segunda-feira, 22 de agosto de 2022

A MAIORIA DOS BRASILEIROS QUE INVESTE NO EXTERIOR DESCONHECE ESTES DOIS RISCOS

Michael Viriato

Quando a família do investidor descobre estes problemas, pode ser tarde para contornar

Desde 2020, o número de brasileiros com conta no exterior cresceu vertiginosamente. Esse crescimento foi impulsionado por três fatores: menor taxa de juros no Brasil, busca por diversificação e facilidade de se abrir conta internacional. No entanto, estes investidores desconhecem dois riscos que suas famílias estão sujeitas.

Investir no exterior sempre foi algo distante para o investidor mediano. O crescimento dos BDRs abriu os olhos dos brasileiros para a diversidade de possíveis alternativas para diversificar o portfólio.

De 2020 a 2021, as baixas taxas de juros no Brasil foram um convite para investidores procurarem estas alternativas para rentabilizar o portfólio.

Nesse momento, surgiram no mercado várias instituições financeiras internacionais digitais com plataformas em português. Foi a fome com a vontade de comer.

Abrir uma conta de investimento nos Estados Unidos por meio destas instituições é tão simples quanto abrir uma conta digital no Brasil.

Essa facilidade afasta a atenção dos investidores de dois eventos certos: morte e impostos.

Em caso de falecimento do investidor, seus familiares podem ter dificuldade para reaver o dinheiro de contas internacionais. Juízes brasileiros não possuem competência para proceder inventário e partilha de bens situados no exterior. Portanto, a família pode se ver obrigada a contratar advogados nos Estados Unidos, por exemplo.

Logo, a família do investidor pode ter dificuldades em reaver os recursos e ter maiores custos associados ao inventário.

Há formas de simplificar a transferência em caso de morte. Por exemplo, usando conta conjunta ou adicionando um Transfer on Death (TOD) à conta. Este último já deixa os beneficiários designados. Mas, são detalhes que investidores deixam passar no impulso do investimento.

Também se deve atentar ao imposto sobre herança que pode ser superior ao brasileiro. Apesar de haver isenção de imposto sobre herança até US$ 60 mil nos EUA, a alíquota sobre o valor que ultrapassa este limite pode chegar a 40% sobre o total.

Não quero aqui desestimular investidores a buscarem a diversificação internacional. Esta é muito importante para um bom balanço de retorno e risco de longo prazo. Mas, você não precisa abrir conta no exterior para investir em ativos internacionais.

O intuito aqui é que o investidor esteja atento e avalie melhor as alternativas. Um adequado entendimento dos riscos e custos associados a cada investimento é fundamental para sua segurança e de sua família.

Fonte: Folha de S. Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário