quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

NÃO TROPECE NA LÍNGUA


MÊS, RÁDIO-RELÓGIO, POR ISSO, PRA, QUE NEM

--- Sempre que colocam data nas mensagens que recebo, a grafia do mês inicia com letra maiúscula. Está certo? Não seria correto “maio” ao invés de “Maio” no meio da frase? J. Poloni, de Pirajuí/SP

Sem dúvida, escrever maio – com minúscula – é o correto no português brasileiro. Essa questão é particular a cada língua; embora no inglês, por exemplo, tenha se convencionado que a inicial é maiúscula (in July, in May), no Brasil valem as regras estabelecidas no Formulário Ortográfico de 1943 (oficial), que na observação do § 3º - 49 reza: “Os nomes dos meses devem escrever-se com inicial minúscula: janeiro, fevereiro (...) e dezembro”. E o Acordo Ortográfico promulgado em 29 de setembro de 2008 também fixa o uso da letra minúscula inicial “nos nomes dos dias, meses, estações do ano”.

PREFIXO RADIO X RÁDIO-RELÓGIO

--- Por que se deve escrever rádio-relógio com hífen, e não radiorrelógio, uma vez que se escreve radiorrepórter?

Porque no primeiro caso não está se usando o elemento de composição radio- (do latim "radius") mas apenas o substantivo masculino "rádio" (aparelho receptor dos sinais radiofônicos de uma estação radiodifusora). A palavra composta rádio-relógio é formada por substantivo + substantivo, conforme se explica na coluna Não Tropece na Língua 300. Significa um aparelho que é rádio e relógio ao mesmo tempo; daí o hífen, pois se criou um novo substantivo da união de dois outros.

Também é o caso do substantivo composto rádio-gravador – dois aparelhos distintos formam um terceiro.

Compare-se: o radiorrepórter não é a um só tempo rádio e repórter, mas sim uma pessoa que faz reportagens para o rádio. O radiotáxi não é um rádio e um veículo ao mesmo tempo – é um táxi que se comunica por meio de aparelho de transmissão-recepção.

Vemos que o elemento prefixal radio-, sim, é agregado sem hífen a um substantivo ou adjetivo, formando então um outro tipo de palavra composta, ou mesmo outros vocábulos em que "radi(o)-" passa a ser o radical. Nesses casos, o elemento antepositivo pode assumir vários significados: 1) raio (de roda ou de círculo): radiado, radial 2) raio (de luz): radioestesia, irradiar 3) energia radiante: radiodifusão, radiofonia 4) raios X: radiografia, radioterapia 5) ondas hertzianas: radiocondução, radiotelefonia, radiotelegrafia 6) radioativo: radiocobalto, radioelemento 7) osso do antebraço: radiocubital.

Outros exemplos: radiopatrulha, radioamador, radioator, radionovela, radiouvinte, radiojornalismo, radiodifusão, radiotransmissão, radiocondutor, radiobiologista, radioescuta, radiossondagem, radiorreportagem, radiorrecepção. Observe-se que se dobra o R e o S quando a palavra-base começa com uma dessas consoantes, de modo a informar a pronúncia correta.

POR ISSO

Convencionou-se que o certo é "por isso", em duas palavras. Mas “por ventura” já se uniu numa só: PORVENTURA. Ortografia é isso aí, não se discute...

PRA

É correta a contração pra (para a) em determinados contextos – na linguagem coloquial, na reprodução de um diálogo, na propaganda, em frases-feitas tipo “é bom pra chuchu, correu pra burro”; mas então não coloque o acento agudo no a.

QUE NEM

Em frases comparativas, como recurso expressivo, usa-se que nem no lugar de como, mas apenas na fala coloquial: “Você agiu que nem uma criança!” No português formal diga-se: “Eu sou como você, tal como ela é”.

Fonte: www.linguabrasil.com.br

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