sábado, 15 de fevereiro de 2020

CRIANDO LARES À PROVA DE BEBÊS

Stephen Kanitz

Segundo estudos internacionais, uma média de 35% a 45% dos acidentes com crianças ocorre em casa, e não na rua ou na escola como provavelmente você imaginava até ler o que acabei de dizer.

A maioria das mães se preocupa quando os filhos estão fora — pensa que serão assaltados, atropelados etc. —, mas a verdade é que estão mais seguros na rua do que em casa.

Antes de construir uma casa você precisará ter um alvará de construção da prefeitura, submeter a planta ao Estado, que está mais preocupado com o recuo da casa com relação ao seu vizinho e com a árvore que está no meio do seu terreno. Mas ninguém exige padrões mínimos para os móveis que você colocará em sua casa.

Tanto esses índices são verdadeiros que o maior perigo está na compra dos móveis, e isso você não precisa submeter a ninguém.

Mas vamos a um pequeno exemplo, que chamarei de exemplo 1.

Centenas de crianças queimam-se no rosto quando inadvertidamente abaixam o cabo de uma panela com água fervendo. São queimaduras de primeiro grau, e quando for óleo quente, o dano é irremediável.

Não é preciso ser engenheiro ou cientista para achar a solução. Um cabo duplo que não permita um movimento para baixo — daqueles que toda dona de casa já viu em algum anúncio ou loja — resolveria a questão. Provavelmente, você não entendeu na hora a necessidade de o cabo ser mais elaborado, e deve ter achado que era para proteger as suas mãos.

Quando meus filhos eram pequenos, eu inventei uma borda para o fogão, um pedaço de metal em formato de V, com inclinação de 45º, que impediria uma criança de alcançar as panelas e coletaria qualquer óleo ou água fervendo que por ventura transbordasse.

Como todo bom administrador, meu sonho era um dia abrir uma empresa própria com um produto inovador que fosse comprado por todas as famílias brasileiras. A minha empresa estava montadinha no papel e iria vender produtos que aumentassem a segurança das crianças no lar. A empresa até tinha um nome, SAFE — Segurança Infantil, que soava bem em inglês e em português.

Não vingou. Colocar a família em primeiro lugar nunca virou moda, ou movimento social como “salvem as florestas tropicais”.

Temos leis idiotas como “proibido entrar no elevador sem olhar para ver se ele está no seu andar”, mas não temos nenhuma lei que proteja crianças de serem queimadas por óleo quente derramado.

Fonte: Blog do Kanitz

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