quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

NÃO TROPECE NA LÍNGUA


RESIDENTE À/ NA RUA, DIGNAR-SE, BEM-VINDO

--- Gostaria de esclarecimentos acerca do uso de "residente e domiciliado À rua ou NA rua, bem como se digne DE ou se digne EM". Jefferson Barbosa, Bauru/SP

A rigor, como os verbos morar, residir, situar, localizar e semelhantes são regidos pela preposição EM, deveria se usar NA e não À nos casos específicos. Mas é muito comum o uso intercambiável das preposições A e EM, como temos visto em diversas ocasiões. Então, nessa situação se veem ambas as formas: na rua e à rua, com preferência por esta última na língua escrita. O mesmo acontece com seus derivados morador, residente, domiciliado:
  • Ela reside à rua Tupi. 
  • Jacó Silva, brasileiro, casado, domiciliado à rua Sete de Setembro, requer...
  • Vende-se casa [situada/sita] à avenida Salinas. 
  • Vamos nos encontrar na sede do Partido, à R. Cristal.
  • Aluga-se imóvel [localizado] à Av. Central, no Kobrasol.
Na língua falada, justifica-se o uso mais frequente de na porque o à se confunde na pronúncia com há e com o artigo a. Já o em, combinado ou não com um artigo, não deixa margem a dúvidas:
  • Residimos na rua Tupi.
  • A casa está situada na avenida dos Guararapes. 
  • Você ainda mora na mesma travessa? 
  • A sede do Partido se localiza na rua Cristal.
Isso não quer dizer que não se possa ou não se deva escrever “Vende-se casa na Av. Central”, “residente e domiciliado na rua Botucatu”. Absolutamente! É uma boa opção. Mas por outro lado não se pode tachar de erro o emprego do "a craseado" nesses casos, uma vez que já está consagrado pelo uso... e abonado pelos gramáticos.

Quanto aos gramáticos, valho-me do saudoso Celso Pedro Luft, que, na sua coluna “O Mundo das Palavras” nº 2.347, resume o assunto desta forma: “No português brasileiro atual, com o verbo morar e derivados a preposição originária em pode comutar com a (esta, sobretudo na língua escrita): morar (morador) na ou à Rua X. O mesmo vale para residir (residente) e situado, sito”.

DIGNAR-SE (DE) 

Com relação ao verbo pronominal dignar-se, ele pede a preposição DE (e não “em”). No entanto pode haver a elipse da preposição diante de verbo no infinitivo. Exemplificamos:
  • O juiz não se dignou de nos ouvir.
  • Esperamos que se digne V. Exa. (de) conceder o aparte.
  • Digne-se V. Exa. conceder a audiência solicitada.
BEM-VINDO – PREFIXO BEM

O adjetivo bem-vindo é composto com hífen, pois aí o advérbio bem passa a ter valor prefixal, fazendo parte indissociável do nome. Veja-se que não se diz "seja vindo!" – ou se é bem-vindo ou se é outra coisa. A mesma análise pode ser feita com a palavra composta bem-sucedido [não se fala "sou sucedido"]. Em outros casos, o bem é um reforço: bem-disposto, bem-educado.

Por outro lado, vale saber que existe a palavra Benvindo, mas então é nome de pessoa:
  • Meu tio Benvindo nasceu na Bahia em 1916.
  • No mais, use o hífen e a devida flexão:
  • Bem-vindos ao X Congresso de Ecologia.
  • Qualquer sugestão será bem-vinda.
Fonte: http://www.linguabrasil.com.br

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