quarta-feira, 22 de novembro de 2023

INFERNO NA TERRA

Aquele era o primeiro ano de funcionamento do então Colégio Estadual  Cristóvão de Mendoza. 

Estávamos na época de exames finais e o calor já se fazia presente com bastante intensidade. 

Perto do Salão Nobre do colégio, na sombra, estava um homem com seu carrinho, vendendo picolés. 

Fui até ele com a intenção de comprar um gelado e ao chegar perto notei que ele estava com o lábio superior muito inchado. Curioso, eu quis saber o que havia ocorrido. Então, com bastante dificuldade para articular as palavras por causa do inchaço no lábio, respondeu: 

- Dizem que existe inferno. O inferno é aqui mesmo!

Sem entender, mais uma vez perguntei o que tinha ocorrido. Então ele me explicou. Aconteceu de ele estar na sombra em razão do calor. Ficou bem próximo de uma calha por onde escoavam as águas em dias de chuva. Lá no alto, as abelhas acharam por bem construir sua cachopa, detalhe que ele nem tinha percebido. Até aí nada de mais. 

Ocorre que uns capetinhas que estavam pelas imediações, enquanto aguardavam o início das provas, munidos de bodoques, resolveram atiçar as abelhas. De longe, arremessavam pequenas pedras contra a dita calha. 

Quando uma dessas pedras acertou o alvo, irradiou o barulho calha acima, despertando a ira das abelhas, que, provocadas em seu labor, armaram um ataque aéreo em direção do pobre homem que nada tinha a ver com as hostilidades estudantis. 

O resultado foi que uma abelha conseguiu ferroar o pobre homem, causando-lhe todo aquele transtorno. 

Coisas de moleques.

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