domingo, 12 de maio de 2024

SURPRESA EM DIJON

Eu andava cismado com a tal labirintite. Estando longe de casa todo cuidado era pouco. Tendo passado por uma desagradável situação poucos anos antes, quando em viagem pela Alemanha, sentia calafrios só de considerar um repeteco daquela experiência.

Recém tínhamos iniciado um passeio a pé pelas ruas de Dijon. Uma tontura leve insistia em me acompanhar, acendendo o sinal de alerta.

Preventivamente optei em voltar a pé para o hotel que não era muito longe de onde estávamos. No caminho ainda parei numa ótica e arranhando um francês bem precário, consegui me fazer entender no sentido de firmar uma das hastes do meu óculos de sol.

Chegando ao hotel fui para o meu quarto constatando que as camareiras já haviam deixado tudo em ordem. Antes de deitar fechei as cortinas de modo a neutralizar o claridade.

Não sei exatamente quanto tempo permaneci naquela posição, sendo certo que em determinados momento cheguei a cochilar. Talvez uns vinte ou trinta minutos após, a minha tranquilidade foi abruptamente interrompida por alguém abrindo a porta e entrando no quarto.

Instintivamente falei em voz alta: - Quem está aí?

Logo em seguida ouvi o som da porta sendo fechada. Para não despertar uma labirintite semi-adormecida permaneci deitado e não fui verificar quem era o intruso ou quiçá um larápio que, ao menos naquele alvo, se mostrou sem sorte.

Quando o pessoal do grupo retornou ao hotel e saímos para almoçar, relatei o fato ao pessoal da portaria. Não souberam explicar o sucedido, pelo que, tenho a impressão que o meu mal estar impediu a subtração de pertences em meu quarto. 

Anos depois, de certa forma a cena se repetiu, mas de modo inverso. Ao chegar ao hotel em Londres, recebi as chaves do nosso apartamento. O quarto era o 226, mas por qualquer razão presidida pelo capeta, mentalizei o 228, para onde nos dirigimos.

Lá, por diversas vezes, tentei abrir a porta com o cartão magnético e nada. Não demorou, um italiano abriu uma fresta da porta e disse:

- Ma che cosa cè? - algo como "o que é que há"?

Me dando conta da mancada pedi desculpas e fomos para o quarto certo.

Na hora lembrei de Dijon mas com um diferencial importante. Lá o sujeito conseguiu abrir a porta do quarto enquanto que em Londres eu não tive o mesmo "sucesso", evitando um vexame maior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário