sexta-feira, 17 de setembro de 2021

MR. MILES


O SAFARI E A VIDA
Mr. Miles: nunca fui à Africa, mas em uma reunião com amigos ouvi dizer que um safari é uma viagem que muda o rumo de nossas vidas. Será isso um exagero ou o senhor concorda com o raciocínio? Um abraço forte de todos os meus amigos aqui de Ribeirão Preto.
Toninho Souza Mello

Well, my friend, sou absolutamente suspeito para dar palpites sobre o tema. Lembro-me que quando participei do primeiro safari, em uma kombi sem charme no Quênia, fiquei absolutamente hipnotizado pela experiência. Tinha comigo uma boa máquina fotográfica, com uma lente razoavelmente forte, embora incomparavelmente menor que a de um outro membro do grupo, cujo imenso cilindro de lentes precisava ser apoiado por um tripé.

Descobri, mais tarde, que o tamanho da lente não tem a menor importância para quem deseja flagrar cenas explícitas de vida (ou morte) na natureza. In fact, não importa o valor que você dê à sua habilidade fotográfica. As melhores imagens sempre virão daqueles profissionais que passam o ano inteiro escondidos entre arbustos e, apenas uma vez a cada três meses, capturam uma cena espetacular.

However, dear Toninho, sou obrigado a aceitar que a simples oportunidade de conviver com o limiar da vida de certos seres selvagens, sem qualquer possibilidade de interferir ou, at least, gritar: “Cuidado, senhora zebra, há um leão tocaiado atrás da próxima moita”, torna cada um de nós, espectadores, em cúmplices de um conflito definitivo, do qual, anyway, não deveriamos participar.

Há gente que supõe que participar de um safari é quase como ir a um zoológico com a perspectiva invertida. In other words: os safaristas seriam apenas estranhos animais com chapéus e roupas estranhas expostos ao olhar de animais que têm muitas outras preocupações além de de agradar turistas. Well, não é muito diferente disso, my dear Toninho. Se tivessemos uma importância maior do que a de meros coadjuvantes no intenso balé da vida e da morte nas savanas, não tenho dúvidas de que seriamos devorados como meros canapés de um lauto jantar.

Os animais carnívoros, however, nos ignoram como se fossemos porções estragadas de pistache. Eles querem comer-se uns aos outros, obedecendo a indiscutível regra de que os mais fortes alimentam-se dos mais fracos, embora os mais fracos, com maior atividade sexual (antes de serem devorados) produzam muitos mais descendentes do que seus predadores.

Tudo isto, dear Toninho, visto ao vivo, pode mesmo criar exemplos, oferecer metáforas a quem observa muito além dos binóculos. Afinal, my friend, de alguma maneira, poderiamos ser nós nessa batalha. Do lado dos leões, das zebras ou dos antílopes. Só os pobres de espírito não vêem como essa é mesmo a nossa vida. Don’t you agree?

Fonte: Facebook

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