sábado, 31 de julho de 2021

A BATALHA DAS VARIANTES

A BATALHA DAS VARIANTES
Hélio Schwartsman

Resta-nos torcer pela gama, mas nos preparar para a delta

A variante delta vai provocar uma terceira onda de Covid-19 no Brasil? Não sabemos, mas essa é uma possibilidade para a qual precisamos estar muito atentos.

Lidamos aqui com um experimento biológico inédito, que consiste em lançar a nova variante num ambiente em que a cepa dominante é a gama. É Darwin quem dá as cartas. Se a delta apresentar uma vantagem competitiva sobre a gama, então a variante que fez sua primeira aparição na Índia deverá se espalhar com rapidez entre nós, com grandes chances de provocar um novo round de contaminações. A delta já mostrou que é capaz de vencer a alfa e a beta.

Há, é claro, outros fatores a considerar. O mais importante é a quantidade de pessoas que ainda são suscetíveis à infecção por Covid-19. Mesmo que a delta seja muito mais contagiosa do que a gama, a devastação que ela pode causar ficará limitada se a grande maioria da população já estiver imunizada, por vacinas, por ter se recuperado da doença ou por uma combinação dos dois.

E aqui, de novo, a delta preocupa. O Brasil já vacinou 62% da população adulta com a primeira dose, mas apenas 24% estão com o esquema completo. Estudos sugerem que a imunização parcial, que já assegura uma proteção razoável contra as variantes tradicionais, não funciona tão bem contra a delta. Mesmo países que estavam bem mais adiantados na imunização (e com um gap menor entre primeira e segunda doses), como Israel, Reino Unido e EUA, experimentaram repiques quando a nova variante se espalhou.

Nesse contexto, resta-nos torcer pela gama, mas nos preparar para a delta. Não é obviamente o caso de promover lockdowns preventivos, mas prefeitos e governadores deveriam redobrar a cautela antes de relaxar restrições que ainda estão em vigor. É politicamente muito mais custoso ter de recuar em alguma liberação do que prosseguir com cuidado na reabertura. As próximas semanas nos trarão as respostas.

Fonte: Folha de S.Paulo
Os amigos verdadeiros são aqueles que vêm compartilhar a nossa felicidade quando os chamamos, e a nossa desgraça sem serem chamados. (Demetrio de Falera)

LUGARES

LAGOS ANDINOS  
CHILE
ARGENTINA

NUNCA SE MENTIU TANTO E DE FORMA TÃO DESAVERGONHADA

NUNCA SE MENTIU TANTO E DE FORMA TÃO DESAVERGONHADA
Eberth Vêncio

Eu te amo. Eu nunca disse eu te amo. Aliás, amar não tem nenhuma comprovação cientifica. A ignorância é contagiosa: testei positivo para o negacionismo. A Terra é plana, redonda e com um buraco no meio. Odair José virou cantor cult. Na prática, o Terror das Empregadas é mesmo o Ministro da Economia. Os terrivelmente evangélicos serão abduzidos por último. A estratégia é ir passando a boiada sobre a verdade, até ela virar mingau. A cloroquina, se não mata, engorda. Ozônio no rabo dos outros é refresco. Sem frescura: tomei no cu e fiquei curado. A vacina chinesa vai implantar um chip no cérebro das pessoas, até mesmo, das que não possuem um. Celebridades não usam máscaras. Iniciei um romance bandido com uma deputada federal numa balada clandestina fenomenal. Quem diria: agora, os maconheiros são contra queimar mato na Amazônia. Acreditar no futuro é programa de índio. Aliás, os garimpeiros cavoucaram as terras das reservas indígenas e não encontraram nenhum indício de dignidade. Era ouro o que eles procuravam. Os alquimistas — e os comunistas — estão chegando. Ninguém me tira da cabeça que o vírus da corrupção foi criado em laboratório. O Ministério da Saúde adverte: parece que Deus realmente não existe. Se existe e, se é brasileiro, não vai conhecer a Disney este ano. Dólar a 6 por 1. Ademais, pestilentos que somos, fomos barrados, inclusive, nos quintos dos infernos. A indústria bélica anda em polvorosa. Vamos desalmar toda a população até o final do mandato. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Os políticos beneficiados pela prisão domiciliar já se declararam contrários ao lockdown. Está liberada a punheta como tratamento precoce para ejaculação precoce. Adélio Bispo era doido, mas, tinha lá os seus motivos. É dos maricas que elas gostam mais. Nosso país não é o que mais vacina no mundo; é o que mais mente. Na guerra contra a democracia, defendo a injeção de água-de-coco na veia e o voto de cabresto impresso e auditável. Sou plenamente favorável ao fechamento imediato da sua boca e da abertura irrestrita das suas coxas. Grosso é o cacete! Tudo o que eu sei de ruim aprendi com O Mito. O pior cego é o que não quer me ver nem pintado de ouro. Você é democrata, mas, não é dois. A Inês é morta juntamente com os bandidos bons. Os ruins, não. Os ruins continuam no governo. Chega de mi-mi-mi: Elvis morreu e ponto final. Isso a Globo-lixo não mostra: a gente só queria tirar a esperança do coração das pessoas. Deu no que deu.

Fonte: https://www.revistabula.com

FRASES ILUSTRADAS


sexta-feira, 30 de julho de 2021

BRIGAR COM VICE É MAU NEGÓCIO

BRIGAR COM VICE É MAU NEGÓCIO
Elio Gaspari

O Brasil não precisa de mais esse rolo

Em apenas dois meses, Bolsonaro ameaçou não realizar eleições, insultou senadores da CPI, disse que faltou maconha nos protestos contra seu governo e queixou-se da Receita Federal por ter ido “com muita sede ao pote” num projeto que não é dela, mas do ministro da Economia do seu governo.

É compreensível que uma pessoa capaz de acreditar que a cloroquina remedia a Covid e as vacinas são experimentais acredite em bizarrices. Ex-aluno da Academia Militar das Agulhas Negras, somou -4 com +5, obteve um + 9 e viu no desempenho econômico do seu governo “um milagre”: “É inacreditável”.

Atitudes inacreditáveis, porém pontuais, são uma coisa, mas presidente atacando seu vice publicamente é coisa perigosa que, além de tudo, traz falta de sorte. Bolsonaro disse que seu vice, Hamilton Mourão, “por vezes atrapalha”.Comparou-o a um cunhado: “Você casa e tem que aturar, não pode mandar embora”. Ao contrário do que acontece com seus cunhados, quem escolheu Mourão para sua vice foi ele. Aturá-lo faz parte da ordem constitucional.

Fernando Henrique Cardoso e Lula tiveram nos vices Marco Maciel e José Alencar colaboradores exemplares. Nos últimos 50 anos dois presidentes encrencaram com seus vices: Dilma Rousseff e João Baptista Figueiredo. Ambos se deram mal. Ela foi retirada do cargo e Michel Temer tomou-lhe o lugar. Figueiredo saiu do palácio por uma porta lateral, enquanto o vice, Aureliano Chaves, tomava posse no ministério escolhido por Tancredo Neves.

Indo mais longe, Jânio Quadros não se dava com João Goulart e renunciou achando que ele não seria empossado. No mínimo, brigar com vice não dá sorte.

Mourão foi escolhido às pressas (o preferido era o príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança) e acreditou que teria uma função relevante no governo, talvez cuidando da infraestrutura. Esqueceu-se da lição de Stanislaw Ponte Preta, o inesquecível personagem do jornalista Sérgio Porto: “Vice acorda mais cedo para ficar mais tempo sem fazer nada”.

Mourão está acima da média da equipe de Bolsonaro e poderia ter ajudado em tarefas mais meritórias do que embarcar para Angola numa missão municipal. Ademais, ele só foi colocado na chapa porque traria consigo um apoio militar. Fosse qual fosse o tamanho desse apoio, também não dá sorte perdê-lo. Sobretudo numa fase durante a qual, para um militar, a associação com Bolsonaro pode trazer vantagens, mas cobra prestígio.

O pior que pode acontecer a um país com mais de 500 mil mortos numa pandemia e 14,7 milhões de vivos desempregados, é ter um capitão na Presidência desentendido com um general na vice. Mourão e Bolsonaro não conseguiram criar uma relação parecida com as dos dois presidentes da ditadura que tiveram vices militares. O almirante Rademaker (vice de Emílio Médici) e o general Adalberto Pereira do Santos (vice de Ernesto Geisel) dormiam até tarde e foram felizes para sempre.

É sabido que o presidente e seu vice afastaram-se. Contudo, uma separação pública de Bolsonaro e Mourão conduzirá inevitavelmente a um reflexo no meio militar. Quando esse veneno entra nos quartéis, a desintoxicação custa caro e demora anos para cicatrizar.

Fonte: Folha de S. Paulo
Um efeito essencial da elegância é ocultar seus meios. (Honoré de Balzac, escritor francês, 1799-1850)

LUGARES

CÓRDOBA - ESPANHA

MR. MILES


IDIOMAS ÚTEIS

Hoje em dia quais são as línguas mais importantes de se aprender? E quais são suas dicas para bem aprendê-las? Matheus Santos, Mogi Guaçu

Well, well, my friend: importante, ao meu ver é sempre aprender um idioma a mais. É o que faço durante minhas horas vagas, embora ciente das lacunas de comunicação que carregarei forever, visto que, ainda que com a saúde muito boa, não disporei de tempo para dominar as 6912 línguas faladas neste nosso pequeno planeta. Anyway, se eu tivesse de lhe sugerir o mix mais abrangente possível, minha proposta incluiria apenas quatro idiomas além do seu próprio: o mandarim, o hindu, o inglês (of course) e o espanhol. Imagine, my fellow, que conseguindo aprender just these four languages, você será capaz de comunicar-se diretamente com 1 bilhão e 825 milhões de pessoas. It’s a lot of people, isn’t it?

Quer passar de dois bilhões? Inclua o árabe no seu aprendizado. Seu curriculo será imbatível. Exceto, of course, se você trabalha com motores. Nesse caso, o alemão é imprescindível, isn't it?

Se o seu interesse forem as mulheres mais bonitas, faz-se imperioso um curso intensivo de letão e ucraniano. Essa é uma dica muito pessoal, pela qual, by the way, não vou lhe cobrar nada. Se, pelo contrário, estiver atrás de um bom contrato para jogar futebol no exterior, o usbeque está em alta.

However, Mathew, se sua intenção for verdadeiramente nobre, o melhor é dedicar-se a um dos quase cinco mil idiomas que estão ameaçados de desaparecer até o ano 2100, porque são falados por menos de 2500 pessoas. São línguas de povos da Amazônia, da Sibéria, do Alaska e de outras comunidades isoladas. Eu, por exemplo, estou procurando um professor de udihe. Alguém aí pode me indicar?

Fonte: Facebook

FRASES ILUSTRADAS


quinta-feira, 29 de julho de 2021

OS ÓRFÃOS DA PANDEMIA

OS ÓRFÃOS DA PANDEMIA
Pedro Hallal*

Os mais de 1 milhão deixados sem pai ou mãe pela pandemia não podem ser tratados como rebanho

A revista científica Lancet publicou um artigo conduzido por pesquisadores de diversos países sobre os órfãos da pandemia.

O artigo estima que a pandemia deixou órfãs mais de 1,1 milhão de crianças no mundo, sendo mais de 100 mil delas no Brasil. O país registrou a morte de 2,4 pais/mães para cada 1.000 crianças. É uma das maiores taxas de órfãos no mundo.

O impacto de longo prazo dessas perdas é difícil de quantificar, mas infelizmente inclui prejuízos afetivos, sociais, educacionais e na saúde mental. Lembro do meu tempo de escola. Uma ou duas vezes por ano acontecia de algum coleguinha perder um avô, avó ou até um dos pais. Normalmente, o coleguinha ficava uns dias sem vir à escola. Nas vésperas do seu retorno, a professora conversava com a turma, nos preparando para receber o retorno do coleguinha. Toda essa rede de apoio ajudava os colegas em luto a retomarem suas atividades.

Imagine uma geração inteira que não teve a chance de elaborar esse luto na companhia dos colegas e amigos.

É muito triste saber que muitas dessas crianças não estariam órfãs não fosse a vexatória postura anticiência adotada pelo governo brasileiro para lidar com a pandemia.

Tivéssemos ouvido a ciência, muitas dessas crianças poderiam comemorar os seus aniversários com seus pais.

Tivéssemos ouvido a ciência, muitas dessas crianças poderiam fazer a adaptação na escola na presença dos pais.

Tivéssemos ouvido a ciência, muitas dessas crianças poderiam brincar, poderiam viajar com seus pais.

Tivéssemos ouvido a ciência, muitas dessas crianças poderiam ser repreendidas, quando necessário, por seus pais.

Tivéssemos ouvido a ciência, muitas dessas crianças poderiam contar com o colo dos pais quando ficassem doentes.

Mesmo a pandemia não tendo acabado, é obrigatório que o Estado brasileiro planeje políticas para garantir o futuro dessas crianças. Os órfãos da pandemia não podem ser tratados como rebanho. Os sistemas de saúde e educação do Brasil devem estar preparados para lidar com essa geração.

*É epidemiologista, professor da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil.

Fonte: Folha de S. Paulo

Não existe o esquecimento total: as pegadas impressas na alma são indestrutíveis. (Thomas De Quincey, escritor inglês, 1785-1859)

Não existe o esquecimento total: as pegadas impressas na alma são indestrutíveis. (Thomas De Quincey, escritor inglês, 1785-1859)

LUGARES

PUERTO VARAS - CHILE
Puerto Varas é uma comuna e cidade do Chile, localizada na Região de Los Lagos, a cerca de 960 km ao sul de Santiago. O aeroporto mais próximo fica em Puerto Montt, à cerca de 25 km de distância de Puerto Varas.

NÃO TROPECE NA LÍNGUA



ALCORÃO = CORÃO, EM UM = NUM
ALCORÃO OU CORÃO

O nome do livro sagrado dos muçulmanos em árabe é “al-kuran”, em que “al” é artigo definido. É por isso que também se pode escrever, em português, Corão, separando-se o artigo do substantivo. A grafia mais comum, porém, é Alcorão – embora pareça redundante dizer o Alcorão – porque é assim que se comportam as palavras de origem árabe que se incorporam à língua portuguesa: o artigo AL se aglutina à palavra-base na passagem para o português. O falante não percebe ou não sabe disso quando diz: a alface, a alfândega, a almofada, a almôndega, o algodão, a aldeia, a alcova, a alcachofra, o alfinete, o algarismo, o alvará, o almoxarife – só para dar alguns exemplos em que o artigo em português é concomitante ao artigo árabe.

EM UM OU NUM

Não há nada na gramática e tampouco nas obras de literatura contra o uso da contração da prep. EM com os artigos indefinidos [um, uns, uma, umas]. A aproximação dos dois elementos conduz naturalmente, pela ressonância nasal, à contração: num, numa, nuns, numa. Tanto é que se fala assim.

Deixo por conta de Evanildo Bechara a síntese do caso: “Sabemos desde os primeiros bancos escolares que, quando se encontra na cadeia da frase a preposição de com o artigo definido ou pronome iniciado por vogal, se dá a contração: O livro de o menino / O livro do menino. A casa de ele / A casa dele. Já com os artigos indefinidos e certos pronomes iniciados por vogal esta contração é facultativa: O livro de um menino / O livro dum menino. É revista de outros tempos / É revista doutros tempos” (Na Ponta da Língua, v.2, RJ: Lucerna, 2002, p.177).

A observação a fazer é que no Brasil o uso de dum é menos frequente do que em Portugal. Recebi mensagem de um lusitano assim: “Votos dum feliz Natal”. Também na Revista Luso-Brasileira de Florianópolis: “A Marcha dum Povo”. Entretanto, NUM é tão usual aqui quanto lá. Existem algumas situações em que a eufonia exige mesmo a contração, por exemplo quando a palavra anterior traz a terminação “em”: Creem em um só Deus [em em]. Melhor: Creem num só Deus.

O único caso em que se recomenda (mas não se obriga, cf. Machado de Assis, abaixo) usar em um é quando se trata do numeral. Exemplo: Ele estará de volta em um ou dois dias.

Fui procurar este emprego no grande escritor brasileiro Machado de Assis. Em duas páginas seguidas de “Memórias póstumas de Brás Cubas” (Abril Cultural, 1978, p. 22 e 23) já deparei com três ocorrências:

1. “Como tocássemos, casualmente, nuns amores ilegítimos, meio secretos, meio divulgados, vi-a falar com desdém.”

2. “Com efeito, abri os olhos e vi que o meu animal galopava numa planície branca de neve.”

3. “Logo depois, senti-me transformado na Suma Teológica de Santo Tomás, impressa num volume, e encadernada em marroquim, com fechos de prata e estampas.”

Anote: embora se tratasse de um volume, o autor usou a contração.

Então, não é questão de bom ou mau uso, certamente. Apenas de estilo e gosto; gosto pela redação mais fluente que as contrações das preposições com os artigos sem dúvida propiciam. 

Fonte: www.linguabrasil.com.br

FRASES ILUSTRADAS


quarta-feira, 28 de julho de 2021

DESASTRE NA PGR

Charge do Nani (nanihumor.com)
DESASTRE NA PGR
J. R. Guzzo
(Gazeta do Povo)

Mais do que errar, Bolsonaro repete o erro — o que mostra, infelizmente, que não erra por acaso

O presidente Jair Bolsonaro, como se sabe desde que ele começou a assinar nomeações de peixes gordos para o seu governo, já mostrou com clareza que é muito ruim para escolher qualquer funcionário que tenha alguma coisa a ver com justiça. Mais do que errar, ele se tornou um especialista na arte de repetir o erro — o que mostra, infelizmente, que não erra por acaso.

O último chute no pau da barraca foi a renomeação do procurador-geral da República, Augusto Aras, para mais um período no cargo que vem tratando tão mal desde que foi nomeado a primeira vez.

A FAVOR DA CORRUPÇÃO – O problema desse Aras 2.0 não é, como se escandalizaram os crentes no estado de graça permanente do Ministério Público, o fato de não fazer parte da “lista tríplice” expedida pelos militantes sindicais do MP. O problema real está no fato de que Aras é, na data de hoje, um dos instrumentos mais eficientes para impedir o combate à corrupção que despacha dentro da máquina estatal brasileira.

Aras vem destruindo, em tudo o que faz, todo o trabalho do MP contra a ladroagem que chegou a extremos inéditos nos governos Lula-Dilma — os 13 anos e meio em que a politicalha e seus vários senhores mais roubaram na história do Brasil.

Para não alongar um assunto sobre o qual até as crianças com 10 anos de idade estão suficientemente informadas, o PGR que Bolsonaro agora nomeia de novo mandou acabar, sem o menor constrangimento, nada menos que a Operação Lava Jato — enfim desfeita, de forma oficial e com toda a papelada de praxe, em fevereiro último.

HERÓI DOS POLÍTICOS – Precisa dizer mais alguma coisa? O PGR de Bolsonaro, na verdade, é hoje o herói da classe política brasileira — não só de Lula e do PT, mas de todo político enrolado com o Código Penal que dá expediente entre o Oiapoque e o Chuí. Por isso mesmo, não vai se ver o senador Renan & cia. propondo nenhuma CPI para “investigar” Augusto Aras, ou dar um pio sobre o assunto.

“Precisamos estancar a sangria”, disse o ex-senador Romero Jucá, em momento realmente histórico da política brasileira, durante o governo Michel Temer. Pois foi isso, exatamente, que Aras fez: estancou a sangria.

Poucas vezes um mandarim da política de Brasília resumiu tão bem, como Jucá, os sentimentos verdadeiros dos seus pares. E poucas vezes um PGR fez com tanta perfeição o trabalho que os políticos brasileiros realmente esperavam dele.

TODOS FICAM QUIETINHOS – É por essa razão, e nenhuma outra, que os fugitivos da lei penal ficam tão quietinhos quando o assunto é PGR. Os mais excitados ativistas em favor da “democracia”, e contra o genocida de direita, jamais deram um pio neste assunto. O genocida, aí, vira um grande homem.

Aras piorou notavelmente o seu desastre ao congelar investigações sobre o filho do presidente e calar-se sobre as violências grosseiras que o STF fez em seu “inquérito contra os atos antidemocráticos” e as suas agressivas intervenções nas áreas de competência dos outros poderes.

Cala-se, consente e está mantido no cargo. “Governabilidade” deve ser isso aí.

Fonte: Tribuna da Internet
Ninguém pode ser sábio de estômago vazio. (George Eliot)

LUGARES

ASSIS - ITÁLIA

PORTUGUÊS NÃO É PARA AMADOR

PORTUGUÊS NÃO É PARA AMADOR
(Desconheço o autor)

Um poeta escreveu:

"Entre doidos e doídos, prefiro não acentuar".

Às vezes, não acentuar parece mesmo a solução.

Eu, por exemplo, prefiro a carne ao carnê.

Assim como, obviamente, prefiro o coco ao cocô.

No entanto, nem sempre a ausência do acento é favorável...

Pense no cágado, por exemplo, o ser vivo mais afetado quando alguém pensa que o acento é mera decoração.

E há outros casos, claro!

Eu não me medico, eu vou ao médico..

Quem baba não é a babá.

Você precisa ir à secretaria para falar com a secretária.

Será que a romã é de Roma?

Seus pais vêm do mesmo país?

A diferença na palavra é um acento; assento não tem acento.

Assento é embaixo, acento é em cima.

Embaixo é junto e em cima separado.

Seria maio o mês mais apropriado para colocar um maiô?

Quem sabe mais entre a sábia e o sabiá?

O que tem a pele do Pelé?

O que há em comum entre o camelo e o camelô?

O que será que a fábrica fabrica?

E tudo que se musica vira música?

Será melhor lidar com as adversidades da conjunção ”mas” ou com as más pessoas?

Será que tudo que eu valido se torna válido?

E entre o amem e o amém, que tal os dois?

Na sexta comprei uma cesta logo após a sesta.

É a primeira vez que tu não o vês.

Vão tachar de ladrão se taxar muito alto a taxa da tacha.

Asso um cervo na panela de aço que será servido pelo servo.

Vão cassar o direito de casar de dois pais no meu país.

Por tanto nevoeiro, portanto, a cerração impediu a serração.

Para começar o concerto tiveram que fazer um conserto.

Ao empossar, permitiu-se à esposa empoçar o palanque de lágrimas.

Uma mulher vivida é sempre mais vívida, profetiza a profetisa.

Calça, você bota; bota, você calça.

Oxítona é proparoxítona.

Na dúvida, com um pouquinho de contexto, garanto que o público entenda aquilo que publico.

E paro por aqui, pois esta lista já está longa.

Realmente, português não é para amador!

Se você foi capaz de ENTENDER TUDO, parabéns!! Seu português está muito bom!

FRASES ILUSTRADAS


terça-feira, 27 de julho de 2021

DEPOL

DEPOL
José Horta Manzano

Estava lendo hoje a sequência do relato daquele estranho incidente que vitimou doutora Hasselmann, deputada federal. Foi impressionante ver suas imagens com o rosto intumescido. Não se conhece ainda o fim da história, se é que se conhecerá um dia. Mas já deu pra aprender um detalhe que pelo menos este blogueiro, até ontem, ignorava.

Eu sabia da existência de um corpo de polícia especialmente dedicado à Câmara Federal. Imaginei que as atribuições dele se limitassem a cuidar da ordem no recinto parlamentar, como uma espécie de segurança reforçada. Pensava que servisse para expulsar visitantes inoportunos, para conter deputado surtado, para apartar briga entre excelências. Pois acabo de aprender que seu raio de ação é bem mais amplo.

Além de cuidar de incidentes menores, o Departamento de Polícia Legislativa (Depol) cuida também da segurança dos parlamentares, servidores “e quaisquer pessoas que eventualmente estiverem a serviço da Câmara”.

Essa disposição deve criar situações curiosas. Suponhamos que o distinto leitor se encontre no recinto da Câmara e, por um motivo qualquer, tem uma discussão com um parlamentar ou com um servidor. Os ânimos se exaltam e estoura uma briga. A polícia legislativa intervirá para garantir a segurança do parlamentar (ou do servidor). Quanto a você, cidadão rasteiro, terá de chamar a polícia comum e esperar que venha. Pode parecer brincadeira, mas, se forem respeitadas as atribuições, o Depol não está lá pra defender gente de fora. Só os do clube.

O Depol dá também segurança ao presidente da Câmara em qualquer ponto do Brasil e no exterior. Isso significa que quando doutor Lira, presidente da Câmara, viaja de passeio a Paris, tem direito a um par de seguranças postados à entrada do bistrot enquanto degusta uma bandeja de ostras regadas por um vinho branco da Alsácia. E você sabe quem paga a conta do festim.

Pra fechar o capítulo das incumbências, cabe ainda ao Depol apurar infrações penais cometidas no recinto legislativo, em suas dependências ou contra qualquer das excelências. Eis por que a deposição de doutora Hasselmann foi tomada pelo Depol, que, investigando sob sigilo, cuidará de apurar a denúncia de agressão.

Confesso que não sabia da existência dessa polícia paralela. E muito menos sabia que agisse na legalidade, abrigada na Casa do Povo. Sabia apenas da existência de milícias privadas estabelecidas geograficamente longe da Câmara. Cada dia dá pra entender melhor por que razão tanta gente sem eira nem beira procura se eleger. É pra fazer como um certo capitão que passou 28 anos no bem-bom, com polpuda remuneração, apartamento funcional, auxílio-gravata e outros balangandãs (alguns bem rachadinhos). E, ainda por cima, contando com uma polícia privada pra chamar de sua.

Eu me pergunto se a Câmara precisava realmente investir nosso dinheiro numa polícia especial, só dela, pra fazer um trabalho que a polícia comum já faz. Que tivessem um corpo de seguranças, vá lá. Mas… uma polícia que se encarrega de apurar infrações penais? Será que dispõem de um corpo técnico, com investigadores, frota de veículos, helicópteros, dactiloscopistas, psicólogos, que se comportam como nos filmes americanos, quando entra em cena a polícia técnica?

Nossa República é cheia de surpresas. Todo dia a gente fica sabendo de uma nova. Essa que acabo de descobrir é um resultado perverso do sistema em que legisladores legislam em causa própria. Em países normais, onde os eleitos são indivíduos de razoável bom senso, o autocontrole evita excessos, que, de qualquer maneira, não seriam aceitos pelo eleitorado. Nunca ouvi falar de nenhum país normal que disponha de corpo de polícia especial, agindo unicamente a serviço de parlamentares, seus servidores e seus familiares, a duplicar o trabalho da polícia comum. Mas nosso país, francamente, não é normal.

Fonte: brasildelonge.com
Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer. (Fernando Pessoa)

LUGARES

MADRID- ESPANHA

ROMANCE FORENSE

Charge de Gerson Kauer
QUER UM PICOLÉ?
Por Eudes Quintino de Oliveira Júnior, advogado e reitor da Unorp - Universidade de Rio Preto (SP).

Durante a noite, em pequena cidade paulista, depois de várias voltas no quarteirão para dissipar qualquer vigilância, o homem, de forma sorrateira, ganhou o interior da sorveteria e ali se instalou como um posseiro, na certeza de não ser perturbado.

Os proprietários residiam nos fundos, como é comum nas cidades do interior; e no amplo espaço comercial somente ouvia o ruído de geladeiras e freezers, no incessante e contínuo liga-desliga.
Como momentâneo possuidor, o homem foi direto ao caixa, local onde ficava guardado o dinheiro do dia. Era fácil abrir a máquina. Bastava um toque sutil e a gaveta se estendia imediatamente, oferecendo as notas devidamente separadas em valores. Sem muito pestanejar ele começou a recolher as mais graúdas, envolvê-las em um elástico apropriado e, em seguida, passou a acomodá-las no interior de um saco plástico de supermercado.

Ocorre que, ao fechar a registradora, um alarme do tipo de um sino começou a soar, despertando a atenção do proprietário. O larápio viu-se obrigado a se esconder e procurou lugar no imenso salão. Não teve dúvidas. Levantou a tampa de um freezer horizontal, que ainda guardava um pouco de sorvete, e ali se instalou.

Na rápida vistoria, o proprietário percebeu o freezer semiaberto. Aproveitou para fechá-lo e, pior, trancá-lo. O furtador, prevendo que faria companhia para os outros picolés, bateu e gritou por socorro. Foi então que o proprietário chamou a polícia, que imediatamente se fez presente.

Ao abrir a porta do freezer, os policiais encontraram o larápio trêmulo, porém chupando deliciosamente um sorvete de palito. Generosamente ofereceu aos policiais justificando que passara por ali e resolvera matar sua vontade de consumir um picolé. Só que, ao lado dele, foi encontrado o saco com as notas subtraídas.

Sentiu que entrou numa fria. Daí sua prisão.

Fonte: www.espacovital.com.br

FRASES ILUSTRADAS


segunda-feira, 26 de julho de 2021

O PAPEL DE THOMAS JEFFERSON E JAIR BOLSONARO NA POPULARIZAÇÃO DA VACINAÇÃO

O PAPEL DE THOMAS JEFFERSON E JAIR BOLSONARO NA POPULARIZAÇÃO DA VACINAÇÃO
Hélio Schwartsman

Plutarco diz ter escrito livro em que pareia biografias para ressaltar vícios e virtudes morais

Washington, 1801. Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos, logo no início de sua administração estabeleceu contato com Benjamin Waterhouse, da Escola de Medicina de Harvard. Waterhouse era um entusiasta da vacina contra a varíola, desenvolvida quatro anos antes por Edward Jenner.

Jefferson pediu a Waterhouse um pouco de “matéria vacinal” para que ele pudesse dar curso a seus próprios experimentos. Por três vezes, as amostras chegaram mortas. Jefferson insistiu. Bolou um invólucro especial para que os vírus não morressem no transporte pelo serviço postal. Deu certo. Em pouco tempo, Jefferson inoculara cerca de 200 membros de sua família e vizinhos. Anotou todas as reações à vacina. Nos meses seguintes expôs os pacientes ao vírus da varíola e constatou que todos estavam imunes.

Jefferson, embora não fosse médico (era advogado), tinha forte interesse pela ciência e pelo bem-estar das pessoas. Teve papel fundamental na popularização da vacinação nos Estados Unidos.

Brasília, 2020. Jair Bolsonaro, 38º presidente do Brasil, se viu no comando do país durante a epidemia de Covid-19. Em vez de buscar aconselhamento com os cientistas, deu ouvidos a um grupo de charlatães.

Quando empresas sérias ofereceram suas recém-desenvolvidas vacinas ao Brasil, seu governo ignorou as propostas. Interessou-se, porém, pelas ofertas de picaretas, que não tinham as vacinas, mas tentavam embolsar as comissões.

Bolsonaro, que não é médico (é um rejeito do Exército), acha que -4+5 = 9 e não tem interesse pela ciência. Aliás, não tem interesse por nada que não ele próprio e sua família. Também não dá a mínima para a vida das pessoas. Sua gestão deixou um saldo de mais de meio milhão de mortos.

Plutarco diz ter escrito “Vidas Paralelas”, livro em que pareia biografias de pessoas ilustres, não tanto para contar suas histórias, mas para ressaltar suas virtudes e vícios morais. A comparação fala por si.

Fonte: Folha de S. Paulo
Censura teus amigos em particular e elogia-os em público. (Públilius Syrius)

LUGARES

MOSCOU - RÚSSIA

A BAIXA COTAÇÃO DOS OFFLINES

Martha MedeirosMartha Medeiros

Ela estava sentada à minha frente, gloriosa aos 79 anos, uma mulher ainda bela, com a inteligência intacta, amante dos livros e do cinema, com o bom humor em pleno funcionamento, mas com uma deficiência comum a outros que, como ela, nasceram na idade da pedra lascada: entende bulhufas de computadores. Não usa smartphone, nem tablet, nem Ipad. Está alheia ao universo virtual que, segundo ela, não lhe faz a menor falta. Perguntou a mim: “Tenho esse direito?”

Ela mesma respondeu: “Descobri que não, não tenho”.

Vive sozinha há uns 25 anos e os filhos moram em suas próprias casas: a família é unida, mas eles não são onipresentes. Nem ela deseja que estejam na sua cola, é independente o suficiente para fazer suas compras, praticar exercícios, encontrar suas amigas, ir ao banco.

Ah, ir ao banco.

Ela é correntista de um grande banco que foi absorvido por outro grande banco, coisa que todo cliente é obrigado a aceitar sem direito a dar pitaco. Ok, nenhum problema. Só que é uma mulher que gosta de ter tudo na ponta do lápis, até porque este “tudo” não é tanto assim. Ela faz contas, como qualquer cidadã. Através do extrato do seu cartão de crédito, confere seus gastos mensais. Até que soube que seu banco, agora sob nova direção, não emitiria mais extratos de papel, apenas extratos online. Ela pensou: isso é bom, economia de celulose, mas eles certamente abrirão exceção para quem está fora das redes. E muito calmamente foi até sua agência solicitar a continuidade do recebimento do extrato pelo correio.

Foi tratada como se fosse um alienígena, um ser primitivo a ser estudado por arqueólogos. Saiu de lá sem a solução para essa questão que lhe parecia tão simples, e é.

Pergunta ainda não respondida: idosos (e nem tão idosos) são obrigados a se informatizarem? Humilhá-los é uma forma de punição pelo atrevimento de não terem um iToken?

Se você não viu o filme Eu, Daniel Blake, vencedor do Festival de Cinema de Cannes do ano passado, procure assistir por algum canal pago ou pelo DVD: trata da alienação forçada e injusta imposta àqueles que pegaram a revolução tecnológica no meio do caminho e não são mais consideradas pessoas que valham o esforço de um atendimento analógico.

A bela septuagenária aqui citada não é um personagem de cinema. É apenas mais uma entre tantos senhores e senhoras que se sentem excluídos por seus digníssimos gerentes de conta e por outros profissionais que esqueceram que existe vida além dos aplicativos. Até onde sei, o dinheiro de alguém de 35 anos vale o mesmo que o dinheiro de quem tem o dobro dessa idade. Ou não? Bancos, lojas, repartições: não matem seus antigos clientes antes do tempo.

Fonte: Facebook

FRASES ILUSTRADAS


domingo, 25 de julho de 2021

A VACINA E A DESINFORMAÇÃO

A VACINA E A DESINFORMAÇÃO
Julio Abramczyk*

Informações erradas de Covid-19 conseguiram substituir até as notícias falsas sobre câncer

O TRT-SP confirmou a demissão de uma auxiliar de limpeza de um hospital de São Caetano, no ABC paulista, que recusou tomar a vacina contra a Covid-19.

A demissão foi por justa causa, pois recusando o imunizante colocaria em risco a saúde das pessoas no seu local de trabalho, tanto funcionários quanto pacientes.

A Covid-19, que vem provocando a atual pandemia, está no topo da disseminação de desinformações sobre seu risco e perigos. Substituiu até as falsas informações anteriormente disseminadas para falsos tratamentos de câncer.

Pessoas de conhecimentos precários não estão sós como vítimas da desinformação sobre o coronavírus. Algumas figuras da sociedade também fazem parte desse grupo, reciclam e divulgam falsas orientações pela internet e pelo celular, que acabam chegando aos grupos menos privilegiados.

Na revista Online Information Review, Yang Cheng e Yunjuan Luo mostram que informações incorretas que provocam emoções negativas, como medo, preocupação e repulsa, são transmitidas e recicladas com mais facilidade nas redes sociais.

Psicólogos da Universidade de Cambridge, Reino Unido, apresentam na Harvard Misinformation Review um jogo online para tentar reduzir a suscetibilidade à desinformação política.

No jogo, os usuários aprendem cinco técnicas de manipulação: trolagem (insultos e humilhação) para provocar indignação; linguagem emocional para criar raiva e medo; bots (o robô que simula ações humanas repetidas vezes na internet) que ampliam o alcance da desinformação e os falsos seguidores; teorias de conspiração são espalhadas; polarização da audiência.

Um dos autores do jogo, Sander van der Linden, explica: “Tentar desmistificar a desinformação depois que se espalhou é como fechar a porta do celeiro depois que o cavalo fugiu. O que se deve é impedir a divulgação de notícias falsas em primeiro lugar”.

*Médico, vencedor dos prêmios Esso (Informação Científica) e J. Reis de Divulgação Científica (CNPq).

Fonte: Folha de S. Paulo

A GRANDE SACANAGEM

A GRANDE SACANAGEM
Fernando Albrecht

Na história dos cabarés do início dos anos 1960 em diante, houve uma evolução gradativa que resultou em casas noturnas mais explícitas, digamos assim. Cabaré que se prestasse, naqueles anos, eram sempre em casas, nunca em apartamentos, nem havia mulheres de trajes íntimos. Nem mesmo short elas usavam. Cada bairro tinha a sua, e por óbvio no Centro não. Praticamente todos os cabarés tinham pista de dança, é era ali que começavam os trabalhos. A moral da pensão assim o exigia.

Lygia, Má Griffe, Dorinha, Mônica, Miriam, Marlene, Cabaré da Serraria, Castelinho Verde, eram os mais proeminentes. Quase todos os bairros tinham os Dois Leões, porque os arquitetos da época costumavam colocar dois destes animais um em cada lado do portão da entrada. O protocolo incluía um porteiro/segurança, um ou uma gerente e garçom. Maioria disponibilizava quartos, motéis era raridade. E sempre com faxineira/arrumadeira de plantão.

Histórias sobre cabarés, amores feitos e desfeitos, grandes paixões que eventualmente acabavam em casamentos de papel passado faziam parte desse mundo. Clientes aprontando e sendo expulsos também. Algumas envolvendo a granfinagem eram sussurradas em bares e rodas de papo. Outras eram contadas a céu aberto, às gargalhadas, como esposas que seguiam ou mandavam seguir os maridos e os tiravam do recinto arrastados pelas orelhas, barracos ficcionais.

Uma dessas histórias foi sobre o primeiro cabaré “automático” da Capital. O cliente entrava por uma porta, deixava o dinheiro num guichê discreto. Um cartaz dizia que ele deveria tirar toda a roupa e deixá-la num armário com chave. Logo depois de um corredor curto, havia duas portas, cada uma com o tipo da mulher desejada, loiras, morenas, depois outras duas portas com dizeres “altas” ou “baixas”. Nas últimas duas, as opções derradeiras, “muita sacanagem” e “pouca sacanagem” – 100% entravam na primeira.

A porta dava para a a rua com a calçada apinhada de gente, pessoas escandalizadas olhando o homem nu como ele veio ao mundo. Realmente, uma grande sacanagem.

Fonte: https://fernandoalbrecht.blog.br
Os olhos deviam aprender com a razão. (Johannes Kepler, astrônomo alemão, 1571-1630)

LUGARES

BERNA - SUÍÇA

NO RANCHO FUNDO

António Zambujo e Miguel Araújo

 
  No Rancho fundo: original de Ary Barroso e Lamartine Babo (1931)

FRASES ILUSTRADAS


sábado, 24 de julho de 2021

O RIO COMO 2º DISTRITO FEDERAL

O RIO COMO 2º DISTRITO FEDERAL
Ruy Castro

Um livro propõe que, 61 anos depois, o Brasil volte a ter um centro político que inclua o povo

A exemplo do samba segundo Nelson Sargento, o Rio agoniza, mas não morre. Capital por 197 anos —do Vice-Reino, Reino Unido, Império e República—, trocaram-no por um capricho, levaram para longe o Congresso, o STF, o Itamaraty, os bancos, os parques industriais e, para acabar de esvaziá-lo, fundiram-no a um estado pobre e o reduziram a capital desse estado. Tiraram-lhe o que puderam. E, incrivelmente, o Rio sobreviveu.

Tiraram, mas não tiraram. O Rio continua a ser o reduto da máquina do Estado, do funcionalismo, das estatais, dos efetivos militares e dos grandes próprios federais —dos palácios e prédios históricos aos monumentos naturais e instituições científicas. Só reduto, porque tudo isso ficou subordinado a Brasília. Ainda é Distrito Federal —sem ser. O Rio nada ganha com isso, e o Brasil só tem a perder. Quando o Rio deixou de ser o centro político, foi o país que sofreu. Brasília é uma das capitais mais isoladas do povo em todo o mundo.

Um livro recém-lançado tem uma proposta: a instauração do Rio como segundo Distrito Federal. O quê? Duas capitais? Sim, vários países as têm —China, Índia, Coreia do Sul, Indonésia, Taiwan, Arábia Saudita, África do Sul, Rússia, Chile—, e elas se completam. Não se trata de despir Brasília para vestir o Rio, mas de corrigir a combinação de casaca e cueca com que o Brasil se traja. Brasília seria a sede administrativa. A outra seria a capital ao alcance do povo, a verdadeira cidade nacional.

O livro se chama "Rio, 2º Distrito Federal", do cientista político Christian Lynch e parceiros (302 págs., R$ 69, 90, somente físico). O que se lê acima é uma adaptação do texto de quarta capa que tive a honra de escrever.

Sim, sei bem como algumas pessoas reagem ao Rio —a corrupção, a violência etc. É no que dá ser o tambor da nação enquanto o resto da orquestra toca a mesma partitura, só que escondido e em surdina.

Fonte: Folha de S. Paulo
Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta. (John Kenneth Galbraith, escritor canadense)

LUGARES

DOLOMITI - ITÁLIA

As Dolomitas formam uma cadeia montanhosa dos Alpes orientais no norte da Itália. A área dolomítica estende-se entre as províncias de Belluno - que constitui sua parte mais relevante - Bolzano, Trento, Údine e Pordenone.