quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

EFEITOS COLATERAIS

O meu filho caçula sempre enjoava quando viajávamos. Tentamos de tudo e nada dava resultado. O que mais ajudou era iniciar a viagem com ele em jejum. Só iria comer alguma coisa depois de umas duas horas de viagem. Detalhe: ele não tomava Dramin de jeito nenhum. Iríamos passar um feriadão em Caxias e no dia anterior troquei os pneus dianteiros do meu carro. A viagem transcorria sem sobressaltos. Chegando em Pouso Redondo ele disse que precisava vomitar e só deu tempo para deslocar o carro para o acostamento, que por sinal estava em obras. Não deu outra. Fui para a valeta e estourei um pneu. O Marcos aliviou seus azedumes estomacais enquanto troquei o pneu estourado. Parei na primeira borracharia para os necessários reparos, e como era meio-dia, conduzi minha esposa e filhos até uma lanchonete dizendo-lhes para providenciar algo para comer. Ao sair, ela quis sabe onde eu ia e o que eu ia fazer. Furioso, nada respondi. Procurei uma farmácia e comprei Dramin em gotas. Retornei à lanchonete, pedi um copo com um pouco de água e adicionei gotas de Dramin segundo a prescrição do rótulo. Alcancei o copo para o Marcos que não disse nada e tomou todo o conteúdo. Seguimos em frente e ao invés do remédio levar o Marcos a uma sonolência ou coisa parecida, o efeito manifestou-se de modo invertido. O Marcos, que já era falante por natureza, acusou o rebote, ficou completamente aceso e não parou de falar até chegarmos ao nosso destino. Fiquei com receio daquela reação e nunca mais dei Dramin a ele, mas o emocional dele reagiu de uma forma tal que nunca mais enjoou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário