O José Carlos espirituoso é gaúcho. Já o outro José Carlos é carioca. Ambos são dotados de inteligência ímpar. De resto, são diferentes em tudo.
No trabalho, a característica mais marcante do Zé Carioca é ser prolixo. Suas leituras se tornam cansativas e definitivamente o timbre de sua voz não ajuda em nada. Ao contrário, torna mais massacrante a tarefa de ouvir.
E para completar o quadro, o Zé Carioca sempre é acometido de uma faringite crônica o que o obriga a beber muita, mas muita água.
Numa dessas leituras, um voto de cerca de 40 (quarenta) laudas, ocorreu de ele beber toda a água que lhe fora depositada em seu copo pelas encarregadas do precioso líquido e do cafezinho. Já agoniado com o copo vazio, o Zé Carioca parou a leitura, olhou para para os advogados que acompanhavam o julgamento e estavam sentados justo à sua frente e num tom quase implorando falou:
- Jovem, pega um copo d'água para mim lá fora, por favor.
O advogado para quem o Zé Carioca olhava, ficou meio sem jeito mas levantou, apanhou o copo e saiu da sala, retornando em seguida para atender o pedido desesperado do colega conselheiro. Zé Carlos recebeu o copo, agradeceu formalmente e reiniciou sua leitura. Poucas palavras após, estancou a leitura, olhou para o jovem advogado e disse:
- Doutor, se eu fosse gay eu lhe dava um beijo na boca.
E com a naturalidade de quem diz bom dia, retomou a leitura de seu voto, para espanto de alguns que não o conheciam, para compreensão de outros que o conheciam de longa data e para desespero do presidente, todo formal vendo a disciplina e o decoro deixados de lado.
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