Siridakis era o nosso irmão mais velho. Promotor de quarta entrância, em Chapecó, era um porto seguro para os mais novos em momentos difíceis, tanto da Magistratura como do Ministério Público. Amigo de todos, acolhia em seu gabinete quem quer que dele necessitasse, sempre com um sorriso nos lábios e uma simpatia ímpar. Tinha uma queda para o humor, reportando sempre alguma situação inusitada tirada dos anais forenses ou mesmo por ele testemunhadas. Por exemplo, contou-nos certa feita, que num processo de inventário, o advogado teria elaborado a tradicional petição de abertura. Depois de noticiar o nome da viúva/ inventariante, do falecido que nestes casos é tratado por de cujus, ao anunciar o nome dos descendentes titulou-os como de cujinhos. Evidentemente que a discrição do nosso querido amigo não permitiu declinar a comarca por onde tramitou o referido processo e muito menos o nome do advogado. De outra feita, numa audiência criminal, um conhecido juiz, ainda substituto, tomava o depoimento de uma testemunha e ditava as respostas para a secretária/datilógrafa. Juiz novo, afeito aos termos técnico-processuais, quando se referia ao produto do furto, ditava a res furtiva, traduzindo, a coisa furtada. A secretária, não tanto afeita aos termos técnicos e muito menos latinos, na ata consignava a esportiva. Ao final da audiência, notando os reiterados equívocos consignados, o magistrado, através de um adendo, assentou: "onde se lê a esportiva, leia-se a res furtiva". E sentenciou. Outra jóia narrada pelo nosso amigo, também foi por ele presenciada, igualmente numa audiência criminal. Era um crime de estupro. A vítima estava sendo ouvida, estando presente o réu. Ao narrar os fatos, ela teria dito mais ou menos isso: "a gente estava passeando no fuki dele, fuki não, aquilo era um atestado de pobreza"... momento em que o réu ficou indignado com o tom depreciativo com que a vítima se referia ao seu flamante fusca. De imediato ela se virou para o réu e lascou: "Tu fica calado. Tu não foi capaz de me cantar e precisou usar a força e agora quer valorizar aquela porcaria motorizada. Me poupe".

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