sábado, 11 de abril de 2020

A CARNE É FRACA

A CARNE É FRACA (Deus e a Páscoa!)
Por Frank Oliveira 
Março de 2007

Ontem, comi carne de frango e vocês sabem, é proibido comer carne na Sexta-Feira santa. Comi escondido, pois temia que alguém estivesse me olhando. Só Deus sabe e agora vocês. Minha sorte foi que o Deus que me observava era o Deus dos muçulmanos e ele só fica bravo se comemos algo proibido durante o Ramadã.

No ultimo Ramadã, comi uma maçã e também tive sorte, pois o Deus que me observava era o Deus dos Hindus e ele só ficaria bravo se eu estivesse comendo um Big Mac, afinal, as Vacas são sagradas para o Hinduísmo.

Mas eu como Big Mac. Gosto mesmo de hambúrguer e a sorte que tenho é que toda vez que vou lá no Macdonalds, o Deus que me observa é o Deus dos Judeus e ele só ficaria bravo comigo, se eu estivesse comendo carne de porco.

O problema é que adoro um hotdog, mas o Deus que me observa, toda vez que vou na barraquinha, é o Deus dos Pagãos e ele não se importa, se eu escolho salsicha de porco, de frango ou de soja, mas fica bem bravo quando eu como carne entre a quarta de cinzas e o Sábado de Aleluia.

Para não contrariar nenhum dos Deuses e continuar sendo devoto de todas as religiões (afinal, nenhuma delas é perfeita, todas têm os seus prós e contras e sábio seria o homem se aprendesse com todas elas), resolvi deixar os dogmas de lado e seguir a minha vontade. 

Sei que posso comer de tudo um pouco e quando quiser, basta que eu o faça em moderação, assim como sei, que apesar de acreditar que nada deva ser proibido ou ser pecado, certas coisas não me convêm e eu posso passar bem sem elas.

A questão é que desconfio que no fundo, apesar da diversidade, todas as religiões falam da mesma coisa e refletem um único Deus que se divide em milhares de faces para agradar ao homem que ainda só consegue acreditar em um Deus que seja o reflexo do seu próprio espelho e o fato de comer ou não carne em dias santos não melhora quem você é e nem o faz uma pessoa mais consciente das lições deixadas por Jesus, Buda, Maomé, Krishna ou qualquer outro homem santo que passou por esse planetinha. O melhor sacrifício que podemos fazer não é o jejum alimentar, e sim o jejum da moderação. A melhor peregrinação que podemos realizar é o Caminho para dentro do nosso próprio coração e avaliar não só na Páscoa, mas todos os dias, se estamos sendo pessoas melhores para quem está ao nosso lado nessa vida.

Sim, eu sei, a gente só aprende pela dor. Sim, eu sei o sacrifício é exemplo mais forte que milhares de parábolas, lições e milagres. Sim, eu sei sorriso e alegria não convertem ninguém a uma religião; mas já carregamos cruzes demais, (cada um sabe quanto pesa a sua) e se há motivos para comemorar a Páscoa, vamos comemorar o fato que Jesus decidiu vir para a terra entre tantos planetas que devam existir nesse universo (tá bom, só tem vida na terra; claro, continua acreditando nisso, Mané...) e aqui deixou pegadas de amor e lições maravilhosas. Foi-se o tempo de admirá-lo pelo sofrimento e por seu sacrifício; celebre sua passagem pela terra lembrando da alegria que ele sempre deixava por onde passava e não pelos pingos de sangue que o Mel Gibson mostrou que caiu pelo chão.

É época de renovação e meditação. Lembre-se que você não é a carne ou o alface que come e sim o pensamento e as ações que pratica.

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