quinta-feira, 19 de agosto de 2021

DESTRUIÇÃO DE VACINAS

DESTRUIÇÃO DE VACINAS
José Horta Manzano

Na noite de segunda para terça desta semana, um vacinódromo situado perto de Toulouse (França) foi vandalizado. Foi ataque de tipo clássico, feito por desconhecidos no escurinho da noite. Resultou em vidros partidos, móveis destroçados, prateleiras reviradas, computadores quebrados e, o pior de tudo, 500 doses de vacina anticovid destruídas. Não foram roubadas: foram inutilizadas e deixadas no lugar.

Não é o primeiro ataque a centros de vacinação no país. No começo do mês, um escritório regional da Ordem dos Enfermeiros já havia sido vítima de vandalismo. Em julho, dois vacinódromos instalados em tendas de lona já haviam sido atacados, tendo um deles sido parcialmente incendiado.

Esses ataques são o braço violento dos protestos de rua que estão se tornando habituais no país: todos os sábados, há passeatas animadas e ruidosas nas principais cidades. Participam os “antivax”, aqueles que, por alguma razão, se recusam a receber a vacina.

O problema deles é que, não sendo vacinados, ficam excluídos de boa parte das interações sociais. Não têm direito ao “pass sanitaire – a carteira vacinal”. Não tendo o “pass”, não podem entrar em bar, nem restaurante, nem cinema, nem museu, nem piscina pública. Em determinados empregos, como na área de saúde, não têm mais o direito de trabalhar. Daí o mau humor.

Vamos refletir. Caso o distinto leitor – que Deus o livre – tivesse de ser hospitalizado. Gostaria de ser cuidado por uma equipe de gente não vacinada? Médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e pessoal de limpeza? Todos expirando dentro do seu quarto os micróbios trazidos de fora?

Até certo ponto, aceito que alguns façam a escolha pessoal de não se vacinar contra a covid. Não entendo por que fazem isso, mas aceito que o façam por convicção pessoal. Levantar faixas de protesto e marchar nas avenidas aos sábados é uma coisa – pode até causar incompreensão, mas não agride nem machuca ninguém. Já vandalizar vacinódromo é coisa bem diferente e inadmissível. É a potencialização do egoísmo, da intolerância e da truculência. Faz lembrar a destruição de livros por parte daqueles que não apreciam determinada literatura. Dá frio na espinha.

A liberdade que o antivax reclama (de não se vacinar) é exatamente igual à do cidadão que deseja receber a vacina. Portanto, assim como o adepto da vacinação não obriga o antivax a estender o braço, o antivax não tem o direito de impedir a vacinação dos outros.

Além do quê, seja por que motivo for, destruir propriedade alheia é crime.

Fonte: brasildelonge.com

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