quarta-feira, 24 de setembro de 2025

BEFEGO

Incidente desagradável ocorreu quando atuei em  na Comarca de Guaramirim. De manhã, ao chegar ao Fórum, fiquei sabendo da morte súbita do ex-prefeito da cidade, Sr. Lauro Zimmermann. Não o conheci pessoalmente. Mas seu filho, Antonio, atuava como contador em duas ou três concordatas em trâmite na Comarca e com ele sempre mantive um ótimo relacionamento. Sendo o falecido um ex-prefeito da cidade e eu sendo amigo de seu filho, fui prestar minha solidariedade poucas horas antes do sepultamento. 

O velório estava ocorrendo na própria casa do falecido e havia muita gente no local. Em dado momento, em plena sala mortuária, fui interpelado pelo Befego*, mui conhecido advogado por ser causador de polêmicas por onde atuava. Estava acompanhado de uma mulher que já estava dando espetáculo. Pois o advogado exigia de mim uma ordem de soltura do marido daquela mulher que havia sido preso em flagrante. 

Eu ainda não tomara conhecimento do fato, eis que o respectivo procedimento ainda estava em fase de formalização junto à autoridade policial. Ponderei, assim que retornasse ao Fórum, depois do sepultamento, eu examinaria o caso e o respectivo pleito. 

A mulher, tomada de uma violenta crise de histeria, não respeitando o ambiente de tristeza e comoção, passou a falar alto e de forma desconexa, enquanto que o advogado passou às ameaças contra minha pessoa, em forma de providências junto à Corregedoria Geral de Justiça. Em seguida ele e a mulher saíram. 

O bom senso me disse para retornar ao Fórum e aguardar os acontecimentos. Não demorou muito para que um telefonema do Presidente do TJ, Desembargador Eduardo Luz, cobrasse de mim a ausência do local de trabalho e outras coisas afins. Relatei ao presidente tudo o que havia ocorrido e só então recebi um certo apoio no meu proceder. 

Só no dia seguinte tomei conhecimento dos motivos da prisão daquele homem e do pedido de Habeas Corpus formulado pelo inconveniente advogado. O pano de fundo era cocaína. Como não detectei nulidades, indeferi o pedido e a vida continuou. Os advogados que presenciaram a cena teatral sabiam da fama do Befego e deles recebi todo apoio. 

Depois de um tempo fui promovido para o Oeste do estado e nunca mais cruzei com aquele advogado. Tempos depois, num ato público da OAB na Assembléia Legislativa, discursando de forma veemente, como era do seu estilo, foi fulminado por um infarto, encerrando sua trajetória. (*) Befego: Benjamin Ferreira Gomes, como ele se denominava.

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