domingo, 24 de agosto de 2025

COMUNICAR-SE

Certamente você já ouviu a expressão "Quem tem boca vai à Roma", certo? Porém, mais correto seria dizer que "todos os caminhos levam à Roma".

Em qualquer lugar da Itália em que você esteja, sempre encontrará placas indicando a direção de alguma cidade próxima, nem sempre grande ou importante, mas sempre haverá uma placa indicando a direção de Roma.

Assim, é correto supor que seguindo as placas, cedo ou tarde o viajante chegará ao seu destino, se este for Roma, evidentemente.

Mas existem outras formas de comunicação, sobretudo estando na Itália. Lá, por mímica ou por gestos, podemos "dizer" quase tudo. Não é à toa que os gestos já estão incorporados ao cotidiano dos italianos.

Mas se o destino não for a Itália, o inglês sempre sempre será de grande utilidade. Não é o meu caso e nem o da minha esposa, companheira de andanças. Ela consegue se comunicar bem em francês, mas em outros idiomas…

De minha parte consigo entender e me fazer entender razoavelmente em italiano e em espanhol, o que já é grande coisa uma vez que há muitos trabalhadores de origem latina na área de serviços em todo mundo, principalmente em hotéis e restaurantes.

De qualquer maneira facilito a vida dos meus interlocutores estrangeiros no início de qualquer conversa adiantando que sou brasileiro e que não falo a língua do local. A partir disto a boa vontade do outro sempre se faz presente.

O aprendizado chegou muito cedo, justo na primeira viagem internacional rumo ao Canadá, época em que Myke Thyson e Hollifield estavam no auge. O motorista do nosso ônibus, era alto e forte, diria até um tanto robusto. Estava mais para Buster Douglas, aquele que obrigou Tyson a beijar a lona pela vez primeira. Ensaiei uma frase e numa das paradas para descanso lasquei:

- Driveman, who is the best, Thyson or Hollifield

Foi como cutucar onça com vara curta. Aquele homem sisudo disparou a metralhadora verbal e demonstrou toda a sua admiração, ao que pude entender, pelo Evander Hollyfield. Agradeci as explicações (?) e me afastei.

Aprendi que formular uma frase com sotaque quase perfeito induz o interlocutor a supor que dominamos o seu idioma. E aí é o caos, principalmente se ele falar rápido e com gírias. Então, é melhor jogar na defensiva.

Boa parte dos relatos é o resultado das dificuldades lingüisticas encontradas ao longo dos anos, mais ou menos na linha do que acabo de relembrar.

De qualquer sorte há palavras-chave, daquelas que abrem portas, e que todo viajante deveria ter na ponta da língua como bom dia, boa tarde, obrigado, por favor, com licença, etc.

Mas, sempre o mas… O motorista que nos guiava pela Grécia nos ensinou que Kalimera e Kalispera significavam bom dia e boa tarde, respectivamente. Conferi no dicionário e bateu. 

É que certa feita, com uma excursão de chineses - e ele não gostava de chineses - lhes ensinou a dizer buon apettito para desejar bom dia, buona fortuna para boa noite e porca miseria para muito obrigado. 

Vê-se, pois, que um bom dicionário sempre terá sua utilidade.

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