terça-feira, 13 de maio de 2025

Todos os homens cometem erros, mas um bom homem cede quando sabe que seu proceder está errado e conserta o mal. O único crime é o orgulho. (Sófocles)

LUGARES

FLORIANÓPOLIS - SC

A imagem mostra um dos edifícios históricos da Freguesia do Ribeirão da Ilha, localizada em Florianópolis, Santa Catarina. O distrito é conhecido por sua forte influência açoriana, evidente na arquitetura colorida e na cultura local.

FRASES ILUSTRADAS

segunda-feira, 12 de maio de 2025

O TEXTO QUE SE ESCREVE COM AS PERNAS

Ruy Castro

Francisco Octaviano pode ter sido o primeiro a dizer flanar e, ao fazer isto, também balzaquear dê um conteúdo

Anos de leitura de João do Rio me convenceram de que ele fora o inventor de "flanar", versão brasileira do verbo francês "flâner": andar ao léu, passear sem destino. Qual não foi minha surpresa ao mergulhar há pouco na obra do jornalista, político e diplomata Francisco Octaviano (1826-1889) e descobrir que ele já tinha usado "flanar" em 1848, quase 60 anos antes de João do Rio. E por que a surpresa? Porque, para os anais, o autor de "A Alma Encantadora das Ruas", de 1908, fora o primeiro a criar a teoria para a já então velha prática carioca de sair por aí.

Outra surpresa foi constatar que Octaviano pode ter sido também o primeiro cronista. Até então, a palma pertencia a Joaquim Manuel de Macedo, que, em 1851, na revista Guanabara, publicou três textos tidos como crônica. Mas, ao lê-los, não se vêem vestígios do gênero –que, tecnicamente, é uma conversa fiada, um pacto de vento entre o autor e o leitor. Já os de Octaviano, no Jornal do Comércio, entre 1852 e 1854, não deixam dúvida. Foram escritos com as pernas, não com a cabeça.

Macedo, por sua vez, poderia ter sido um pioneiro do flanar propriamente dito, com seu "Um Passeio pela Cidade do Rio de Janeiro", de 1862. O problema é que, ao sair por ela, Macedo percorreu-a com olhos de historiador, não de cronista. Como, aliás, voltaria a fazer em "Memórias da Rua do Ouvidor", de 1878, talvez assustado pelo fato de que, naquele ano, mesmo com outros nomes, a rua do Ouvidor já tinha 300 anos.

Há um elo entre flanar e ser cronista. As duas atividades exigem disponibilidade, certa falta do que fazer, um fingir que não se leva a sério. O Rio é pródigo na especialidade –Olavo Bilac, Alvaro Moreyra, Rubem Braga, Elsie Lessa, Antonio Maria e Carlos Heitor Cony foram só alguns dos nossos praticantes do papo furado.

Octaviano já criara em 1847 outro belo verbo, que não pegou: "balzaquear" --entregar-se à imaginação, escrever em pensamento, ser um Balzac sem compromisso. Pensando bem, a receita ideal para ser cronista.

Fonte: Folha de S. Paulo
Pessoalmente estou sempre disposto a aprender, embora nem sempre goste de ser ensinado. (Winston Churchill)

LUGARES

BERGEN - NORUEGA

Bryggen, também conhecido como Tyskebryggen, é uma série de edifícios comerciais hanseáticos do lado oriental do fiorde de entrada em Bergen, Noruega. Bryggen é desde 1979, na lista da UNESCO de Património Mundial Cultural. A cidade de Bergen foi fundada por volta de 1070 dentro dos limites originais de Tyskebryggen. Wikipédia

FRASES ILUSTRADAS

domingo, 11 de maio de 2025

SANTUÁRIO DE LOURDES

Foi uma das experiências mais incríveis da minha vida. Era uma excursão pelo interior da França e constava do programa uma visita ao Santuário de Lourdes, um dos destinos religiosos mais famosos do mundo. Nosso motorista havia nos alertado de que aquele era um lugar diferente e que deveríamos estar preparados. 

Como chegamos à cidade no final da tarde, só fomos ao santuário no dia seguinte. Cedo, saímos do hotel e nas ruas já era possível ver o fluxo crescente de pessoas na mesma direção. 

Mas o que realmente chamava a atenção era a quantidade de pessoas em cadeiras de roda sendo conduzidas para o santuário. Com um detalhe, as cadeiras eram uniformes, mesma cor, mesmo tamanho de modo a dificultar a identificação da condição social de cada doente. Sim, doentes, pessoas movidas por aquilo que alguns chamam de fé, em busca de cura. Durante a missa ao ar-livre, essas pessoas tinham lugar reservado naquelas que seriam as primeiras filas. 

Ficamos um pouco por ali e depois fomos conhecer a gruta da aparição da santa. Outra missa. A cada hora era celebrada uma missa, cada vez num idioma diferente. Naquele momento era em alemão. 

No interior da igreja, um destaque para o espaço destinado aos agradecimentos por graças recebidas. A quantidade de mensagens de agradecimento era incontável, mas sobretudo, era impressionante o número de muletas, próteses e outros artifícios deixados no local por conta de alguma cura alcançada. 

Mas o destaque mesmo ficou para a parte da noite, quando tradicionalmente acontece a "cerimônia das luzes" ou das velas. É uma procissão durante a qual é revivida a Paixão de Cristo com as explicações litúrgicas das quatorze (14) estações. 

Durante o percurso, as pessoas que dele participam levam consigo uma espécie de tocha. O visual proporcionado por milhares de velas acesas é algo difícil de descrever. É um espaço grande, mas para que não haja dispersão, o cortejo é organizado em zigue-zague, ou seja, em filas, de modo que todo o largo fica completamente tomado de pessoas. Ao final, é celebrada uma missa. 

Os doentes chegam em cadeiras de roda, como disse anteriormente, mas há aqueles, cujo estado de saúde é mais grave e são transportados em macas, inclusive algumas dotadas de tendas, de modo que os transportados não sejam visíveis. 

Diante de tantas pessoas em busca da cura, mesmo o mais incrédulo sucumbe. A esperança que move aquelas pessoas na busca de uma graça pode ser interpretada como fé. Para alguns, é o derradeiro tratamento, desenganados pela medicina tradicional, para outros, nem mesmo isso. 

Um soldado americano, combatente de uma dessas guerras estúpidas, havia perdido os membros superiores e inferiores. Era transportado numa maca por quatro outros soldados. Talvez estivesse em busca de uma cura espiritual, certamente para ele,  mais importante do que a impossível cura corpórea.
Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única! (Albert Schweitzer)

LUGARES

MOSCOU - RÚSSIA

A Praça Vermelha é uma famosa praça em Moscou, conhecida pelos grandes desfiles militares durante a era da União Soviética. A praça separa a cidadela real, conhecida como Kremlin, do bairro histórico de Kitay-gorod. Wikipédia

FRASES ILUSTRADAS

sábado, 10 de maio de 2025

ROMANCE FORENSE

Charge de Gerson Kauer
Sentenças da vida

Em um coquetel promocional do lançamento de um novo produto de argentário banco, um homem – notoriamente conhecido entre seus amigos por sua falta de memória – toma mais um drinque enquanto conversa, modo enrolado, com os circunstantes. De repente surge um cidadão bem vestido, nariz empinado, puxando assunto:

— Olá! A festa está boa, não é mesmo?

— Sim, muito boa mesmo — responde o primeiro, sem muito interesse.

Mas o recém chegado à roda prossegue a conversa:

— Muito prazer, eu sou o Doutor Menezes, magistrado aposentado.

— Olá, Menezes, eu sou o Souza - responde o homem comum.

— Eu me aproximei porque, profissionalmente, a sua feição me parece meio familiar. Acho que já o vi antes. Talvez tenhamos nos encontrado em alguma audiência, ou julgamento.

— Não, não sou advogado!

— Então, quem sabe, o senhor compareceu como autor ou réu de algum processo. Será que dei uma sentença que lhe foi favorável ou desfavorável?

— Nada disso, detesto fóruns, audiências, juízes, promotores, advogados. Sou apenas o sério administrador financeiro de uma empresa de telefonia.

O Doutor Menezes então pensa alguns instantes e dispara:

— Espera aí, Souza... Você por acaso era casado com a Helena Guilhermina Gonçalves de Souza?

O homem se espanta:

— Era sim! Mas nós nos separamos em 2007! Por que você está me perguntando isso?

E o douto jubilado responde:

— Ah... Eu estava mesmo com a sensação que já tinha dado alguma sentença contra você!... É que eu me casei com ela. Desculpe.

E, de fininho, o Doutor Menezes saiu da roda.

Fonte: www.espacovital.com.br
Sempre que o Brasil real - o Brasil da imensa maioria de despossuídos - levanta a cabeça, o oficial vai lá e corta essa cabeça. (Ariano Suassuna)

LUGARES

QUIBERON - FRANÇA

Quiberon é uma comuna francesa na região administrativa da Bretanha, no departamento Morbihan. Estende-se por uma área de 8,82 km². Em 2010 a comuna tinha 4 731 habitantes. Situa-se na extremidade sul da península de Quiberon. Wikipédia. Na imagem, um bunker da Segunda Guerra Mundial.

FRASES ILUSTRADAS

quinta-feira, 8 de maio de 2025

GUARDA PONTIFICAL

José Horta Manzano

O território suíço é pouco propício à agricultura. No fim da Idade Média, conforme a população aumentava, as magras colheitas foram se tornando cada vez mais insuficientes para alimentar a todos.

Essa é a razão principal para o êxodo de homens suíços em idade de portar uma arma. Iam trabalhar como soldados mercenários ao serviço de reis e príncipes por toda a Europa. Eram excelentes militares, sérios e dedicados, daí nunca lhes faltarem propostas.

A contratação de soldados suíços para garantir a proteção dos palácios papais data dessa época. Foi papa Júlio II que contratou, em 1505, um batalhão de mercenários suíços para proteger o Vaticano.

De lá pra cá, a Suíça venceu a miséria e seus cidadãos não foram mais obrigados a deixar o país para lutar em guerra alheia. Pouco a pouco, todos os batalhões helvéticos foram desaparecendo. A Guarda Suíça do Vaticano é a derradeira unidade de soldados que ainda lembra aqueles tempos antigos.

A quantidade de guardas suíços a serviço do papa variou através dos séculos. Atualmente, são 135 militares. Uns dizem que é o menor exército do mundo, enquanto outros rebatem afirmando que a Guarda Suíça é apenas um batalhão de polícia. São questões semânticas.

Os guardas têm por missão securizar as entradas do palácio apostólico, da secretaria de Estado e dos apartamentos privados do papa. A segurança privada do papa é o ponto que concentra todas as atenções.

Para se candidatar às funções de guarda, o pretendente precisa ser cidadão suíço, de sexo masculino, solteiro no momento da admissão, de confissão católica; precisa ter reputação imaculada, medir 1,74m ou mais de altura, ter entre 19 e 30 anos de idade. Precisa ainda ter completado a escolaridade obrigatória e ter feito o serviço militar suíço.

A seleção é rigorosa. O pároco do lugar de habitação do candidato será interrogado e deverá confirmar por escrito que o jovem é bom praticante e goza de reputação sem mancha. As primeiras entrevistas são realizadas na Suíça e podem durar mais de 5 horas. O postulante tem de conhecer bem o alemão, que é a língua oficial da Guarda; o conhecimento de outras línguas conta pontos.

O jovem é contratado por dois anos. O trabalho inclui casa, comida, roupa lavada e mais um salário mensal de 1.200 euros (R$ 7.700). Quem vê o uniforme característico, que aparece atualmente em todas as imagens, pode até pensar que é o desenho original, aquele de 1505. Não é bem assim. A vestimenta atual foi criada um século atrás.

As longas lanças (piques) e as alabardas com que os militares desfilam são objeto decorativo para turista fotografar. Em matéria de arma, eles não estacionaram na Idade Média. Estão treinados a utilizar pistolas Glock 19, fuzis de assalto SIG-550 e metralhadoras HK MP7, assim como spray de pimenta. Além disso, todos têm treinamento de esportes de combate.

Fonte: brasildelonge.com