domingo, 5 de novembro de 2023

DIA DE COPA

Ninguém gosta de relembrar o desfecho da Copa do Mundo de futebol  de 2014 disputada no Brasil. 

Deixamos de acompanhar os jogos pela TV e optamos por curtir paisagens do Velho Mundo. 

No Vale de Aosta nos hospedamos em Saint Vincent por mera estratégia de locomoção. Da pousada era possível rumar para Cervínia, de onde, segundo dizem, tem-se a melhor visão da montanha Matterhorn, famosa também por identificar os produtos Toblerone. 

Contando com a ajuda do tempo, faríamos a  visita a partir da Itália, caso contrário teríamos uma segunda oportunidade, dias depois, a partir da Suíça, mais precisamente desde Zermatt. 

Já na chegada, soubemos que as previsões do tempo não eram favoráveis. De fato, choveu durante a noite e na parte da manhã, o céu estava encoberto. Em vista disto, fomos para Courmayer que é uma pequena cidade turística localizada junto à fronteira com a França. 

Segundo nossos planos, se por aquela região o tempo estivesse melhor, iríamos até Chamonix, no vizinho país, para conhecer o Mont Blanc. Para tanto teríamos que atravessar o túnel San Bernardo. A Maura, nossa anfitriã na pousada, gentilmente nos emprestou o seu cartão com o qual pagaríamos o pedágio como sendo residentes. 

Chegando ao nosso destino, o tempo havia piorado com acentuada queda da temperatura. A cidade estava praticamente vazia e o comércio contava com pouquíssimas lojas abertas. Mesmo com tempo feio, deu para ver que é uma cidade muito bonita e agradável. 

Ao sair de Courmayer acionei o GPS e segui suas instruções, sendo induzido a passar por um estacionamento de veículos públicos.  No caminho tinha uma pedra, ou melhor, tinha uma viatura policial. Evidentemente fui parado. O jovem policial pediu os documentos do carro e o passaporte da minha esposa. Tentei justificar a mancada atribuindo culpa ao GPS. Ao ver os documentos, seguiu-se um diálogo bem interessante:

- Vocês são brasileiros?

- Sim, respondi.

- Mas o que fazem na Itália? No Brasil tem a Copa do Mundo!

- Não gosto de futebol, respondi.

O policial virou-se para o seu colega e comentou:

- São brasileiros, não gostam de futebol.

E devolvendo os nossos documentos, inconformado com a nossa indiferença esportiva, me disse:

-Vai via, vai. (Vai embora, vai)

(Mai/2014)

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