domingo, 5 de junho de 2022

O CHOPE DO CACIQUE

O CHOPE DO CACIQUE
Fernando Albrecht

Devagar. Não é um índio, é o Cine Teatro Cacique, que ficava na Rua da Praia perto da Caldas Júnior, hoje um Zaffari. Nos gloriosos anos 1960, ele só passava filmes bala, tinha capacidade para duas mil pessoas.

Nas laterais, no enorme pé direito, havia pinturas de Glaucia Saraiva retratando um índio charrua, aliás nome da empresa cinematográfica. Na inauguração, em 1958, houve show com uma cantora de ópera peruana chamada Yma Sumac, que alcançava sete oitavas, um fenômeno musical, não cheguei a ver, era piá na época.

O chope do Cacique? Na época, o copo padrão era o boca larga de alto a baixo de 300ml, o que fazia o colarinho desaparecer rapidamente. O bar, que ficava na sobreloja, servia cerveja nos copos largos em cima e afunilando no pé, de 210 mil, os espertinhos. O colarinho durava barbaridade, achávamos que era por causa do formato.

Não era. Quando o garçom trazia o copo dava para ver que sempre havia um pouco de agua no fundo, duas ou três gotas. E era de propósito. Quase torturei o barman para saber dele qual era a moral.

Simples. A gordura dos lábios vai dissolvendo a espuma e as gotas eram de água com açúcar, que retarda o efeito e até cria mais espuma. Funcionava mais com as mulheres, porque, na época, os batons eram gordurosos.

Fonte: https://fernandoalbrecht.blog.br

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