domingo, 7 de maio de 2023

MOTINHA, A SALVAÇÃO DOS MARIDOS

Fernando Albrecht
O Chalé da Praça XV dos anos 1960 e 1070 tinha o austro-brasileiro Ernesto Moser no comando. gerenciado por Helmuth Klein, o Tico-Tico, com seu João como estepe. Tempo em que lá iam figuras notáveis como Fernando Jorge Schneider, Clio do Cavaco, vereador Glênio Peres, médico Pé na Cova, delegado Sérgio Zukhov, o Xerife, o jornalista Carlos Coelho e muitos e muitos outros.

Quem batia ponto era o Motinha, cuja vida consistia fazer pequenos serviços para os clientes do bar em troca de uma boa gorjeta e copa franca. Baixinho – por que será que eles sempre são baixinhos, franzino – por que será eles sempre são franzinos?, o Motinha era pau pra toda obra.

Alguns clientes mais pra lá do que pra cá pediam a ele que fosse para a perpétua avisando que o maridão fora convocado para uma reunião com a diretoria. Mas omitia qual diretoria.

Às vezes, a madame o mandava para o raio que o parta. Fleugmático, se fingia de morto. Mais morto que galinha de despacho. As mesas dos clientes mais fiéis eram chamadas pelos garçons de “mesa da diretoria”.

Certa vez, um empresário da roda pediu para o Motinha ligar para a casa, na Zona Sul, e dar a desculpa clássica. Em condições normais de temperatura e pressão.

Ela sabia, como suas colegas de aliança, que era puro 171. Mas fingia acreditar. Só que esta senhora já estava porrr aqui com os serões do marido. Uma denúncia anônima a alertou onde encontrar o perpétuo.

Meia hora depois, um táxi a deixou no entorno do Chalé. Ela entrou, localizou a reunião da diretoria. E, como não era de fazer fiasco, simplesmente pegou o diretor pelo braço e foram embora.

Na noite seguinte, o sequestrado chegou na mesa com um olho ligeiramente fechado, tipo luz baixa com farol queimado. Não que alguém perguntasse sobre como se deu o ferimento. Mas o doutor se adiantou e se queixou da violência crescente das noites porto-alegrenses.

O que também não era nenhuma mentira.

Fonte: https://fernandoalbrecht.blog.br


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