domingo, 5 de julho de 2020

EXTRAVIO DE BAGAGENS

Era a nossa primeira viagem para a Europa. Nosso destino: a Alemanha, cujo idioma me é totalmente estranho. Viajamos na companhia de um casal de amigos. Eles ao contrário, familiarizados com o alemão. Nossa base seria uma pequena cidade chamada Neuhof, onde residem nossos amigos Kalle e Bruna, que foram nossos anfitriões. Comunicamos a eles os horários de chegada no aeroporto de Frankfurt, distante cerca de cem quilômetros de Neuhof e eles se prontificaram em ir nos buscar. Porém, nem toda programação acaba dando certo. Ao chegarmos no aeroporto de Curitiba a primeira providência foi embalar nossas bagagens, o que protege as malas dos maus tratos dos carregadores e dificulta a ação dos, digamos, bisbilhoteiros. Depois, o tempo começou a fechar, baixando uma neblina muito espessa que simplesmente suspendeu chegadas e partidas de aeronaves. 

Com o imprevisto acabamos perdendo a nossa conexão para Frankfurt. Depois de ajustar as mudanças que se faziam necessárias avisamos os nossos amigos que chegaríamos no dia seguinte ao inicialmente combinado. 

Dormimos em Curitiba e no dia seguinte, bem cedo, rumamos para o Rio de Janeiro e já na chegada providenciamos a custódia da nossa bagagem pois tínhamos todo o dia livre, posto que o nosso vôo para Frankfurt sairia por volta de vinte e três horas. Aproveitamos para passear pela cidade maravilhosa. 

Finalmente embarcamos e a chegada em Frankfurt ocorreu no horário previsto. Após a rotina de imigração, finalmente fomos apanhar nossas bagagens. Surpresa! As malas não chegaram. Nos dirigimos ao guichê da Air France e depois de um longo e complicado interrogatório deixamos consignado o endereço para entrega das mesmas, quando e se viessem. 

A Bruna nos recebeu e pediu desculpas pela ausência do Kalle, visto que naquele dia ele estava trabalhando num hotel de turismo, fazendo aquilo que sempre gostou de fazer: música. 

Instalados no hotel próximo à casa dos nossos amigos, no dia seguinte a Bruna veio buscar-nos para um passeio pela cidade de Fulda, sendo que o Kalle só chegaria mais tarde do seu compromisso profissional. Passeamos por Fulda, cidade cuja história se confunde com a própria história da Alemanha. 

Quando retornamos para Neuhof, mais precisamente para a casa dos nossos amigos, as nossas malas estavam depositadas na calçada, intactas, com a mesma embalagem que havíamos colocado no aeroporto em Curitiba. 

O inusitado de tudo é que a rua defronte à casa dos nossos amigos não é muito larga. No passeio público tem um espaço para que eles estacionem seus automóveis já que não têm garagem. E não tem cerca! 

Os funcionários da Air France que foram entregar as malas no endereço indicado, não tendo ninguém em casa, simplesmente deixaram as malas na rua, na certeza de que ninguém ousaria pegá-las. E mais: ninguém assinou o recebimento da "encomenda". Foi maravilhoso ver as nossas malas e mais maravilhoso ainda constatarmos a índole de um povo que respeita a propriedade alheia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário