quarta-feira, 21 de julho de 2021

SUMIÇO DAS AGÊNCIAS BANCÁRIAS

SUMIÇO DOS AGÊNCIAS BANCÁRIAS
Antônio Brizoti Júnior*

Sumiço das agências bancárias cria legião de ‘órfãos’ no país; e agora?

O segundo ano com números consistentes de casos e mortes por Covid-19 no Brasil deflagrou uma realidade pouco animadora em relação ao acesso bancário por parte de quem mais precisa. De um lado a tecnologia avança cada vez mais, colocando serviços na palma da mão de quem possui hoje um smartphone de nível médio. De outro, boa parte da população sofre para lidar com o pouco que ganha.

A parcela dos chamados “desbancarizados”, que são pessoas sem qualquer tipo de acesso a contas em bancos digitais ou físicos, tende a aumentar em 2021. Para isso, basta olharmos a situação do que eu chamo de órfãos do sistema bancário brasileiro.

Em 2020, segundo reportagem publicada pelo Jornal O Estado de S.Paulo, os maiores bancos brasileiros simplesmente encerraram a operação de mais de mil agências no país. O número mais do que dobrou em relação a 2019, ano no qual a tendência já era mais do que visível, mas ainda assim pouco mais de 400 agências foram encerradas.

Para mim e para você que está lendo isso provavelmente na palma da mão, de maneira digital, o impacto parece pequeno. Na palma da mão, é verdade, a tecnologia supre de maneira esmagadora o número de serviços oferecidos fisicamente, mas tudo isso depende de algo que hoje nos parece corriqueiro, mas para boa parte da população brasileira ainda é um grande problema: acesso à internet.

Boa parte dos municípios brasileiros conta com uma ou nenhuma agência bancária em seus limites e é neste espaço que se esconde o problema que une falta de agências bancárias e falta de acesso à internet. Pesquisa do Cetic (Centro Regional e Estudos para Desenvolvimento da Sociedade da Informação), mostra que mais de 25% dos brasileiros está literalmente desconectada da grande rede mundial de computadores, ou seja, seguramente mais de 40 milhões de pessoas.

Esta realidade, no entanto, não é exclusividade dos pequenos municípios mais longínquos. A periferia das grandes capitais brasileiras sofre tanto quanto ou mais com a ausência de acesso a serviços bancários.

Como ex-bancário, entendo que a solução está justamente nas empresas de tecnologia inclusiva. Criar soluções para a palma da mão está na moda, mas o que fazer para melhorar este panorama de quem anda longe dos serviços ‘hi-tech’?

A centralização destes serviços em estações únicas, independentes do bancos, talvez seja a única saída viável nos momentos atuais. Um dos exemplos é o desenvolvimento de totens de autoatendimento que oferecem soluções múltiplas como: recebimento e parcelamento de boletos, crédito para pessoa física e seguros; todos estes de consulta rápida em poucos segundos.

São equipamentos que precisam estar em locais acessíveis, como as periferias das grandes e médias cidades, onde os bancos não chegam ou simplesmente fecharam agências. No entanto mais empresas e empresários precisam fazer parte deste movimento inclusivo e necessário.

Sem acesso bancário, mais de 40 milhões de brasileiros viraram reféns da inflação e da falta de acesso a serviços básicos de pagamento, empréstimo e movimentação financeira.

A tecnologia inclusiva é fundamental para dar um passo adiante no acesso bancário e ajudar esta parcela enorme da população brasileira. O apoio de empresários que enxergam neste problema uma oportunidade de negócio é ainda mais necessário, já que somente a tecnologia aliada ao empreendedorismo e a inovação podem salvar o Brasil de um apagão bancário para um em cada quatro brasileiros.

* Empresário do segmento de tecnologia e serviços financeiros há seis anos e, desde 2020, está no comando da fintech PARÇA Serviços Financeiros.

Fonte: https://fernandoalbrecht.blog.br

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