quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

HINO RECUPERADO

José Horta Manzano

Estava lembrando da primeira vez que, num jogo do Brasil de Campeonato Mundial, percebi que nosso hino tinha sido truncado. Aconteceu faz umas três ou quatro Copas. A execução parou no “salve, salve”. Foi esquisito. Cioso do respeito aos símbolos da nação, cheguei a pensar que a vitrola tivesse enguiçado, como ocorria nos discos de antigamente. Depois me informaram que o problema não era de toca-discos, o encolhimento era decisão da Fifa. Como assim?

Pois é, a imensa (e bilionária) empresa que regula o futebol no planeta um dia decidiu que nenhum hino poderia mais passar de 90 segundos (um minuto e meio). O nosso, incluindo a introdução, excedia o prazo estipulado. Portanto, guilhotina nele!

Achei revoltante. A meu ver, a Fifa não é a instância adequada para determinar o tempo de execução de hinos nacionais. Podem decidir, por exemplo, que hinos não sejam mais tocados. Mas não faz sentido alocarem um tempo “tamanho único” para todos.

Essa é minha visão. O Brasil de 2014, ansioso por hospedar a Copa, passou por cima dessas miudezas. Não se avexaram e engoliram o hino truncado. Cutucado, o público deu o troco. Uma vez desligado o som nos estádios na altura do “salve, salve”, o povo continuou cantando a cappella, sem orquestra, num espetáculo de dar arrepio.

Este ano, talvez o leitor já tenha reparado, nosso hino voltou a ser cantado até o fim. Talvez alguém tenha feito uma reclamação à Fifa, argumentando que do “Ouviram do Ipiranga” até o “Pátria amada, Brasil” correm 95 segundos, ou seja, somente 5 a mais que o permitido. Não era pedir muito. Foi concedido.

Bom, graças à Fifa, já recuperamos o hino. Falta que nos devolvam a bandeira, que anda por aí, coitada, tomando chuva e envolvendo ombros zumbis.

Fonte: https://brasildelonge.com/

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