sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

O INFERNO NÃO TEM LIMITES

O INFERNO NÃO TEM LIMITES
Fernando Albrecht

Um olhar 360 nos tempos atuais está a indicar que poucas vezes na história recente paramos por tantas atribulações em bloco. Os efeitos da pandemia vão muito além da contabilidade de mortes, internações e sequelados. Olhe bem ao seu redor e – se tiver olhos de olhar – chegará à conclusão que todo mundo está ficando louco ou fora da casinha. Veja a que ponto chegaram as relações familiares. Olhe a agressividade, a hostilidade das pessoas. Dois anos sob tensão e massacre de informações nada agradáveis. Sem falar na contrainformação.

Em dois anos, a histeria tomou conta. Em dois anos um grita mata, e o outro grita esfola. Criou-se, graças aos meios de comunicação, um fundamentalismo de crê ou morre. Ai de quem sequer colocar em dúvida alguma crença arraigada sobre vacina, por exemplo. O ano passado, médicos que divergiam de colegas, que não eram Maria-vai-com-as-outras, não tornavam públicos seus pontos de vista por temor de execução primária.

São tempos de dogma, como os da Igreja Católica. Infalibilidade papal etc. O inferno tornou-se mais perfeito ainda com o ranço e a raiva que comandam a política. Amigos de infância no mesmo grupo de WhatsApp chegam a cortar relações. Até famílias, outrora unha e carne, criaram raízes na lavoura do ressentimento.

Além desse alto forno, as relações interpessoais quase que liquidaram o olho no olho. E todo esse engessamento resultou em apatia, alheamento da realidade, irresponsabilidade que formam um mundo paralelo onde avatares são a vida real e a vida real é ficção. Some-se a tudo isso a inflação comendo os salários, enquanto as carreiras de estado conseguem tirar água da pedra de correção de planos econômicos. E quando alguém reclama da falta de sensibilidade, berram “É a lei!”. Leis que eles criaram. E que os descontentes comam brioches.

Absolutamente alheios à triste vida na planície, os políticos brigam não para criar algum bem para a sociedade, mas para entrar no butim do fundo partidário e futuros cargos no governos a ser eleito. Nada de pensar Brasil, são projetos pessoais vestidos com as vestes da hipocrisia. Falsos como uma nota de 30 reais, imersos no mais atroz individualismo.

O Brasil tem castas como a Índia. A última rola na sarjeta, os andares superiores vivem muito bem alardeando que vão muito mal. Se Dante Alighieri estivesse aqui, hoje, rasgaria a Divina Comédia, conto para fazer nenê dormir.

No meio dessa merdolência até o pescoço, só peço que não façam marola.

Fonte: http://fernandoalbrecht.blog.br

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