domingo, 8 de janeiro de 2023

O CAFEZINHO DA MINEIRA

Fernando Albrecht

Um mineirin dos bão estava de olho na comadre há um bocado de tempo. Então, quando o compadre foi viajar, ele foi em cima da mirada, a pretexto de ver se ela não carecia de alguma coisa. Sabem como é a solidariedade na gente simples do interior.

Quando chegou no ranchinho, viu que a mulher estava de costas, curvada, com o vestido arregaçado para colher alguma verdura. Ao vê-la nessa posição, o visitante ficou em situação de cenoura. Das grandes.

Depois de admirar a paisagem por algum tempo, ele bateu palmas, forma de se anunciar nas interioridades. Ela se ergueu para ver quem era. Abriu um largo sorriso.

– Oi cumpade, é ocê! Num tinha lhe visto.

– Pois é, passei assim de relancina e vim aqui ver se minha amiga percisava alguma coisa.

Ela o convidou para entrar e ficaram ambos meio sem jeito depois que os olhares ficaram um tiquinho de tempo a mais que o normal em uma visita. Ele olhou para o céu.

– Será que chove?

– Pois é, né, nunca se sabe…

Seguiu-se um breve silêncio. Mas a coragem veio em seguida, saltitante.

– Comadre…eu estava pensando…. diga uma coisa: vamos para a cama ou tomamos um café?

– Ah, compadre, cê me pegou sem pó…

Fonte: https://fernandoalbrecht.blog.br

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