segunda-feira, 18 de setembro de 2023

ROMANCE FORENSE

Cabaré versus igreja evangélica

Numa cidade do interior do Ceará, a - chamada - ´professora´ Marcília estava construindo uma extensão de seu cabaré, cujas atividades estivam em constante crescimento após a liberação de seguro desemprego para pescadores e vários outros tipos de bolsas.

Em oposição, uma igreja evangélica local próxima iniciou forte campanha para bloquear a expansão do negócio. Fazia sessões de oração em três turnos, com ampla propagação por alto-falantes.

A ampliação do cabaré progrediu célere, até uma semana antes da inauguração da “nova ala” quando – em meio a uma rara chuvarada - um raio atingiu o prédio, provocando um incêndio que destruiu o telhado e grande parte do salão e dos quartos. Sem demora, o pastor e os crentes da igreja passaram a se gabar "do grande poder da oração".

Então, a ´professora´ Marcília – pessoa física - ingressou no JEC com uma ação contra a igreja, o pastor e toda a congregação, sob o argumento que eles "foram os responsáveis pelo fim do prédio e negócio, utilizando-se da intervenção divina, direta ou indireta.”

Na contestação, os réus veementemente negaram qualquer responsabilidade ou ligação com os fatos, sustentando que “os raios são uma descarga elétrica de grande intensidade que ocorre na atmosfera, entre regiões eletricamente carregadas, podendo acontecer tanto no interior de uma nuvem, como entre nuvens ou entre nuvem e terra e, como tal, tratando-se de reações da natureza, são totalmente incontroláveis”.

O juiz leu a petição inicial e a contestação. E logo na abertura da audiência, comentou: “Eu ainda não sei como vou decidir este caso, mas uma coisa, para mim, está clara nos autos. Temos aqui uma proprietária de casa de libação que firmemente acredita no poder das orações e uma igreja inteira declarando que as orações não podem nada!”

Ouviram-se testemunhas. No final, a ação foi improcedente. A ´professora´ Marcília não conseguiu provar que as rezas tenham sido a causa do maldito raio.

O juiz concluiu que a “a origem da destruição foi uma descarga elétrica, provinda do espaço, surgindo imprevistamente e sem qualquer comando humano, tratando-se de um mero, mas devastador agente da natureza”.

Amém!

Fonte: www.espacovital.com.br

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