terça-feira, 17 de maio de 2022

ROMANCE FORENSE

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Charge de Gerson Kauer

O tio tarado 

A sobrinha, de vida simples e dura, na flor dos seus 17 de idade, costumava visitar semanalmente a casa do aquinhoado tio - viúvo e namorador.
Ela estava habituada a, ali, nos fins-de-semana, banhar-se com conforto, aproveitando os itens avançados de um dos banheiros da casa, equipado com espelhos, chuveiro incrementado e outros quetais.
O tio sempre acedia gentilmente, sem jamais externar qualquer desvio de conduta.
Essa rotina já estava lá pela trigésima ou quadragésima semana, quando a sobrinha descobriu uma microcâmera incrustada em meio a um cano verde, no meio de folhagens que adornavam o banheiro. Tratou, então, de terminar o banho, vestir-se etc.
Voltando à sua casa humilde, a jovem informou seu pai, que foi logo à polícia. O delegado comunicou ao juiz da infância e da juventude, que autorizou imediata busca e apreensão.
Não deu outra: a câmera sem fio emitia sinal para um computador próximo.
Na mesma diligência, noutra peça da casa, apreenderam-se DVDs que continham gravações dos solitários banhos da sobrinha e, em outros momentos, do tio acompanhado de namoradas (sempre uma de cada vez). Também descobriu-se uma grande variedade de peças íntimas femininas e uma boneca inflável, daquelas que saciam (?) taras.
A ação penal contra o tio deu em nada. Mas na ação cível, o juiz de primeiro grau e os desembargadores coincidiram na análise: “as filmagens tinham objetivo precípuo e escuso para a satisfação da lascívia do réu, envolvido nas situações mais estranhas e variadas que, aliadas a outras cenas dele em cenas de sexo com terceira pessoa - e, inclusive, com uma boneca inflável – revelam o seu caráter degenerado e depravado”.
Na semana passada houve o pagamento da indenização: R$ 40 mil. No cartório judicial, a ação é conhecida como “o processo do tio tarado”.

Fonte: www.espacovital.com.br

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