quinta-feira, 30 de junho de 2022

SAIBA DE ONDE VIERAM ALGUNS NOMES DE COMIDAS FAMOSAS

Marcelo Duarte (O Curioso)

Saiba de onde vieram alguns nomes de comidas famosas

De onde veio o nome "sanduíche"? Essa história começou numa mesa de carteado no sudeste da Inglaterra, em 1762. Lorde John Montagu tinha um título de nobreza: Conde de Sandwich. Sandwich é o nome de uma cidadezinha do Condado de Kent.

O conde gostava tanto de jogar cartas que não parava nem para comer. Ele achava que refeições com garfo e faca prejudicavam sua concentração. Por isso, pedia que sua comida —geralmente frios e queijo— fosse servida entre dois pedaços de pão. Montagu conseguia comer com uma das mãos e jogar com a outra.

Não demorou muito para que os conhecidos do conde pedissem "o mesmo que Sandwich", e foi assim que o prato ganhou esse nome. O nome Sandwich batizou também uma ilha do Pacífico Sul, descoberta por James Cook, em 1778. Cook era parceiro de jogo de Conde de Sandwich, que patrocinou sua viagem.

O nome da ilha seria trocado depois para Havaí. Existem muitos outros casos de gente que acabou virando nome de comida, sabia?

Já pensou em uma pizza com seu nome?

Isso aconteceu com uma rainha italiana, que ficou no poder entre 1878 e 1900. Em 11 de junho de 1889, o chef de cozinha Rafaelle Sposito recebeu a visita da rainha da Itália em seu restaurante, na cidade de Nápoles.

Em homenagem a ela, Sposito preparou uma pizza com as cores da bandeira italiana. O vermelho foi representado com rodelas de tomate; o branco, com queijo; e o verde, com folhas de manjericão. A pizza ganhou o majestoso nome da rainha: Margherita.

Ou você iria preferir uma sobremesa em sua homenagem?

O docinho preferido das crianças (e adultos!) em festinhas infantis foi criado no Brasil logo depois da Segunda Guerra Mundial. Na época, era quase impossível conseguir leite fresco, ovos, amêndoas e açúcar para fazer doces.

Então alguém descobriu que a mistura de leite condensado e chocolate dava uma receita gostosa, batizada em homenagem ao brigadeiro Eduardo Gomes.

Em 1945, Eduardo Gomes era candidato à presidência do Brasil. Durante a campanha, seu comitê vendia os docinhos para arrecadar dinheiro. Foi aí que as bolinhas de chocolate ganharam o nome da patente do candidato: brigadeiro.

Apesar de tão delicioso "cabo eleitoral", Gomes não foi eleito.

Fonte: Folha de S. Paulo
Quero dar a meus filhos bastante dinheiro para que possam fazer o que quiserem, mas não dinheiro o bastante para que não façam nada. (Warren Buffett)

LUGARES

LISBOA - PORTUGAL

A Torre de Belém é um um dos monumentos mais expressivos da cidade de Lisboa. Localiza-se na margem direita do rio Tejo, onde existiu outrora a praia de Belém. Inicialmente cercada pelas águas em todo o seu perímetro, progressivamente foi envolvida pela praia, até se incorporar hoje à terra firme. Foi construída na era das Descobertas, em homenagem ao santo padroeiro da cidade, São Vicente. Para melhorar a defesa de Lisboa, o rei João II desenhou um plano que consistia na formação de uma defesa constituída por três fortalezas junto do estuário do Tejo. Formava um triângulo, sendo que em cada ângulo se contruiría uma fortaleza: o baluarte de Cascais no lado direito da costa, a de S. Sebastião da Caparica no lado esquerdo e a Torre de Belém na água (já mandada construir por D. Manuel I). O monumento se destaca pelo nacionalismo implícito, visto que é todo rodeado por decorações do Brasão de armas de Portugal, incluindo inscrições de cruzes da Ordem de Cristo nas janelas de baluarte; tais características remetem principalmente à arquitetura típica de uma época em que o país era uma potência global. Com o passar do tempo, e com a construção de novas fortalezas, mais modernas e mais eficazes, a Torre de Belém foi perdendo a sua função de defesa. Durante os séculos que se seguiram, desempenhou funções de controle aduaneiro, de telégrafo e até de farol. Foi também prisão política, viu os seus armazéns transformados em masmorras, a partir da ocupação filipina (1580) e em períodos de instabilidade política. Finalmente, em 1983 a UNESCO classificou-a Património Cultural de Toda a Humanidade.

NÃO TROPECE NA LÍNGUA


CRASE E NUMERAIS
Embora o fenômeno da crase tenha a ver basicamente com a classe dos substantivos, muitas pessoas perguntam se ocorre crase diante dos numerais cardinais. Respondo que normalmente não, porque eles são usados sem artigo definido e não têm gênero (exceto um e dois e os terminados em -entos: uma, duas, duzentas, trezentas etc.). Observe:
  • Contemos de 1 a 20: um, dois, três, quatro...
  • Li 10 páginas apenas.
  • Há 100 cavalos em exposição.
  • Compramos cinco mesas e 30 cadeiras.
Outras vezes se poderá encontrar na frente do numeral um a, que não será acentuado por se tratar de mera preposição:
  • Lombada 100 metros. 
  • Posto de emergência a três quadras daqui.
  • Dirigiu-se a duas crianças.
  • Chegou-se 12 propostas.
Vale lembrar que à/às só tem cabimento diante de substantivos femininos que admitem a anteposição do artigo definido.  No entanto, poderemos visualizar uma crase – correta – antes do numeral em duas circunstâncias:

1) quando houver, subentendido diante do numeral, um substantivo feminino definido, que não se repete por questão de estilo:
  • Li da página 1 à 10. [da página 1 à página 10]  
  • Caminhou da rua Augusta à 7 de Setembro. [da rua Augusta à rua 7]
2) quando houver explicitamente junto ao numeral um substantivo feminino determinado (do qual o numeral é apenas um dos determinativos):
  • Dirigiu-se às duas crianças abandonadas.
  • Servem café da manhã grátis às dez primeiras pessoas que aparecem no hotel.
  • Chegou-se, dessa forma, às 12 propostas descritas no memorial.
Como se vê, a crase aí está relacionada não ao numeral mas ao substantivo determinado: as crianças abandonadas, as primeiras pessoas que aparecem, as propostas descritas. Mudando-se esse substantivo para um equivalente masculino, temos aos em vez de às:
  • Dirigiu-se aos dois meninos abandonados.
  • Servem café da manhã grátis aos dez primeiros indivíduos que aparecem.
  • Chegou-se, dessa forma, aos 12 projetos descritos no memorial.
Fonte: www.linguabrasil.com.br

FRASES ILUSTRADAS

quarta-feira, 29 de junho de 2022

A GRANDE MURALHA VERDE

Avança a grande muralha verde de 8.000 Km de árvores para salvar a África e o mundo


O projeto «A Grande Muralha Verde» esta ajudando a salvar a vida do nosso planeta. Trata-se de um projeto em que 14 países do continente africano colaboram, plantando milhões de árvores em torno do deserto do Saara.

O principal objetivo deste projeto é acabar com as mudanças climáticas e estão indo muito bem. Em 2004, a África sofreu sérias consequências devido a isso e, desde então, mais de 20 países começaram a se projetar para deter as mudanças climáticas.

Deve-se destacar que as organizações internacionais também se uniram para criar a Grande Muralha Verde da África. O projeto começou em 2007 após sua aprovação pela União Africana e os resultados impressionaram o mundo.


Em princípio, eles planejaram fazer uma parede de árvores de quase 8.500 km de comprimento e 15 km de largura entre o Senegal (oeste) e Djibuti (leste). Com isso, eles pretendiam impedir o crescimento do Saara ao sul e evitar que se expandisse ainda mais.

Depois de 10 longos anos de trabalho, você já pode ver os bons resultados em países muito colaborativos como o Senegal. Milhões de árvores foram plantadas hoje e um grande número é de espécies nativas, como a ameixa indiana, a árvore do deserto ou as acácias.

Logicamente, estas árvores foram escolhidas porque se adaptam aos severos climas africanos, especialmente as acácias que resistem às secas e a sua sombra salvam o uso da água em explorações agrícolas.


O investimento inicial foi de mais de 6.000 milhões de euros, e o objetivo da Grande Muralha Verde é dividido em duas partes:

Por um lado, procura acabar com o efeito negativo da mudança climática.

Por outro lado, tente evitar a desertificação de terras habitadas por milhões de agricultores.

Ainda há muito trabalho, já que o projeto não é apenas plantar árvores. Uma represa e um enorme sistema de irrigação também serão construídos para aumentar a agricultura nos países da África.


A muralha poderia impedir uma catástrofe humanitária no futuro devido à fome.

De acordo com relatórios da ONU, estima-se que cerca de 500 milhões de africanos irão testemunhar o agravamento da qualidade de vida devido ao aquecimento global. Eles também mencionaram que cerca de 50 milhões de pessoas ficaram desabrigadas por causa da desertificação do Saara e do Sahel.

Fonte: https://www.sensivel-mente.com

A experiência nos tem demonstrado que nada é mais difícil a uma pessoa que controlar sua língua. (Baruch Spinoza, filósofo holandês, 1632-1677)

LUGARES

SÃO PETERSBURGO - RÚSSIA
Palácio de verão de Catarina. Construído na aldeia Pushkin, nas cercanias de São Petersburgo - Rússia, para servir como residência de verão da Imperatriz Catarina, a grande.

E AQUELA DO GROUCHO MARX?

Ruy Castro

Suas frases entraram para a cultura e são estudadas pelos sociólogos

Ao saber que o homem com quem estava conversando tinha 17 filhos, Groucho Marx espantou-se: "Puxa, eu também fumo charuto. Mas costumo tirá-lo da boca de vez em quando". E, quando um padre com quem cruzou num aeroporto lhe disse que a mãe dele era sua grande fã, Groucho respondeu: "Não sabia que vocês tinham mães! Achava que eram filhos da Imaculada Conceição!".

Ao ler minha coluna de domingo último (5) com as frases de Dorothy Parker, um amigo perguntou quem seria o equivalente masculino de Dorothy em tiradas rápidas. A resposta é, claro, Groucho Marx. Sua frase mais famosa, "Não entro para clubes que me aceitam como sócio", entrou para a cultura e é citada por linguistas, sociólogos e economistas. Mas ele deixou muitas outras dignas de estudo.

Quando sua filha Miriam foi proibida de frequentar uma piscina por ser judia, Groucho a defendeu: "A mãe dela não é judia. Donde Miriam é meio-judia. Tudo bem se ela entrar na piscina só da cintura para baixo?". Em 1958, ao saber que o Japão estava sendo assolado pelo rock’n’roll, comentou: "Bem feito por nos terem mandado a Gripe Asiática". E, quando um aspirante a humorista enviou-lhe o livro que acabara de publicar, Groucho escreveu de volta: "Do momento em que recebi o seu livro até fechá-lo quase morri de tanto rir. Um dia pretendo lê-lo".

Em carta para a revista "Confidential", especialista em reportagens difamatórias sobre famosos cujos processos não davam em nada e a faziam vender milhões, Groucho ameaçou: "Se vocês continuarem a publicar esses artigos sórdidos a meu respeito, advirto que cancelarei minha assinatura". Os artigos pararam.

E, jogando bridge com os amigos, o insuportável filho do anfitrião não deixava que eles se concentrassem. Groucho chamou o garoto em particular. Minutos depois, voltou sozinho e garantiu: "Ele ficará quieto no banheiro por muito tempo. Ensinei-o a se masturbar".

Fonte: Folha de S.Paulo

FRASES ILUSTRADAS

terça-feira, 28 de junho de 2022

INDÚSTRIA DO GOLPE CRIOU 'CALL CENTER DO INFERNO'

Ronaldo Lemos

Com acesso fácil a dados dos usuários na internet, golpistas se especializam em tirar dinheiro dos cidadãos

É preciso ser claro e sem rodeios: o sistema de identificação utilizado no Brasil colapsou. Em vez de servir para provar a identidade de uma pessoa, esse sistema é hoje uma chaga aberta que está sendo explorada por criminosos, por meio de golpes cada vez mais sofisticados.

RG, CPF, endereço, nome do pai e da mãe, número do celular e vários outros dados pessoais que o país utiliza como identificação são hoje ferramentas para extorsões, golpes, cadastros ilegítimos e assim por diante.

A razão para isso é uma só: todos os dados de identificação de praticamente todas as pessoas do país vazaram. Esses dados estão hoje livremente disponíveis online ao alcance de golpistas e organizações criminosas.

Uma verdadeira indústria surgiu para explorar essas informações. Além do famoso golpe do WhatsApp, que manda mensagem para o pai ou a mãe de uma pessoa alegando emergência e pedindo uma transferência de dinheiro imediata, a cada dia surge um golpe novo no país.

Por exemplo, o golpe do falso call center. O criminoso identifica facilmente o banco em que a pessoa tem conta. Liga então para ela a partir de um número forjado ("spoofed") que corresponde exatamente ao número do banco. A pessoa atende e ouve uma voz 100% profissional, idêntica a dos call centers.

O criminoso então repassa alguns dados da pessoa para ela confirmar. Na sequência, alega que houve um problema de segurança com a conta e que vai transferir para a área de segurança do banco. A ligação é transferida para outra pessoa, também com voz e postura 100% profissional.

A segunda pessoa então começa a passar "orientações" para a vítima. Nesse processo, muitas vezes consegue extrair as senhas e até mesmo convencê-la a fazer transferências bancárias de "teste" para outras contas. Quem é vítima desse golpe fica atônito: como podem saber todos os meus dados? Como podem ter me ligado a partir do telefone do banco em que tenho conta? Ações infelizmente fáceis de serem feitas no contexto atual.

Em outras palavras, se você ainda não caiu em nenhum golpe da internet ou não conhece ninguém que caiu, pode ter certeza de que sua hora vai chegar. A indústria dos golpes baseada nos vazamentos de dados cada dia cria um mecanismo novo de extrair dinheiro e informações das vítimas. Essa indústria se profissionalizou, possui capital, funcionários e protocolos de treinamento. É altamente inovadora. É como se fosse um serviço de atendimento ao consumidor do mundo ao avesso, um call center do inferno.

O que fazer nesse contexto? Na minha opinião há duas coisas a serem feitas. A primeira é indenizar as vítimas dos golpes apurando responsabilidades. No âmbito da Comissão de Tecnologia da OAB-SP estamos apurando responsabilidades para ingressar com medidas cabíveis.

A segunda coisa é reinventar completamente o sistema de identificação do país. O que está aí faliu, ele virou problema e não solução. Idealmente, o caminho deveria ser criar uma identidade digital verdadeira no país, certificada e reconfirmada de forma relacional e permanente na medida que a pessoa vai vivendo sua vida. O sistema de identificação brasileiro precisa de um reboot. Até lá prepare-se para golpes sem fim.

Fonte: Folha de S. Paulo

O político é capaz de prever o que acontecerá amanhã, no próximo mês e no ano que vem, e de explicar depois por que não aconteceu. (Winston Churcill, estadista inglês, 1874-1965)

LUGARES

CRACÓVIA - POLÔNIA
A Real Catedral Basílica dos Santos Estanislau e Venceslau no Monte Wawel, também conhecida como Catedral de Wawel, é uma igreja católica romana localizada no monte Wawel, em Cracóvia, na Polônia. Wikipédia

ROMANCE FORENSE

Imagem da Matéria
Charge de Gerson Kauer
Comportamento incompatível 

Aprovado em concurso público e recém nomeado, o jovem magistrado assume em cidade do Interior deste Brasil, imbuído das melhores intenções jurisdicionais.

Não vitaliciado, solteiro, trabalho em dia, vai se deixando dominar pelo tédio e pela solidão. Até que, pela intermediação de terceiros que conhecera numa casa noturna, aceita - para a sexta-feira da semana seguinte - o convite para uma animada festa em uma chácara num município próximo, onde algumas coelhinhas fariam um strip-tease. E nada de mais íntimo aconteceria ali... - garantiam os organizadores.

Ambiente animado, risos, alegria, presença masculina de pessoas de destaque local. Seis meninas aparecem, se exibem, dançam, vão tirando os sutiãs e uma delas - sutilmente orientada - esfrega a peça carinhosamente na semi-calvície do novel magistrado. Um celular registra a cena. E as imagens copiadas terminam, por anônimo envio, chegando ao gabinete do corregedor-geral.

Sindicância aberta, processo administrativo instaurado, defesa prévia apresentada, testemunhas ouvidas, etc,, o final não demora.

Sete meses depois encerra-se a carreira do ingênuo juiz, sob o fundamento - calcado pela Corte - de "comportamento incompatível com a carreira da magistratura, que entre outras coisas exige discrição e distanciamento de procedimentos mundanos".

Atualmente, ele está reingressado na profissão de advogado.

Segue solteiro.

Fonte: www.espacovital.com.br

FRASES ILUSTRADAS

segunda-feira, 27 de junho de 2022

ETs

Carlos Brickmann (*)

Um sábio empresário disse certa vez a este jornalista que se alguma coisa só existe no Brasil, e não é jabuticaba, não presta. Pois vamos em frente.

Como se sabe, o Senado não costuma trabalhar às sextas-feiras. Mas nesta sexta, 24, o Senado trabalhou: comemorou o 75º aniversário do Dia Mundial dos Discos Voadores, por iniciativa do senador Eduardo Girão, do Podemos do Ceará.

Na sessão, o ex-deputado Wilson Picler disse que quase um terço dos brasileiros acreditam em ETs; e mais da metade dos ateus e agnósticos creem em discos voadores e seres espaciais, “mais em ETs do que em Deus”. Girão disse que o Brasil é o primeiro país a reconhecer que discos voadores existem e são extraterrestres. Chamou a sessão de “histórica”.

Fome, guerra, inflação? São temas que podem esperar a semana que vem.

(*) Carlos Brickmann é jornalista, consultor de comunicação e colunista.

Fonte: brasildelonge.com
Todos os governos são obscuros e invisíveis. (Francis Bacon, filósofo inglês, 1561-1626)

LUGARES

GARMISCH-PARTENKIRCHEN
Garmisch-Partenkirchen é um município da Alemanha, capital do distrito homônimo, localizado na região administrativa de Alta Baviera, estado de Baviera. Garmisch-Partenkirchen é uma estância de desportos de inverno e foi sede dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1936. Wikipédia

UMA LAMPARINA

Fabrício Carpinejar

Não tem como sufocar as raízes. Não tem como sonegar o nascimento. Não tem como apagar os pratos prediletos da infância. Não tem como esconder a emoção do sotaque. Não tem como não entoar as canções da própria terra, é onde se guarda a saudade. Não tem como abolir parte do dicionário das ruas. Não tem como conter os gestos, os abraços efusivos, as expressões de carinho. Não tem como padronizar ninguém achando que existe o mais certo e o menos certo.

O preconceito com o nordestino reside na crença de que ele usa mal a língua portuguesa, de que fala errado, além de alimentar o imaginário de que está destinado a ocupar postos inferiores no mercado de trabalho.

A língua é viva, passional, inventiva. Quem pensa assim nunca leu Guimarães Rosa ou Manoel de Barros, nunca se deliciou com Patativa do Assaré.

É um elitismo da segregação, de fomentar rótulos orais para proteger os seus privilégios.

Privilegiado é quem honra pai e mãe, privilegiado é quem preserva os conselhos dos avós, privilegiado é quem respeita os seus antecessores, privilegiado é quem tem orgulho de sua casa e dos afluentes do idioma.

Nosso coração parte de um paradeiro. Nossa intimidade nunca será estrangeira.

O interior do nosso Brasil é a nossa alma.

Juliette veio combater a xenofobia de frente, o analfabetismo cultural, o turismo das aparências. Trajando os símbolos atemporais da contestação que nunca serão fantasias: traz a valentia de uma cangaceira, de uma Maria Bonita. É uma lamparina na escuridão do bullying, de chapéu de couro, jabiraca e alpercatas.
De suas cordas vocais, ressoa o triângulo, o forró da alegria, o lengo-lengo, o quindim.

Não foi aceita e não mudou. Não foi entendida e não mudou. Não foi aplaudida e não mudou. Por mais que seja interrompida no meio do raciocínio, por mais que seja imitada a sua comunicação ou ridicularizado o seu temperamento, como se ela fosse menos civilizada pela sua origem, ela jamais cedeu para agradar, seguiu o fio da meada de onde a pararam.

Ela não quis ser diferente de ninguém, mas ser ela mesma.

Juliette rompeu com a bolha do preconceito. Ela é a Paraíba, é o Nordeste, não é mais unicamente uma pessoa.

Ao conversar com ela, você atravessa um estado inteiro, o DNA de uma vasta e rica sensibilidade.

Fonte: Facebook

FRASES ILUSTRADAS

domingo, 26 de junho de 2022

REESCREVENDO O PASSADO

José Horta Manzano

Benito Mussolini (1883-1945) foi o criador e chefe supremo do fascismo, regime personalista e autoritário que vigorou na Itália de 1922 a 1945.

Sua entrada na vida adulta não foi gloriosa. Aos 19 anos, saiu da Itália para fugir do serviço militar obrigatório. Foi parar na Suíça, onde viveu dois anos durante os quais levou vida agitada e sobreviveu de expedientes. Morou em diversas cidades. Trabalhou de pedreiro, ajudante de obras, balconista. Chegou a ser preso por vadiagem.

Por curto período, tomou aulas na Universidade de Lausanne. Só voltou à Itália quando, por ocasião do nascimento do príncipe herdeiro, uma anistia geral foi concedida. O ditador subiu na vida, tornou-se poderoso e conhecido, mas manteve aquela aura sulfurosa e aquela cara de poucos amigos.

Corria o ano de 1937. Num descuido que viria a dar muito que falar, a Universidade de Lausanne decidiu outorgar ao ditador (e ex-aluno) um diploma de doutor honoris causa.

O que tinha de acontecer, aconteceu. Sua aliança com Hitler conduziu o povo italiano à desgraça de uma guerra perdida, milhões de mortos e um país destruído. Mussolini morreu de morte violenta e passou para o lado sombrio da História. Apesar disso, o doutorado suíço nunca lhe foi cassado.

Nos últimos 75 anos, o diploma conferido ao antigo ditador “por motivo de honra” incomodou um bocado. Não foram poucos os que preferiam que que a homenagem lhe fosse retirada. Mas não era chegado o tempo de decidir. Nestes dias em que o “politicamente correto” se impõe, não foi mais possível adiar.

A direção da universidade encarregou um grupo de trabalho interno, composto por quinze integrantes oriundos de sete diferentes faculdades, de se debruçar sobre a questão. Depois de dois anos de reflexão, a comissão entregou suas recomendações num relatório de 29 páginas. Saiu na sexta-feira que passou. As conclusões são surpreendentes.

“O grupo de trabalho considera que a outorga do doutourado ‘honoris causa’ a Benito Mussolini constituiu um erro grave cometido pelas instâncias universitárias e políticas da época. Esse título constitui a legitimação de um regime criminoso e de sua ideologia. Recomenda-se à Universidade de Lausanne reconhecer e assumir esse fato.”

A universidade aceitou a recomendação da comissão, e reconheceu ter falhado em sua missão e “ter desvirtuado os valores acadêmicos fundados sobre o respeito do indivíduo e a liberdade de pensamento”.

No entanto, em vez de renegar ou apagar esse episódio, optou por deixá-lo “servir de advertência permanente para possíveis derivas ideológicas que possam vir a vitimar a sociedade”. Em resumo, um banimento equivaleria a bloquear o debate democrático.

Talvez os que hoje pregam tratar personagens do passado como se nunca tivessem existido devessem se inspirar na decisão da Universidade de Lausanne, que me parece cheia de sabedoria.

O título foi conferido ao ditador, isso é ponto pacífico. Nada nem ninguém será capaz de apagar esse fato. Ocultá-lo e fingir que nunca existiu não é a melhor solução. Portanto, melhor será deixá-lo intacto para servir de exemplo de um erro que nunca mais se deverá repetir.

Fonte: brasildelonge.com

QUANDO AS PLANTAS FALAVAM

 Fernando Albrecht

– Ei! Olhe onde pisa.

O homem que caminhava no gramado olhou para baixo, surpreso. A voz vinha debaixo do seu sapato.

– Nós da família Grama somos fortes. Mas, não precisa abusar!

– Fortes somos nós – gritou o Inço, de longe. – Mesmo botando fogo, renascemos.

– Alto lá! – falou a Palmeira. – Em matéria de resistência ganho longe. Vejam os vídeos dos furacões. Nenhum nos bota abaixo, temos raízes radiculares, para os lados.

– Mas nós Mamoeiros damos frutas saudáveis.

O Gerânio do prédio ao lado falou com voz fininha.

– E nós espantamos mosquitos, nem o aedes chega perto. Perguntem para os franceses porque nos colocam no peitoril das casas.

– Pode ser – trovejou a Figueira Centenária. – Mas eu dou vida, sombra, atraio passarinhos…

– Grande coisa. Além de passarinhos nós damos suco de saúde para os humanos – gritou a Laranjeira.

– O que seriam a saúde e as comidas sem nós? – zombou o Limoeiro. – Até raspas da nossa casca são usadas.

A Goiabeira entrou no papo.

– Meus frutos servem para fazer geleias, doces…

– Cheios de bichos da goiaba. alfinetou o Abacaxi.

– Audácia do bofe – desdenhou o Moranguinho.

– Para comer vocês só com faca – riu a Pitangueira.

– É meu caso – concordou a Melancia com voz grave. Mas todos gostam de mim. Pena eu não ter nascido com alça.

A conversalhada foi interrompida por uma voz maravilhosa vindo da Roseira no jardim ao lado.

– Homens… Todas as mulheres do mundo nos adoram. Qual de vocês pode dizer isso?

O homem estava zonzo. Julgou ter ouvido o Coqueiro gritando “sai de baixo”. Olhou para cima, irritado.

– Chega de papo fura…

Foram suas últimas palavras.

Fonte: https://fernandoalbrecht.blog.br
O que mais desespera não é o impossível, porém o possível não alcançado. (Robert Mallet, escritor francês)

LUGARES

BRAGA - PORTUGAL
(Praça da República)
A Praça da República, popularmente referida apenas como Arcada, localiza-se na freguesia de São José de São Lázaro, no centro histórico da cidade de Braga, no distrito de mesmo nome, em Portugal. Constitui-se numa praça que se abre entre os largos de São Francisco e Barão de São Martinho e as avenidas Central e da Liberdade. (Wikipédia)

A CANTADEIRA

“A cantadeira”: um fabuloso conto de Mia Couto*

Acabei a minha sessão de canto, estou triste, flor depois das pétalas. Reponho sobre meu corpo suado o vestido de que me tinha libertado. Canto sempre assim, despida. Os homens, se calhar, só me vêm ver por causa disso: sempre me dispo quando canto. Estranha-se? Eu pergunto: a gente não se despe para amar? Porque não ficar nua para outros amores? A canção é só isso: um amor que se consome em chama entre o instante da voz e a eternidade do silêncio.

Outros cantadores, quando atuam em público, se trajam de enfeites e reluzências. Mas, em meu caso, cantar é coisa tão maior que me entrego assim pequenitinha, destamanhada. Dessa maneira, menos que mínima, me torno sombra, desenhável segundo tonalidades da música.

Cantar, dizem, é um afastamento da morte. A voz suspende o passo da morte e, em volta, tudo se torna pegada da vida. Dizem mas, para mim, a voz serve-me para outras finalidades: cantando eu convoco um certo homem. Era um apanhador de pérolas, um vasculhador de maresias. Esse homem acendeu a minha vida e ainda hoje eu sigo por iluminação desse sentimento. O amor, agora sei, é a terra e o mar se inundando mutuamente.

Amei esse peroleiro tanto até dele perder memória. Lembro apenas de quanto estive viva. Minha vida se tornava tão densa que o tempo sofria enfarte, coagulando de felicidade. Só esse homem servia para meu litoral, todas vivências que eu tivera eram ondas que nele desmaiavam. Contudo, estou fadada apenas para instantes. Nunca provei felicidade que não fosse uma taça que, logo após o lábio, se estilhaça. Sempre aspirei ser árvore. Da árvore serei apenas luar, a breve crença de claridade.

Em certo momento, me extraviei de sua presença, perdi o búzio e o mar que ecoava dentro. Ele embarcou para as ilhas de Bazaruto, destinado a arrancar riquezas das conchas. Apanhador de pérolas, certeiro a capturar, entre as rochas, os brilhos delas. Só falhou me apanhar a mim, rasteirinha que vivi, encrostada entre rochas.

Na despedida, ele me pediu que cantasse. Não houve choradeiras. Lágrima era prova gasta. Vejam-se as aves quando migram. Choram? O que elas não prescindem é do canto.

– E porquê? – perguntou o peroleiro.

O gorjeio, explicou ele, é a âncora que os pássaros lançam para prenderem o tempo, para que as estações vão e regressem como marés.

– Você cante para chamar meu regresso.

Minha vida foi um esperadouro. Estive assim, inclinada como praia, mar desaguando em rio, Índico exilado, mar naufragado. Estive na sombra mas não fiquei sombria. Pelo menos, nas primeiras esperas. Valia-me cantar. Espraiei minha voz por mais lugares que tem o mundo.

– Esse homem me lançou um bom-olhado?

Demorasse assim sua ausência, a espera não se sujava com desespero. Me socorria a lembrança de seus braços como se fossem a parte do meu próprio corpo que me faltasse resgatar.

Para sempre me ficou esse abraço. Por via desse cingir de corpo minha vida se mudou. Depois desse abraço trocou-se, no mundo, o fora pelo dentro. Agora, é dentro que tenho pele. Agora, meus olhos se abrem apenas para as funduras da alma. Nesse reverso, a poeira da rua me suja é o coração. Vou perdendo noção de mim, vou desbrilhando. E se eu peço que ele regresse é para sua mão peroleira me descobrir ainda cintilosa por dentro. Todo este tempo me madreperolei, em enfeitei de lembrança.

Mas o homem de minha paixão se foi demorando tanto que receio me acontecer como à ostra que vai engrossando tanto a casca que morre dentro de sua própria prisão. Certamente, ele passará por mim e não me reconhecerá. Minha única salvação será, então, cantar, cantar como ele me pediu. Entoarei a mesma canção da despedida. Para que ele me confirme entre as demais conchas e se debruce em mim para me levar.

Mas, na barraca do mercado, eu canto e não encanto ninguém. Ao inviés, todos se riem de mim, toquinhando o dedo indicador nas respectivas cabeças. Sugerem assim que esteja louca, incapazes que são de me explicar.

Esta noite, como todas as noites antes desta, apanho minhas roupas enquanto escuto os comentários jocosos da assistência. Afinal, a mesma humilhação de todas as exibições anteriores. Desta vez, porém, aquela gozação me magoa como ferroada em minha alma.

Nas traseiras do palco, uma mulher me aborda, amiga, admirada do meu estado. Me estende uma folha de papel, pedindo que escrevesse o que sentia. Fico com a caneta gaguejando em meus dedos, incapaz de uma única letra. Pela primeira vez, me dói ser muda, me aleija ter perdido a voz na sucessiva convocação de meu amado. Me castigam não as gargalhadas dos que me fingiam escutar mas um estranho presságio. É então que, das traseiras do escuro, chega um pescador que me faz sinal, em respeitoso chamamento. Sabendo que não falo, ele também pouco fala.

– Lhe trago isto.

Suas mãos se abrem na concha das minhas. Deixa tombar uma pequena luminosidade que rola entre os meus dedos. É uma pérola, luzinhando como gota de uma estrela. Lhe mostro o papel onde rabisquei a angustiosa pergunta:

– Foi quando?

Ele apenas abana a cabeça. Interessava o quando? Aquela era a maneira de o mensageiro me dizer que o meu antigo amor se tinha desacontecido, exilado do tempo, emigrado do corpo.

– Enterraram-no?

Mas a interrogação, rabiscada na folha, não cumpre seu destino. Silencioso, o pescador se afunda nas trevas com a educação de ave noturna. Fico eu, enfrentando sozinha o todo firmamento, monteplicado em pequenas pérolas. E escuto, como se fosse vinda de dentro, a voz desse peroleiro:

– Cante! Cante aquela canção em que eu parti.

E lanço, primeiro sem força, os acordes dessa antiga melodia. E me inespero quando noto que o mensageiro regressa, arrepiado do caminho que tomara. No seu rosto se acendia o espanto de me escutar, como se, em mim, voz e peito se houvessem reencontrado.

*Mia Couto, no livro “Na Berma de Nenhuma Estrada e outros contos”. Lisboa: Editorial Caminho, 2001.

Fonte: https://www.revistaprosaversoearte.com

THE HOT SARDINES

WHEN I GET LOW I GET HIGT FT.

FRASES ILUSTRADAS

sábado, 25 de junho de 2022

O QUE MORREU? A RAZÃO, A DEMOCRACIA OU A RETÓRICA ARGUMENTATIVA?

Por Janice Theodoro da Silva*

A terra e os terráqueos saíram fora do eixo. O planeta foi tomado pela desrazão, pela loucura.
A lógica, respeitável senhora, sofreu parada cardíaca, o sentido das coisas foi extraviado e a razão, implodida. Pergunto para os amigos, o que fazer para retornar à normalidade. Como regressar para os tempos de negociação pessoal, familiar e política. Tempos em que o ódio era reconhecido como vício e, não, virtude, tempos de experiências com resultados respeitados, de crença e aprimoramento do método científico.

Como explicar o estranho desejo pela cegueira, pela surdez, pela negação das evidências e pelo desprezo da lógica?

Qual a origem dos monstros produzidos pela razão?

É possível romper o circuito da ansiedade, doença do mundo contemporâneo? Explicar a opção pelo abandono da razão? Tranquilizar-se?

As sugestões dos amigos são variadas. Cansados de ouvir e repetir o mantra, vacinem-se, sugeriram sal grosso no banho. A tradição é antiga, com efeitos conhecidos até no Japão. O ritual, segundo os entendidos, serve para purificar os espíritos, em tempos de ódio. Tradição antiga, do Oriente ao Ocidente. Tentei um banho salgado para descarregar a ansiedade (descarrego). Nada. Ela permaneceu igual, mas dormi melhor.

Outra recomendação foi a respiração diafragmática. A receita envolve detalhes preciosos. É necessário contrair os músculos, abaixo dos pulmões e, na sequência, expandir a barriga. Confesso preferir encolher a barriga e não expandi-la porque, a barriga, por si mesma deprime o proprietário.

As duas tentativas não aplacaram nem minha angústia, nem a minha ansiedade.

A terceira foi banal. A ideia surgiu olhando para o celular, na página do oráculo, o Google, amigo certo de horas incertas. Ele tem resposta para tudo, para tolices, para vaidades e até para produções científicas de peso. Tentei. As respostas foram imediatas e variadas: Ter um hobby, repetir um mantra, visualizar um lugar tranquilo (entre trilhões de outras possibilidades). Só de pensar no hobby cresceu o meu desconforto. Não tenho hobby. Trata-se de atividades próprias dos habitantes do cume da pirâmide social. Repetir um mantra, talvez seja uma boa ideia, com analista ao lado, sem ele, perigo à vista. Com relação a imaginar um quadro açucarado com flores, pássaros e barulhinho d’água, o resultado, já experimentei: multiplica a ansiedade por 1000.

Para não desistir, optei por um tratamento de choque. A leitura do livro Como as democracias morrem, uma forma de olhar de frente a tragédia, para saber se a morte é lenta, rápida ou se tem remédio para a doença.

Dando voltas com o pensamento, com a memória, dos encantos e desencantos da vida, a luz se fez. Resgatei um encontro (depois de uma aula), inesquecível, com o professor Jean-Pierre Vernant. Timidamente eu fiz uma pergunta para o mestre sobre o Brasil, na época em crise com o impeachment do presidente Collor. E, ele gentilmente, me respondeu: quando você não tiver respostas para um problema pergunte para os gregos. Eles darão a chave.

Foi o que eu fiz. Escolhi o meu interlocutor preferido: Aristóteles.

Perguntei para ele os motivos de tanta cegueira e surdez de uma parte significativa da população do planeta. A conversa rolou solta. Detalhei o esforço das redes de comunicação brasileiras em informar para a população os riscos de contágio da covid, as atitudes lenientes do legislativo e a confusão no judiciário, chamado para apagar fogueiras próprias e dos outros poderes.

A primeira observação do mestre foi, depois de tantos séculos, ainda usarem letras gregas para numerar o vírus. A empatia cresceu entre nós. Na sequência introduzi a história da covid no Brasil. Reproduzi a argumentação dos médicos infectologistas sobre a doença, mencionei as provas apresentadas justificando a importância da população se vacinar. Atestei para o ilustre filósofo o número dos mortos e contaminados pela doença, mostrei as fotos impactantes das covas nos cemitérios, comprovei o exposto por meio de atestados de óbitos defendendo a importância das vacinas como o único meio cientificamente comprovado para evitar mortes e internações.

Expliquei para ele a minha dúvida, a minha angústia com tanta desrazão, mesmo diante da tragédia, dos mortos. Elucidei o fato de, apesar dos esforços, uma parte da população preferir não se vacinar em nome de crenças incoerentes, irracionais, selvagens. Fato ocorrido não só Brasil, como nos Estados Unidos e na Europa. Optaram pela surdez, pela cegueira acreditaram em fantasmas assumindo o risco de perder a vida, presumivelmente o bem maior de todos nós.

Por que, Aristóteles, eles abandonaram a razão?

A razão morreu?

Não. Ela não morreu, disse ele. Quem está em coma é a retórica argumentativa.

Como?

Dou um exemplo. A justiça no Brasil é morosa e a profusão de recursos, para a revisão da sentença ou decisão, depende da renda, do acesso a bons advogados para se propor uma ação. É difícil compreender haver justiça quando um assassinato é cometido e, mediante o uso da lógica jurídica, da boa argumentação dos advogados ou prescrição do delito, o criminoso (muitas vezes réu confesso) consegue escapar da condenação. A mesma dificuldade ocorre quando uma pessoa precisa se defender ao ser acusada de um crime que não cometeu e não tem acesso a bons advogados. Pior ainda, quando já cumpriu a pena e permanece presa em razão de formalidades processuais. Ilógico, não?

Outro caso que acompanhei foi o dos raciocínios matemáticos utilizados pelos economistas. Um festival de usos e abusos dos letramentos matemáticos e das teorias econômicas. Raramente a justiça, o bem comum e equidade pautam, de fato, as proposições dos especialistas. Poucas vezes assisti a revisões de rumo, confissões de erro, correções de rota enunciadas pelos economistas autores. A metáfora “deixar crescer o bolo para depois dividir” rendeu juros e correção monetária, para poucos. O bolo cresceu, um pouquinho, mas a tal equidade ficou para as calendas.

A linguagem matemática foi e é utilizada demagogicamente, acompanhada de indicadores econômicos (PIB) e, não raro, amparada por gráficos. Ela também foi utilizada, assim como a linguagem jurídica, para manter privilégios. O resultado é óbvio. A descrença na linguagem matemática com uso político cresceu, favorecendo a descrença na lógica argumentativa, sustentada por dados, “provas”. Assim, um falso argumento aqui, outro ali, um gráfico com parte das informações, tudo junto, fez o pobre contraditório se transformar em um exercício retórico vazio, distante do entendimento dialético da verdade. E, o pior, esqueceram das gentes, fim último da existência da retórica jurídica e das linguagens matemáticas.

Prevaleceu a justiça, a lógica e a ética? O ser humano vivenciou positivamente estas três categorias?

No deserto o calor faz ver, delirar, campo fértil para manifestações do sagrado, do ilusório e do poder. Lembre-se a origem do poder vinculado ao sagrado, suas justificações amparadas pela sofística, conduzida por um bom orador/pastor, demagogo, habilidade bem aclimatada às redes sociais.
É compreensível a desconfiança dos raciocínios lógicos e da lógica argumentativa quando eles foram e são utilizados para encobrir as faltas e falhas dos cidadãos e, mesmo, a verdade e materialidade das coisas. A doença mais frequente da democracia é a demagogia. Eu, Aristóteles, estudei e escrevi sobre o tema quando tratei de ética, de política e de retórica. Não quero complicar muito a discussão, mas atenção para a arte da retórica. Ela sistematiza, organiza e atribui sentido às diferentes linguagens e letramentos. Nela habita o principal problema da atualidade. O mundo digital é lugar preferencial para a manipulação das linguagens. Ela organiza os demagogos na rede, reforça estereótipos culturalmente solidificados, opta pelos velhos hábitos, evita as mudanças, desvitaliza as instituições caso prejudiquem o líder (mito). Assim “o povo passa a ser constituído pelos muitos que são senhores, não tomados um a um, mas todos juntos” (Política de Aristóteles). Prevalece a junção entre eles (rede) e não a razão.

Sim, os demagogos existem. Isto é fato. Onde foram criados? Não podemos esquecer, a sociedade é um todo, assinamos um contrato, participamos desta construção. Se um é humilhado, um outro se perdeu na vaidade. O egoísmo é parente da miséria; a mudança, da acomodação; a visibilidade, da invisibilidade. O processo de diferenciação social no Brasil e no mundo não poupou de humilhação, menosprezo, ironias, silenciamentos dos pobres e dos imigrantes. Despertou, entre os mais desprovidos (de dinheiro, educação ou cultura), o desejo, o apetite de um agir junto, desfrutar da força reunida, independentemente das qualidades morais. Na sequência a ciência e os grandes consensos foram menosprezados, pelo puro prazer de se tornar visível.

O que fazer, Aristóteles?

Proposição: Restabelecer a relação entre justiça e a retórica jurídica.

*Por Janice Theodoro da Silva, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP

Fonte: https://www.pensarcontemporaneo.com - 23 de fevereiro de 2022
Um partido é a loucura de muitos em benefício de uns poucos. (Alexander Pope, poeta inglês, 1688-1744)

LUGARES

MOSCOU - RÚSSIA

OS FILHOS TROCARIAM SUAS FRALDAS?

Rossandro Klinjey*

Os filhos que você está criando hoje trocariam as suas fraldas?

“Minha avó e meu avô tiveram Alzheimer, por isso eu passei por umas cenas muito engraçadas com meu avô. Uma vez fomos ao banco Itaú receber sua aposentadoria, e eu tinha que deixá-lo receber seu dinheiro para que ele tivesse esta autonomia e preservasse sua dignidade. Na fila, ele me disse assim, bem alto: ‘Meu neto, não me roube não!’. Todo o mundo olhou para mim e eu me senti aquele cara que vai receber o dinheiro do avô para comprar drogas. ‘Não, vô, não o roubo não, que isso!’, rebati.

Quando eu senti que ele não tinha mais autonomia para morar sozinho, levei-o, junto a minha avó, para a casa de minha mãe. Certa vez, um sobrinho seu lhe disse: ‘E aí, tio, o senhor está se sentindo bem? Está sendo bem tratado?’. Meu avô olhou ao redor para ver se tinha alguém por lá, mas não me viu no escritório e, crendo que não tinha ninguém, respondeu: ‘Meu filho, aqui é tão ruim! Eu sofro tanto aqui’. O rapaz foi arregalando os olhos e questionou: ‘Por quê?’ Então ele continuou: ‘Você acredita que todo dia eu como uma mistura que não tem carne? Eu como uma papa’.

Nós tínhamos que bater a carne no liquidificador – ele usava prótese dentária, mas não tinha condições de comer algo mais duro por conta da doença. Meu avô prosseguiu: ‘Eu durmo no relento, me botam para dormir no meio do mato’. O rapaz e eu fomos ficando impressionados. ‘No final da tarde, a tragédia não termina, porque aquele meu neto, que tem uma carinha de bom, vai me dar um banho de mangueira’, continuou.

O rapaz foi me procurar e eu expliquei tudo: mostrei como era a carne, mostrei que no quarto do meu avô havia um jardim de inverno (o que ele chamava de ‘meio do mato’) e que no banheiro havia a mangueirinha do chuveiro com a qual eu dava banho nele enquanto ele ficava sentado na cadeira plástica. Porém, um primo muito distante me ligou um dia querendo satisfação, alegando que eu estava maltratando meu avô. Então eu lhe disse: ‘Olha, como é que uma pessoa vive até os 93 e é maltratada? Se você quiser, venha aqui ver a situação, só não me acuse sem saber das coisas’.

E você, já limpou fralda? Já teve que comprar aquela almofadinha para o cóccix? Pois eu pergunto: os filhos que vocês estão criando fariam essas coisas por vocês? Vamos pensar no porquê não: as dificuldades da vida nos forjam competência, dignidade e respeito. A geração que nasceu na época moral e cívica é a geração que sabia que quem mandava no lar eram os pais. E isso é o que é certo. No decálogo de Moisés já vinha escrito: ‘Honra a teu pai e a tua mãe’. O problema é que muitos pais e mães não se fazem honrar pelos seus filhos. Eles deixam a posição de pai e mãe, que é única, para ser amigos, para se igualar aos filhos.

Essa geração que viveu a época moral e cívica é uma geração que ‘ralou’, que passou fome etc. Eu mesmo vivia com roupa dos outros (pobre não escolhe a roupa, é a roupa que escolhe com qual pobre ela vai ficar). Passar por apertos assim nos faz querer conquistar, ter esforço, nos faz perceber o que ninguém pode fazer por nós mesmos.

Os pais da década de 70 sofreram muito, inclusive para ir à escola. E tiveram, atualmente, a infeliz ideia de dizer: ‘Meus filhos não vão passar pelo que nós passamos’. No entanto, eles estão se esquecendo de que só são o que são por conta do que passaram. Não estou dizendo que os filhos precisam passar fome, nem viver com a roupa dos outros, mas eles têm que entender que tudo o que os pais fazem é um benefício amoroso para eles, e que a casa dos pais não é deles”.

*Transcrição do vídeo “Os filhos precisam entender que a casa dos pais não é dele” (abaixo) – de Rossandro Klinjey. Rossandro Klinjey é palestrante, escritor e Psicólogo Clínico. Autor vários de livros, sendo os mais recentes, As cinco faces do Perdão, Help: me eduque! e Eu escolho ser feliz. No programa Fátima Bernardes ele trabalha temas relacionados a comportamento, educação e família. Também é colunista da Rádio CBN. A transcrição foi feita pelo Portal Raízes.

Fonte: https://www.pensarcontemporaneo.com

FRASES ILUSTRADAS

sexta-feira, 24 de junho de 2022

SEIS POR MEIA DÚZIA

José Horta Manzano

Nossa memória coletiva é curta. Fatos que enchiam a atualidade 5 ou 6 anos atrás sumiram, saíram de cartaz e ninguém fala mais deles.

Lula da Silva assumiu a Presidência em 2003. Com o passar dos anos, o lulopetismo foi se entranhando na cena política nacional. Com linguajar soviético-policial, dizia-se que o PT tinha “aparelhado” as instituições da República; que seus braços tinham “infiltrado” estatais, autarquias, semiautarquias, agências, departamentos e repartições; que estava tudo “dominado”.

A infiltração parecia estar instalada para todo o sempre. A menos que se faça uma despetização, “o Brasil está perdido”, temia-se. Nesse espírito, Bolsonaro foi eleito.

Não foi preciso esperar os 13 anos da era anterior. Hoje, passados apenas 4 aninhos, eis que de novo a sensação geral é de que a República está infiltrada. A diferença é que, desta vez, não são mais elementos lulopetistas, mas bolsonáricos.

Contas feitas, jornalistas informam que, nos altos escalões, seis mil militares estão refestelados. Sem contar montanhas de apadrinhados em estatais, autarquias, semiautarquias, agências, departamentos e repartições.

Igualzinho ao que era antes. Trocamos seis por meia dúzia.


Isso deixa uma notícia ruim: seja quem estiver instalado no trono, sinecuras serão tomadas de assalto por uma horda de companheiros e apaniguados sem qualificação para o posto nem disposição para o batente.

Tem-se a impressão de viver num rodopio, num moto perpétuo, num movimento pendular supernocivo para a sociedade, mas no qual nós, os membros da sociedade, não podemos participar.


Por seu lado, a prisão de doutor Ribeiro, ex-ministro da Educação – pessoa notoriamente não qualificada para o cargo que exerceu – é boa notícia. Não digo a prisão em si, dado que, dependendo do juiz, um habeas corpus a qualquer hora vai tirar o doutor do cárcere. A boa notícia é que, diferentemente do que às vezes se imagina, não está tudo dominado.

A Polícia Federal continua cumprindo sua missão e mostrando que não é órgão do governo, mas do Estado brasileiro. É um alívio, uma constatação importante nestes tempos de desvirtuamento das instituições. Não é a salvação da lavoura, mas não deixa de ser um bálsamo.

Fonte: brasildelonge.com
Os problemas são oportunidades para se demonstrar o que se sabe. (Duke Ellington, músico americano, 1899-1974)

LUGARES

LAGOS ANDINOS - ARGENTINA

MR. MILES


Dear Mr. Miles: viajar é uma fuga ou uma busca? Sua leitora fiel,
Marilia Linz, por email

Well, my dear: de uma forma ou de outra tenho respondido a questões como essa desde o início de minha atividade de cronista-viajante. Terei, however, imenso prazer em retomar essa discussão porque muito me agrada discorrer sobre as questões maiores que se ocultam atrás do mero ato de preparar as bagagens, embarcar e transportar-se para outra parte do mundo.

In my opinion, viajar só é um fuga para fugitivos reais, como meu compatriota Ronald Biggs, que ficou décadas no Rio depois de assaltar um trem pagador. Ou como este famoso Roger Abdelmassih, um pretenso medico que estuprou dezenas de suas pacientes para, oh, my God, ajudá-las a ter filhos — e que agora já foi capturado.

Esteja certo, dear Marilia, que há mais fugitivos reais espalhados pelo mundo do que supõe nossa vã consciência. Também partem em fuga vítimas de governos opressores, de guerras civis e de pobreza extrema. E, of course, nesses casos a fuga é repleta de dor e perda, é o exílio forçado e, em última instância a movimentação humana que produz povos ricos em diversidade racial, religiosa e cultural.

Unfortunately, nenhuma viagem serve como fuga dos problemas de quem viaja. Você está triste? Pois não viaje acreditando que a jornada vai torná-la feliz. A tristeza, a depressão, o medo, a dor ou qualquer outra agonia são mais leais do que cães de estimação. Não importa para onde você vá: elas vão junto com você. Não há armário onde seja possível trancá-las. Não há hotéis onde você possa hospedá-las enquanto estiver viajando. Meu grande e saudoso amigo, o doutor de almas Nelson Montag, sempre recomendou aos seus pacientes que viajassem quando quisessem. Mas, por via das dúvidas, reservava um horário na agenda para prosseguir o tratamento depois do retorno. “Eles sempre voltam, Miles. Nossas dores viajam conosco e não desembarcam em qualquer escala”.

Já para buscar, seja lá o que for, nada é melhor do que partir mundo afora. Até se for para buscar o que você ainda nem sabe que existe para ser buscado. Esta, aliás, é a grande vantagem que a viagem tem em relação a buscadores modernos como o Google. É provável que você encontre tudo o que procura digitando algumas letrinhas na tela de seu computador. O problema, however, é que você não estará preparado para buscar, caso não tenha partido, caso não tenha conhecido outros povos, provado outros pratos e entendido outros costumes. Viajar, como repito e repito, é o ato de buscar. E as respostas não vêm na forma de sites, blogs, microblogs e toda essa cornucopia de informações insípidas. Quando você está buscando o mundo, seja do jeito que for, as respostas virão no aroma das flores, na temperatura do ar, nos sabores dos temperos, no colorido das tardes, no mistério dos crepúsculos e no ruído das praças. Melhor que isso: você nem precisa saber o que está buscando e, ainda assim, as respostas estarão todas na sua frente.

Em outras palavras, dear Marilia, não fuja. Busque. É muito melhor.

Fonte: Facebook

FRASES ILUSTRADAS

quinta-feira, 23 de junho de 2022

OS BRASILEIROS E AS BRASILEIRAS

José Horta Manzano

Certos tiques de linguagem são irritantes. Essa tendência que acomete jornalistas e outros escribas a confundir sexo de gente com gênero de palavra complica desnecessariamente o trabalho de escrita. Este blogueiro, por ser antigo, conserva os hábitos dos tempos de antigamente.

De fato, não é do meu feitio usar a moderna “linguagem inclusiva” do tipo “Brasileiros e brasileiras!”, saudação introduzida pelo pranteado (embora ainda vivo) presidente Sarney.

Se não me dobro a essa modernidade, não é tanto por convicção, mas por não achar que ela seja útil nem necessária. Portanto, quando digo “o brasileiro”, estou me referindo a todos os brasileiros e brasileiras, independentemente de sexo. Se menciono “o político brasileiro”, estou incluindo os personagens políticos de todos os sexos. Me parece uma evidência.

Se menciono, genericamente, “o jornalista”, “o mensageiro”, “o diretor”, estou me referindo, naturalmente, a jornalistas homens e a jornalistas mulheres, a mensageiros e mensageiras, a diretores e diretoras. Seria ridículo dobrar-se a modismos como “os jornalistas e as jornalistas”, “o diretor ou a diretora”, “o (a) mensageiro (a)”. Sobrecarrega a frase sem precisão.

Em dez anos de blogue, jamais recebi nenhuma reclamação ligada a essa recusa a me dobrar diante dessa imposição. É sinal de que meus leitores são gente inteligente. E minhas leitoras também, evidentemente.

O que acabo de dizer não precisava nem ser explicado. Mas, explicando, fica melhor ainda.

Fonte: brasildelonge.com
Felicidade em pessoas inteligentes é a coisa mais rara que conheço. (Ernest Hemingway)

LUGARES

ANGHIARI - ITÁLIA
Anghiari é uma comuna italiana da região da Toscana, província de Arezzo, com cerca de 5.847 habitantes. Estende-se por uma área de 130 km², tendo uma densidade populacional de 45 hab/km². Faz fronteira com Arezzo, Caprese Michelangelo, Citerna, Monterchi, Pieve Santo Stefano, Sansepolcro, Subbiano. Wikipédia

NÃO TROPECE NA LÍNGUA


FALANDO DE NÚMEROS E NUMERAIS
--- Gostaria de saber como utilizar o algarismo romano, se precisa colocar por exemplo Capítulo XIIIº ou não precisa colocar o º e se está certo colocar o º apenas em numerais de 1 até 9, isso se falando de artigos ou capítulos. Marcia, Fortaleza/CE

Nos algarismos romanos não se usa ª ou º [“a” e “o” elevados] para indicar que se trata de numeral ordinal. Assim sendo, escreva: X Convenção, II Simpósio, Capítulo XVI.

Com os algarismos arábicos usam-se as tais vogais elevadas, ou sinais indicativos de ordinal [º ou ª], em qualquer número, não importa o tamanho do algarismo, desde que não se trate de linguagem jurídica: 1ª garagem, 2º andar, 10ª Convenção, 34º Encontro Estadual...

Na redação de leis só se usa ordinal até o 9º artigo, como é explicado na coluna Não Tropece na Língua 54.

--- Gostaria de saber como é a regra de concordância para números. Ex.: Um é pouco, dois é bom, três é demais. Os números 2 e 3 não deveriam ter os verbos concordando com o plural? Luis Cláudio, Rio de Janeiro/RJ

--- Duzentos livros são necessários/suficientes ou é necessário/suficiente? T., São José dos Campos/SP

Os numerais a partir de 2, com ou sem o acompanhamento de um substantivo e na função de sujeito da oração, levam o verbo para o plural:
  • Dois passaramquatro ficaram na reserva.
  • Treze das trinta cabeças foram marcadas a ferro.
  • Apenas vinte (pessoas) estiveram na cerimônia.
  • Cinco presidiários fugiram, mas três foram recapturados.
  • Estás vendo a turma? Apenas dois são meus amigos.
  • Duzentos livros são necessários.
  • Disseram os jornais que dois milhões de pessoas estão subnutridas.
  • Cem talheres serão suficientes. 
Há, porém, uma concordância especial para o verbo SER quando o sujeito indica preço, peso, porção, quantidade, medida. Neste caso o verbo passa a concordar com as expressões muito, pouco, o suficiente, o mínimo, demais etc., permanecendo então neutro, na terceira pessoa do singular:
  • Sete anos de noivado foi muito.
  • Dez metros de fita é pouquíssimo
  • Cem reais é o suficiente.
  • Seis é o mínimo desejável.
  • Um é pouco, dois é bom, três é demais.
Fonte: www.linguabrasil.com.br