domingo, 11 de maio de 2025

SANTUÁRIO DE LOURDES

Foi uma das experiências mais incríveis da minha vida. Era uma excursão pelo interior da França e constava do programa uma visita ao Santuário de Lourdes, um dos destinos religiosos mais famosos do mundo. Nosso motorista havia nos alertado de que aquele era um lugar diferente e que deveríamos estar preparados. 

Como chegamos à cidade no final da tarde, só fomos ao santuário no dia seguinte. Cedo, saímos do hotel e nas ruas já era possível ver o fluxo crescente de pessoas na mesma direção. 

Mas o que realmente chamava a atenção era a quantidade de pessoas em cadeiras de roda sendo conduzidas para o santuário. Com um detalhe, as cadeiras eram uniformes, mesma cor, mesmo tamanho de modo a dificultar a identificação da condição social de cada doente. Sim, doentes, pessoas movidas por aquilo que alguns chamam de fé, em busca de cura. Durante a missa ao ar-livre, essas pessoas tinham lugar reservado naquelas que seriam as primeiras filas. 

Ficamos um pouco por ali e depois fomos conhecer a gruta da aparição da santa. Outra missa. A cada hora era celebrada uma missa, cada vez num idioma diferente. Naquele momento era em alemão. 

No interior da igreja, um destaque para o espaço destinado aos agradecimentos por graças recebidas. A quantidade de mensagens de agradecimento era incontável, mas sobretudo, era impressionante o número de muletas, próteses e outros artifícios deixados no local por conta de alguma cura alcançada. 

Mas o destaque mesmo ficou para a parte da noite, quando tradicionalmente acontece a "cerimônia das luzes" ou das velas. É uma procissão durante a qual é revivida a Paixão de Cristo com as explicações litúrgicas das quatorze (14) estações. 

Durante o percurso, as pessoas que dele participam levam consigo uma espécie de tocha. O visual proporcionado por milhares de velas acesas é algo difícil de descrever. É um espaço grande, mas para que não haja dispersão, o cortejo é organizado em zigue-zague, ou seja, em filas, de modo que todo o largo fica completamente tomado de pessoas. Ao final, é celebrada uma missa. 

Os doentes chegam em cadeiras de roda, como disse anteriormente, mas há aqueles, cujo estado de saúde é mais grave e são transportados em macas, inclusive algumas dotadas de tendas, de modo que os transportados não sejam visíveis. 

Diante de tantas pessoas em busca da cura, mesmo o mais incrédulo sucumbe. A esperança que move aquelas pessoas na busca de uma graça pode ser interpretada como fé. Para alguns, é o derradeiro tratamento, desenganados pela medicina tradicional, para outros, nem mesmo isso. 

Um soldado americano, combatente de uma dessas guerras estúpidas, havia perdido os membros superiores e inferiores. Era transportado numa maca por quatro outros soldados. Talvez estivesse em busca de uma cura espiritual, certamente para ele,  mais importante do que a impossível cura corpórea.

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