quarta-feira, 18 de novembro de 2020

AO VENDEDOR, AS BATATAS

AO VENDEDOR, AS BATATAS
Fernando Albrecht

Uma senhora de idade foi aconselhada pelo caixa do supermercado a trazer sacola de pano, explicando que não agride o meio ambiente. A senhora pede desculpas, dizendo que não havia onda verde no seu tempo. O caixa ataca de novo.

– Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com nosso meio ambiente.

– Você está certa. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidas à loja, que as mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e os fabricantes de bebidas as reusavam. Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios.

Ela faz pausa e volta.

– Você está certa. As fraldas eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Secávamos nossas roupas usando o sol e o vento, não nessas máquinas elétricas. Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia eletrodomésticos. Mas você está certa. Usávamos copos de vidro ou canecas em vez de usar copos plásticos e garrafas pet, que agora lotam rios e oceanos.

E por aí se foi a velhinha carregando na ironia, exemplo a exemplo, caso a caso.

Quando eu li isso, lembrei-me de uma Piada de Caserna dos anos 50 da revista Reader’s Digest. Um recruta do exército norte-americano foi informado que ele fora transferido para a cozinha do quartel, e que sua nova função seria descascar batatas. Ao enxergar um Everest de batatas na despensa, reclamou.

– Puxa vida, sargento? Pensei que nosso exército já contava com máquina de descascar batatas!

O sargento nem se abalou.

– E tem. Você é o nosso último modelo.

Fonte: fernandoalbrecht.blog.br

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