sexta-feira, 11 de junho de 2021

MR. MILES


A angústia diante da mala vazia
Em 15 dias embarcarei para a minha primeira viagem para a Europa, serão 2 meses entre Inglaterra, Suíça e Alemanha. Apesar do planejamento dessa viagem já ter feito até aniversário, estou aterrorizada pela hora H de arrumar a mala. Acredito que não exista uma fórmula mágica para isso, daí o motivo de recorrer ao sr. que está sempre de malas prontas. O que não pode faltar na mala? O que é desnecessário??
Eneida Stefanoni, por email

Well, my dear: eis um tema no qual minha experiência é, probably, pouco exemplar. Como você deve ter percebido, meus trajes são quase invariáveis e, há décadas, conservo meu look britânico.

Therefore, carrego comigo — conforme a duração da viagem —, uma ou duas mudas de roupa, em tecido mais leve ou pesado, de acordo com o destino. Vão comigo, as well, quatro camisas que mando lavar (e engomar) ao fim de um dia de uso, underwear (que lavo sozinho) e, of course, um bom livro e um dicionário, com o qual me atualizo e pratico línguas remotas.

Quando a viagem envolve aventura ou praia, tenho um kit sobressalente para cada situação, com equipamentos específicos como binóculos, botas e shorts. Para lugares frios, levo um sweater de lã de carneiro confeccionado por minha tia Josephine, na Escócia e uma capa da Burberry de Londres.

Há diversos consultores de moda que podem ajudá-la melhor nessa questão. However, minha vivência revela que, desde que os baús foram abolidos, não há com o que se preocupar. Turistas, por definição, são sempre pessoas mal vestidas e amarfanhadas que, por falta de tempo ou alternativa, acabam criando exóticas combinações com o que lhes resta de roupa limpa para circular pelo mundo. Never mind: os locais já estão acostumados.

A alternativa para esta situação é ter muito dinheiro e partir mundo afora com o seu armário completo dividido em malas. Para isso, além de pagar uma fortuna de sobrepeso nos aviões, você terá de contratar um séquito de carregadores, como os que eu já tive, a long time ago, durante minhas jornadas pela India e pela Birmânia na companhia de Rudyard (N.da R.: Rudyard Kipling, escritor e poeta britânico nascido em Bombaim).

Nevertheless, compreendo e me declaro compadecido de sua aflição pessoal. O viajante diante de uma mala vazia sofre, de certa forma, a mesma angústia do escritor diante de um papel em branco.

Tenho um amigo, o bravo e meticuloso dr. Nelson Donnerstag que, antes de qualquer jornada, reserva diversos dias para a tarefa de preparar sua bagagem. Suas malas ficam abertas e vão sendo lentamente preenchidas após profunda análise e discussões com seus amigos e parentes. O chamado método Donnerstag alcança cerca de 60% de sucesso, mas vem sendo aperfeiçoado.

Mais original é a solução encontrada pelo excêntrico e admirável Andor Sterntall, que mora na América do Sul e tem familiares em diversas partes do mundo. Ele carrega uma mala repleta de presentes que distribui em suas escalas e, o que não ganha em retribuição, adquire com prazer para distribuir quando volta.

Sei que nenhum desses é o seu caso, dear Eneida, mas consola-me o fato de que, a esta altura — levei um bom tempo, I’m afraid, para ler sua correspondência —, o seu problema já estará resolvido… para o bem ou para o mal. A própria viagem se encarregará de colocá-lo de volta às suas reais (e diminutas) proporções.

Fonte: Facebook

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