No início, os torneios futebolísticos no âmbito das associações de magistrados aconteceram apenas no sul do Brasil. Com o decorrer do tempo associações de outros estados foram aderindo e hoje é um evento nacional.
Participei de apenas um desses encontros, realizado na cidade de Guarujá, no litoral paulista. Ficamos hospedados num prédio da associação anfitriã, sendo que o restaurante ficava na cobertura.
Depois do jantar resolvemos dar uma volta pelas imediações. Para descer, alguns utilizaram o elevador, inclusive eu.
Em meio à descida o elevador parou. O colega Cesar Abreuentrou em pânico. Disse que tinha claustrofobia e começou a abrir a camisa e sua respiração ficou ofegante, pesada. Agitado, o padecente transmitiu seus pavores para todos os demais. Era impossível se mexer dentro do elevador e para piorar aquela terrível sensação, a temperatura foi aumentando.
Entre nós, contudo, havia alguém que conseguia raciocinar. Era o colega Tzelikis. Indagou dos presentes se alguém tinha uma caneta bic - as melhores e mais úteis esferográficas - e havia quem portasse uma. Sem maiores dificuldades, o nosso socorrista colocou a caneta salvadora num orifício existente nos elevadores e logo a porta se abriu.
Estávamos no meio, entre dois andares. Fui o primeiro a sair do elevador, já que estava colocado junto à porta. Mais dois ou três saíram e logo a porta fechou. O Dr. César permaneceu no elevador, esbravejando por não ter conseguido sair também.
Descemos pelas escadas enquanto que os demais concluíram a descida com o elevador. O semblante de todos não era nada amigável. No pensamento de todos, como no meu também, a certeza da imprudência cometida, desprezando os avisos de segurança quanto ao limite de peso.
Mas, penso eu, como todos se consideravam atletas, ninguém se considerava gordo ou com peso acima do normal. O Dr. Cesar que o diga, pois só não seria considerado gordo se medisse 1,90m ao invés dos seus 1,70m ou menos.


