sexta-feira, 21 de maio de 2021

MR. MILES



O QUE LER NUMA VIAGEM
Caro mr. Miles: tendo em vista que o senhor já esteve em centenas de países, gostaria de pedir algumas indicações. Não: desta vez não são destinos turísticos, mas livros. Queria saber quais são os seus livros de cabeceira?
Rafael Codonho, Porto Alegre, RS

Well, my friend: um viajante sem livros é como um capitão sem bússola ou sextante. Ele pode até chegar a algum lugar, mas só então perceberá o quanto está perdido. Há vários tipos de livro que inspiram viagens. Os mais objetivos, of course, são relatos de viagem ou vivências pessoais, muitos dos quais, I must say, são extraordinariamente ruins.

Por razões éticas (e de espaço), não vou mencionar os nomes de seus autores, but, unfortunately, é cada vez mais comum encontrar livros que cumprem a função oposta a que se destinam. Ou seja: por absoluta falta de habilidade de seus autores, afugentam os leitores do destino em questão.

Procure, antes de escolher um livro, informar-se sobre o autor ou ler resenhas independentes. Obras produzidas por desocupados que passaram meses “mochilando” costumam dizer muito mais sobre os infortúnios do autor do que sobre a essência dos destinos.

Frequentement, my friend, encontro inspiração em romances que não têm a pretensão de promover o cenário em que se desenrolam. Nevertheless, fazem-no de forma esplêndida, ao relatar como pensam e reagem seus personagens; o que comem, que flores colhem, que sentimentos cultivam. Don’t you agree that Dostoievski fez mais pela Rússia e Kazantzakis mais pela Grécia do que mil livros de viagem?

Well, é assim que penso, Rafael. Não tenho um livro de cabeceira, mas um livro para cada cabeceira. Hoje, porque estou em San Casciano di Val di Pesa, na Toscana, o livro que você encontrará ao lado de minha garrafa de chianti é Vanilla Beans and Brodo – Real Life in The Hills of Tuscany , um relato da australiana Isabella Dusi, que passou um ano vivendo aqui perto em Montalcino.

A narrativa me desperta boas sensações, entre as quais um incontrolável apetite. Devo admitir que livros que abrem o apetite são, no mínimo, bem feitos. Unless, of course, que, aqui na Itália, me dessem a a maior vontade de comer bockwurst com sauerkraut. Nesse caso, alguma coisa estaria errada, isn’t it?

Fonte: Facebook

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