, claro, quando um fascistoide de quinta categoria amasiado com as milícias criminosas foi eleito presidente. "Como assim... No Brasil??", passavam a me perguntar. E nossa imagem começou a deteriorar-se ainda mais. Conforme, aliás, planejado pelo fanático ex-chanceler Ernesto Araújo que, das profundezas de suas sinistras trevas olavistas, comemorou estarmos nos tornando párias no mundo.

O genocídio promovido pelo sórdido milico que foi enxotado do Exército, mas que ainda não foi enxotado da Presidência, não destrói somente nossas vidas e nossa economia, ele também destrói nossa imagem no mundo. O que é compreensível: quanto mais ele promove aglomerações num cenário deteriorado pelo atraso (que ele promoveu) na vacinação, mais o Brasil vira um perigoso covidário, um berço de novas cepas que nos ameaçam, e também ameaçam o mundo.

Sendo assim, é possível que ainda sejamos vítimas de barreiras internacionais ao tentar viajar. Já era revoltante saber que norte-americanos podem entrar no Brasil sem visto de viagem enquanto lá continuamos sendo tratados como cidadãos de segunda classe —pela inédita não reciprocidade de emissão de vistos, mais um capítulo da abjeta subserviência bolsonarista a Donald Trump.

Agora o mundo todo ameaça nos tratar como um perigo para a humanidade —perigo que de fato o fascismo e suas atitudes representam, e que agora nos rondam.

Tomar a segunda dose das vacinas que temos disponíveis nos dá o alívio de ver vidas sendo salvas, mesmo que tardiamente, e mesmo nesta terrível desigualdade em que estamos atolados. Mas comemorar fazendo uma viagem para o exterior pode ainda ser difícil.

Fonte: Folha de S. Paulo
Preciso de autoridade ainda que não acredite nela. (Ernst Jünger, filósofo alemão)

LUGARES

METEORA - GRÉCIA

Metéora ("meio do céu") é um dos maiores e mais importantes complexos de mosteiros do Cristianismo Oriental, superado apenas pelo Monte Atos. Os seis mosteiros foram construídos sobre pilares de rocha de arenito, na região noroeste da planície da Tessália, próximo ao rio Peneu e às montanhas Pindo, na Grécia central. A cidade mais próxima é Kalabáka. O maior pico em que se localiza um mosteiro tem 549 metros. O menor, 305 metros. Apesar de ser desconhecida a data de fundação de Metéora, crê-se que os primeiros eremitas se estabeleceram em cavernas no século XI. No final deste e início do século XII, formou-se um estado monástico rudimentar centrado à volta da Igreja de Theotókos (mãe de Deus, que ainda hoje existe). Os monges eremitas, procurando um refúgio seguro à ocupação otomana, encontraram nos rochedos inacessíveis de Meteora um refúgio ideal. Foram construídos mais de 20 mosteiros, mas hoje em dia apenas existem 6; os seis mosteiros são: Megálos Metéoros (Grande Meteoro ou Mosteiro da Transfiguração), Varlaam, Ágios Stéphanos (Santo Estêvão), Ágia Tríada (Santíssima Trindade), São Nicolau Anapausas e Roussanou. O acesso aos mosteiros era feito por guindastes e apenas em 1920 foram construídas escadas de acesso. Dos seis mosteiros, cinco são masculinos e um é feminino. Em 1988, este monumento com montes e vales revestidos com florestas, que têm a presença de animais selvagens como o lobo e a víbora, foi classificado Património Mundial pela UNESCO. (wikipédia)