sábado, 15 de abril de 2023

A COPA E A FESTA

Carlos Heitor Cony

Li nos jornais que a Fifa cancelou o show de abertura da próxima Copa do Mundo, na Alemanha. O motivo parece que foi técnico: o desfile das delegações, as peripécias de artistas, bandas de música, os efeitos especiais, tudo prejudica as condições do gramado onde pelo menos dois jogos importantes serão disputados: o jogo de estréia e a final.

Em 1998, na Copa da França, torrei o saco com o show de abertura que tinha palhaços, equilibristas, trapezistas, ondas de pó colorido, ciclistas, monstros infantis de diversas procedências, uma parafernália extensa e complicada que apenas prolongou a espera pelo jogo inicial, Brasil e Escócia se não me engano.

Numa Olimpíada é diferente. O show se justifica, os atletas se exibem em confraternização, canoeiros, nadadores, saltadores de vara, corredores nas diversas modalidades, gente do remo, do vôlei, do basquete, noventa por cento dos desfilantes não atuarão no estádio escolhido para o show inicial.

Os atletas farão uma geral para a platéia de todo o mundo e irão embora. E tem mais: as Olimpíadas têm um sentido e um clima bem acima de uma Copa do Mundo de futebol, embora sejam menos emocionantes em termos de torcida.

Acredito que em jogos internacionais, mesmo durante a Copa do Mundo, são bastantes os dois hinos nacionais tocados e cantados no início de cada partida. Prolongar o espetáculo com um show confuso e muitas vezes incompreensível para a maioria dos espectadores é perda de tempo. E, geralmente, exibição de mau gosto para uma platéia mundial.

Fonte: Folha de S. Paulo - 17/01/2006

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