terça-feira, 21 de junho de 2022

ALIMENTA UM BILHÃO?

José Horta Manzano

Faz dez dias, em discurso na Cúpula das Américas, Jair Bolsonaro garantiu que “o Brasil alimenta 1 bilhão de pessoas no mundo”. Foi rematado exagero.

Os dez principais produtos que o Brasil exportou em 2021 foram:


Que levante a mão quem encontrar, nessa lista, alimento para um bilhão de pessoas.

Soja? E alguém come soja? Tirando algum tofu que se come uma vez por ano, a soja não é para consumo humano. Serve para a engorda de animais. Óleo de soja? Fora do Brasil, nunca vi.

Farelo de soja, que são os resíduos após extração do óleo, destina-se também à alimentação animal.

Entre os dez principais ítens exportados em 2021, somente as carnes e os açúcares servem para comer. Será exagero dizer que esses produtos “alimentam um bilhão”. Onde está esse bilhão que se alimenta de carne e de açúcar?

A pauta das exportações brasileiras me deixa pensativo. Sei que a humanidade tende a tornar-se vegetariana. Na Europa, a oferta de produtos vegetais que substituem a carne aumenta a cada dia. Em diversos países, são lançadas campanhas para diminuir o consumo de produtos animais.

Me parece surpreendente que, tirando os “açúcares e melaços”, as locomotivas que puxam nossas exportações continuem baseadas em carnes e produtos para engorda animal.

Com o trigo, a Ucrânia e a Rússia – essas, sim – alimentam um bilhão. O Brasil, não.

Um governo previdente captaria o Zeitgeist – o espírito das grandes transformações da sociedade global – e incentivaria o plantio de outros vegetais, grãos principalmente.

Eu disse um governo previdente.

Fonte: brasildelonge.com

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