sexta-feira, 9 de setembro de 2022

TRÊS PASSOS PARA DECLARAR SUA PRÓPRIA INDEPENDÊNCIA

Michael Viriato

Datas comemorativas como esta são marcos ideais para criar e acompanhar um planejamento

Independência financeira não pode ser confundida com ausência de trabalho ou ócio. Você é independente quando a renda de seu patrimônio financeiro é capaz de cobrir todas as suas despesas. Assim, você tem mais flexibilidade e pode escolher seguir seu propósito de vida. Para aqueles que desejam ter este controle, descrevo abaixo três passos necessários para você planejar sua independência financeira.

Não espere ficar idoso para entender que é importante ter um capital acumulado. Conforme descreve um dos maiores compositores americanos, Tennessee Williams:

"É possível ser jovem sem dinheiro, mas não se pode ser velho sem ele."

Qualquer um pode alcançar a independência, mas poucos a planejam e menos pessoas ainda colocam em prática o plano que elaboraram.

Como a maioria não consegue, o mais natural é culpar alguém ou algo, por exemplo, o governo, o mercado, os filhos, os pais, a esposa ou o azar.

Os passos são simples, mas não são fáceis. O mais difícil é a disciplina para honrar o plano.

Definir o valor

O primeiro passo é definir o valor necessário para atingir a independência financeira.

Para este passo, faço dois alertas.

Se você é muito jovem, entenda que no futuro constituirá uma família e o valor necessário deve subir. Assim, já considere esta elevação.

Também não estime um valor irreal em relação à sua renda atual. Sem dúvida todos gostaríamos de ter uma renda de R$50 mil mensais. No entanto, se você já tem família e a despesa total é de R$10 mil por mês, estabelecer a meta de R$50 mil é irreal para começar.

Supondo que deseja sua independência seja alcançada se você tiver uma renda de R$ 10 mil por mês.

A regra para calcular o patrimônio necessário é simples. Basta multiplicar esse valor de R$10 mil por 300.

Neste exemplo, você precisaria ter um patrimônio de R$ 3 milhões para ter com tranquilidade a renda desejada.

Sim, é possível ter a mesma renda com patrimônio menor. Mas, isso significaria aplicar em ativos com maior risco e isso poderia comprometer sua independência.

Pare um instante agora e calcule seu objetivo.

A grande maioria das pessoas não consegue definir este primeiro passo. Portanto, se você já o fez, parabéns. Mas não comemore muito, pois os próximos serão mais desafiadores.

Programar o tempo

Definido o patrimônio, agora é o momento de definir o prazo ou horizonte para atingir o objetivo.

Se você está lendo esse artigo no feriado, possivelmente pode pensar: amanhã eu penso melhor. Cuidado para não cair na armadilha da procrastinação.

Aqui vem a primeira dica nessa parte do plano. Quanto menor for o tempo para acumular o capital, maior deve ser o esforço ou a proporção investida em ativos de risco.

Você pode definir o prazo que deseja e passar para o próximo passo, mas se está indeciso, detalho uma dica que te ajudará.

Para um risco moderado da carteira, a regra para o prazo evolui aproximadamente com o montante a ser aplicado.

Por exemplo, se você pode guardar 10% da renda que deseja obter, ou seja, se pretende ter uma renda de R$10 mil e pode poupar mensalmente R$ 1 mil, seu prazo seria próximo de 60 anos com um retorno conservador.

A cada 10% adicionais que você conseguir poupar, você diminui o prazo em aproximadamente 20%. Assim, poupando 20% da renda, o prazo cai para 46 anos. Obviamente esta regra de bolso não é precisa, mas serve para te orientar.

O ideal é realizar o cálculo em uma planilha ou calculadora financeira.

Determinar a rentabilidade alvo

A rentabilidade alvo a ser utilizada deve ser real, ou seja, acima da inflação.

A inflação pode ser expressa como a variação do IPCA.

A taxa de retorno precisa ser acima da inflação, pois esta última apenas corrige a perda do poder de compra. Logo, a taxa real é a parcela que vai proporcionar o crescimento do portfólio.

Considerando as taxas de juros neste momento, você pode assumir um retorno de 4% ao ano acima da inflação se seu perfil é conservador, de 5% ao ano para um perfil moderado e de 6% ao ano para uma alocação agressiva.

Nesse momento, é muito importante avaliar seu perfil de investidor. Não adianta se comprometer com uma meta de retorno mais elevada que o seu perfil suporta.

Carteiras mais agressivas vão em alguns momentos apresentar resultados negativos. Se você não suportar estas oscilações, pode sair de aplicações justamente em momentos inadequados.

Com o plano em mãos, agora você deve buscar os produtos adequados para colocar ele em prática.

Aproveite esta data comemorativa para planejar sua independência financeira e para criar os marcos de acompanhamento dos resultados.

Fonte: Folha de S.Paulo

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