quinta-feira, 31 de julho de 2025
A PORTA E A INTERNET
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quarta-feira, 30 de julho de 2025
UM SENHOR DELEGADO
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terça-feira, 29 de julho de 2025
CÉU E INFERNO

Não é um espaço repleto de nuvens brancas com anjinhos tocando harpa, e também não é uma gruta tomada por labaredas com um diabo segurando um tridente a fim de te espetar.
Céu e inferno são, ambos, lugares terrenos, com endereço, código postal e localizáveis pelo GPS.
Minha ideia de céu: uma praia vazia, mar cristalino, muita natureza, um dia de sol.
Minha ideia de inferno: uma piscina coletiva com alto-falantes tocando música como se fosse uma quadra da comunidade. Céu: um quarto em penumbra, uma cama com lençóis limpos, ar-condicionado suave, o amor da sua vida ao lado.
Inferno: um quarto abafado, lençóis amarfanhados há três semanas, mosquitos e o amor da sua vida de mau humor. Céu: estrada bem pavimentada e bem sinalizada, paisagem espetacular. Destino: férias.
Inferno: viajar na estrada ao lado de um motorista que ultrapassa em faixa amarela contínua, corre demais e gruda, presunçosamente, na traseira do carro em frente. Ou: motorista tão cauteloso que te exaspera. Dirige a 50km/h, não ultrapassa ninguém (espera o caminhão sair da estrada por conta própria, mesmo que isso demore uma vida) e coloca o pé no freio a cada 15 segundos, por nada.
Céu: cinema com lotação pela metade, filme formidável, ninguém comendo, bebendo ou fuçando no celular.
Inferno: cinema hiperlotado, filme arrastado e uma criatura atrás de você violentando um saco de balas e sugando ruidosamente pelo canudo a última gota do refri, além de rir em cenas que não tem a menor graça.
Céu: muitas vagas no estacionamento. Inferno: nenhuma, e você está atrasado.
Céu: chove, está friozinho, você acendeu a lareira, tem um livro incrível em mãos, escuta um disco do Sthephany Grapelli, o vinho tinto e os queijos estão sob a mesa de centro, e seu namorado está por chegar com os beijos.
Inferno: venta, você acaba de chegar de um aniversário de criança, a tevê passa um programa com tradução simultânea, o interfone toca e é o porteiro chamando para a reunião de condomínio em que elegerão o novo síndico: parabéns, sua vez chegou.
Céu: conversa inteligente e divertida com os amigos. Não se fala em política. Inferno: festival de abobrinhas e infantilidades. Não se fala em política. Céu: dinheiro extra, inesperado. Inferno: despesa extra, inesperada.
Céu: seu voo sairá no horário e, ao entrar na aeronave, o assento ao lado está vazio. Ao desembarcar, sua bagagem é a primeira a aparecer na esteira.
Inferno: atraso de voo, fila imensa no banheiro do aeroporto, preço exorbitante do cafezinho. Depois de um tempão esperando para embarcar, você se acomoda no seu assento e ao lado tem alguém querendo conversar – adeus, cochilada.
Céu: quem está querendo conversar é o Wagner Moura.
Fonte: Zero Hora
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segunda-feira, 28 de julho de 2025
CAIXÕES AO RELENTO
É como se os fantasmas de Federico Fellini, Marcello Mastroianni e Anita Ekberg tivessem sido despejados de seu habitat —Fellini, o cineasta, com suas câmeras; Marcello, o jornalista, com seu caderninho de telefones das maiores mulheres da Europa; e Anita, a deusa descalça, de preto longo e busto continental. O cenário é o Café de Paris, em Roma, território de "A Doce Vida", o filme com que Fellini parou o mundo em 1960 —o Vaticano tentou proibi-lo, os liberais o defenderam, e todo mundo quis vê-lo para conferir. Mas há muito não há mais a doce vida. Não aquela que Fellini mostrou.
O Café de Paris, ao lado da embaixada americana e em frente ao Hotel Excelsior, na Via Veneto, está fechado há anos. Mas seu cadáver nunca foi sepultado. A fachada ainda conserva o logotipo original e quem espiar pela grade de ferro lavrado verá o hall de entrada e parte do bar. Pensará ouvir a música de Nino Rota feita para o filme e ver relances de Anouk Aimée, Magali Noël e Nadia Gray, as outras grandes mulheres em cena, com seus ombros nus e narizes petulantes. Tudo miragem, claro.
É intrigante como um endereço com essa história fique tão abandonado —no Brasil, já teria se tornado um supermercado ou igreja evangélica. Talvez os que pudessem explorá-lo vejam nele uma caveira de burro, um ponto que não dá sorte. Ou um lugar condenado por tudo o que seus frequentadores supostamente aprontaram em 1001 noites dos anos 1950 —um turbilhão de conquistas, champanhe, cocaína, talvez até conspirações mafiosas.
Na verdade, nem a mítica Via Veneto existe mais. Seus últimos redutos boêmios, mesmo os com mesas na calçada, fecham cedo. À meia-noite, a rua está vazia. O Café de Paris é só um dos caixões ao relento.
E se nada ali jamais tiver existido? A Via Veneto de "A Doce Vida", por mais realista, era um cenário de estúdio, construída em Cinecittá. Talvez tudo o que se pensava ter acontecido nela fosse uma ilusão coletiva, induzida por Fellini para que, um dia, ele fizesse dela um filme.
Fonte: Folha de S. Paulo - 31/05/2025
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domingo, 27 de julho de 2025
NÓS E A MÁFIA
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sábado, 26 de julho de 2025
ROMANCE FORENSE
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sexta-feira, 25 de julho de 2025
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quinta-feira, 24 de julho de 2025
CINEMA E INTERNET
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quarta-feira, 23 de julho de 2025
SAUNA CLUBE EM JOINVILLE
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terça-feira, 22 de julho de 2025
ZELO
Fonte: Facebook
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segunda-feira, 21 de julho de 2025
COMO E ENTÃO; COMO ERA E COMO É
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domingo, 20 de julho de 2025
PARTIDA E CHEGADA
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sábado, 19 de julho de 2025
ROMANCE FORENSE
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sexta-feira, 18 de julho de 2025
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quinta-feira, 17 de julho de 2025
O PROGRESSO E A FOSSA
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quarta-feira, 16 de julho de 2025
JUNTOS
Gradativamente a clientela do escritório aumentou. Aos poucos o número de advogados também aumentou. Muitos ficaram. Outros seguiram seus próprios caminhos. Todos deixaram marcas e lembranças. Nada negativo.